Como explicar?

Globo demite autores e entra em 2024 à procura de talentos para escrever novelas

Direção de Dramaturgia do canal comete equívocos que carecem de respostas


Globo
Cena do remake de Renascer; Globo terá um 2024 agitado para organizar suas novelas - Foto: Fábio Rocha/Globo
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 23/12/2023 às 07:45,
atualizado em 23/12/2023 às 13:09

A Globo vai entrar em 2024 com uma demanda importante para resolver, a partir de uma série de equívocos que ela mesmo cometeu em sua dramaturgia. Com escassez de autores, o canal da família Marinho se move com urgência para definir as próximas novelas das 18h, 19h e 21h, depois de enxugar seu banco de roteiristas, a exemplo do que fez com o casting.   

Os três horários contam com no máximo três novelas programadas, o que dá uma margem pequena de dois anos. A faixa das nove, por exemplo, terá a releitura de Renascer, Mania de Você e o remake de Vale Tudo na sequência de Terra e Paixão. Não se sabe o que virá depois. O destino de Gloria Perez é uma incógnita.

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Às 19h, a Globo aprovou Família é Tudo como sucessora de Fuzuê, mas ainda não cravou Conta Comigo, de Mauro Wilson, o mesmo autor de Quanto Mais Vida, Melhor!. Apesar de constar no plano comercial divulgado no Upfront 2023, a trama ainda não é uma certeza, o que abre brechas para as sinopses de Claudia Souto e Maria Helena Nascimento (como adiantou Duh Secco).

Mas é às 18h que reside a maior preocupação. Mário Teixeira volta ao vídeo com No Rancho Fundo pouco mais de um ano depois do fim de Mar do Sertão. Com o cancelamento de O País de Alice, de Lícia Manzo, a fila foi pelos ares. Alessandra Poggi, autora de Além da Ilusão, pode suceder a substituta de Elas por Elas. 

 

A situação do primeiro horário de inéditas é peculiar, pois a falta de autores e, na opinião da direção da Globo, de boas histórias faz com que o canal corra contra o tempo para formar novos roteiristas. Veteranos como Ricardo Linhares, Duca Rachid e Rosane Svartman foram convocados para lapidar esses talentos.

Na lista, constam autores de séries, como Carla Faour e Julia Spadaccini (Segunda Chamada), Renata Corrêa (Rensga Hits!), Martha Mendonça e Nelito Fernandes (Filhas de Eva) e Jaqueline Souza e Renata Martins (Histórias Impossíveis), e colaboradores de algumas tramas, como Wendell Bendelack, Cleissa Martins, Dino Cantelli e Mariani Ferreira.

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Globo busca autores ao mesmo tempo que promove demissões e recusa projetos

O movimento para formar novos autores é legítimo, mas chama a atenção os atropelos cometidos pela direção de José Luiz Villamarim. Se por um lado a Globo desloca roteiristas para outras funções, do outro, demite talentos e recusa sinopses.

Além de Lícia Manzo, a emissora engavetou um projeto de Thelma Guedes em parceria com Thiago Dottori. Também recusou sinopses da dupla Marcílio Moraes e Flávio de Campos e de Christiane Fridman e Vivian de Oliveira. O Grande Golpe, de Ricardo Linhares e Maria Helena Nascimento, virou lenda.

Uma ideia de Vincent Villari, que escreveu Ti-Ti-Ti, Sangue Bom e A Lei do Amor, entre outras, ao lado de Maria Adelaide Amaral também não prosperou, a exemplo de trabalhos de Paula Amaral, Isabel de Oliveira, Marcos Bernstein e Daniel Adjafre.

Nomes gabaritados, como Alcides Nogueira e Elizabeth Jhin simplesmente tiverem os contratados encerrados. Já Maurício Gyboski, colaborador de alguns folhetins de Aguinaldo Silva, tenta mais uma vez vender seu peixe e aguarda um posicionamento do canal.

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Há curiosidades também quanto ao nome de Carlos Lombardi, disponível desde que deixou a Record, em 2017. Há algum veto pesando contra o autor de Quatro por Quatro, Uga Uga e Kubanacan? E por que a dupla George Moura e Sergio Goldenberg não emplaca nada além da faixa das 23h e do Globoplay?

A Globo também não deu maiores detalhes se ficou interessada ou recusou a sinopse apresentada pelo diretor Jayme Monjardim, focada em romeiros e disputas familiares. O profissional entregou o argumento na expectativa de a emissora repassá-lo a algum autor.

Diante de tantas incertezas e perguntas sem respostas, a Globo necessita superar essa fase em que remake virou a solução para tudo. É preciso investir em novos talentos, mas ao mesmo tempo valorizar os que contribuíram para a dramaturgia da emissora até aqui. Essa dependência em Mário Teixeira, Rosane Svartman e Walcyr Carrasco também limita muita coisa.

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