Deu ruim

SBT sacrifica novelas mexicanas e desperdiça trunfo; mudanças precisam ser feitas

Nos finais de semana, programação do canal também carece de ajustes


SBT
Quando me Apaixono voltou à programação do SBT - Foto: Divulgação/SBT
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 22/07/2024 às 07:00,
atualizado em 22/07/2024 às 11:43

Desde 18 de março, a fim de lançar o Tá na Hora, o SBT recorreu a uma manobra arriscada ao transferir as novelas mexicanas do fim para o início da tarde. Embora os dramalhões da Televisa tenham começado a esboçar uma reação - Quando me Apaixono, Teresa, na reta final, e Contigo Sim estão no ar -, muito em razão do confronto com Apocalipse, da Record, a faixa entre 17h30 e 19h45 definhou.

Em maio, esta coluna do NaTelinha já tinha chamado a atenção para o cenário trágico que se estabeleceu com a mudança. Além de perder cerca de 35% do seu público no PNT (Painel Nacional de Televisão), o SBT "ajudou" a Globo, uma vez que os noveleiros migraram para Alma Gêmea e No Rancho Fundo.

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Quatro meses depois, é possível afirmar que a direção da emissora cometeu um erro. Além de perder audiência e ajudar a concorrência, acabou por afetar o desempenho do SBT Brasil e, consequentemente, da média-dia. Estamos falando de um recuo de pelo menos 2 pontos na troca das mexicanas pelo Tá na Hora.

A estratégia do SBT se mostrou equivocada ao abrir mão de um princípio fundamental, a contraprogramação. As novelas estrangeiras performavam bem por dois motivos: 1) pelo apelo e identificação que aquelas histórias possuem com as donas de casa ao longo dos anos; 2) por se diferenciarem do que Record (Cidade Alerta) e Band (Brasil Urgente) já ofertam no horário. Resultado, a Globo saiu no lucro. 

A nova grade da emissora de Silvio Santos não tem funcionado por abrir mão de pilares básicos que a sustentaram por muito tempo. Obviamente, não há mais público e espaço para os desenhos animados. No entanto, as tramas mexicanas são um trunfo que o SBT sempre soube usar bem. Hoje, o mais adequado e indicado seria desfazer a troca, ainda que parcial.

Dias atrás, a reportagem apurou que a direção preparava alguns ajustes. Uma novela entre o Tá na Hora e o SBT Brasil é uma das possibilidades. Identificou-se que o telejornal ancorado por Cesar Filho ia melhor quando recebia de uma mexicana, e não de um policialesco.

No entanto, seria mais lógico considerar a possibilidade de mover o programa de Marcão do Povo e Márcia Dantas para a faixa do meio-dia, reduzindo o Chega Mais, outro tema em pauta nos bastidores - o SBT estuda dividir o matutino em dois, uma primeira parte voltada para o público feminino e outra com pegada mais jornalística. Quanto às tardes, seria bom voltar ao cenário de antes de 18 de março, com novelas, Fofocalizando, novelas e SBT Brasil.

SBT e os ajustes dos finais de semana

SBT sacrifica novelas mexicanas e desperdiça trunfo; mudanças precisam ser feitas

Além de toda a questão que envolve a programação diária, o SBT tem enfrentado um dilema e tanto quanto aos finais de semana, principalmente a grade de sábado. Conforme destacou Thiago Forato em sua coluna aqui no NaTelinha, a sessão dupla do Cinema em Casa se mostrou um acerto. Não raramente, os filmes brigam de igual para igual com a Record e beliscam longos minutos na vice-liderança. É um caminho.

Os números falam por si só e criam um nó a se desatar. Agora, como abrir mão dessa audiência para encaixar o Eita Lucas!, de Lucas Guimarães? Como se sabe, o programa do marido de Carlinhos Maia está sendo concebido para o horário das 16h, substituindo o segundo longa do Cinema em Casa, justamente a faixa que mais incomoda a Record. Valendo-se da saída de Raul Gil em dezembro, talvez fosse o caso de colocar o influencer e o Circo do Tirú mais cedo, deixando os filmes antecedendo o SBT Brasil.

No entanto, nessa história toda, há duas questões que merecem um cuidado maior. O Raul vai mesmo se aposentar? E o Eita Lucas!, enfim, agradou ao SBT? Os relatos quanto a esses dois temas são bastante conflitantes. Tempo ao tempo.

Por fim, a exibição do Roda a Roda, aos domingos, às 18h15, tem comprometido a arrancada do Programa Silvio Santos. Não seria o caso de Patrícia Abravanel (19h/0h) receber do Domingo Legal (12h/19h)? Quanto a Rebeca Abravanel, duas opções parecem as mais adequadas, sem qualquer prejuízo: aos domingos, das 11h15 às 12h, ou às quartas-feiras, das 22h15 às 23h, como já aconteceu no passado.

P.S.: A coluna soube que a tentativa de comprar a série Eu, a Patroa e as Crianças (My Wife and Kids), que a Record anunciou na última quinta-feira (18), em meio à final de A Grande Conquista, já havia acontecido antes por parte do canal de Edir Macedo, mais precisamente durante a pandemia. Ou seja, a história propagada de que "a Disney não quer vender" é mais uma daquelas lendas urbanas. Na emissora da Barra Funda, a produção vai fazer dobradinha com Todo Mundo Odeia o Chris nas manhãs de domingo. A propósito, algum bispo tem notícias de As Visões da Raven (That's So Raven)?

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