Sem profundidade e acelerada, "Malhação" fica engessada com formato canadense
Coluna analisa temporada de "Malhação" inspirada em formato canadense
Publicado em 16/06/2018 às 08:15
Há mais de três meses no ar, "Malhação: Vidas Brasileiras" ainda não disse a que veio na Globo. Com médias por volta dos 15 pontos no Ibope e abaixo de "Viva a Diferença", a trama anda em círculos, é rasa e rápida demais.
A autora Patrícia Morezsohn tem experiência em "Malhação". A temporada 2013 foi de sua autoria. E também uma das mais criticadas dessa décadas. Não é por menos: personagens extremamente caricatos, vilã morna, vilão entrando de gaiato e o núcleo da família da protagonista Anita (Bianca Salgueiro) é o ponto alto da chatice.
Nessa nova experiência de "Vidas Brasileiras", um formato canadense teve que ser adaptado. "30 Vidas" faz a história entrar em rotatividade, onde a cada 15 dias um aluno é o centro dela.
Embora haja assuntos pertinentes, como o da gordofobia, assédio sexual e intolerância religiosa, o formato faz com que as tramas precisem ser encerradas numa quantidade de capítulos não suficiente. O desdobramentos dessas histórias faz com que qualquer tema fique raso.
Se não fosse só isso, as situações desenvolvidas para a construção dos temas soam forçadas.
Citando alguns casos, a primeira história onde Kavaco (Gabriel Contente) lidava com problemas familiares e dava sinais de que pudesse estar envolvido com drogas. E estava. No final, seus pais se separaram e ele foi morar com a avó. Ponto.
Na sequência, um caso de assédio sexual de uma aluna por parte de um professor. A polícia sequer foi acionada. Quem tratou de solucionar tudo foi a super Gabriela (Camila Morgado). Verena (Joana Borges), quem sofreu isso tudo, não ficou com nenhuma sequela emocional que seja. Teria ela esquecido?
A intolerância religiosa, tema tão importante e pouco discutido, mostrou Talíssia (Luellen de Castro), que é do Candomblé. Bandidos que atacaram o terreiro de sua mãe foram presos e fim.
Desfechos fáceis, sem um pingo de emoção e apressados para que a solução seja rápida.
Os diálogos, principalmente da professora Gabriela com familiares e alunos, são didáticos e óbvios. Todos veem Gabriela como uma super-heroína capaz de solucionar todos os problemas ou ter uma resposta para eles na ponta da língua.
Nem nomes experientes como Camila Morgado, Ana Beatriz Nogueira, Guta Stresser e Carmo Dalla Vecchia salvam a novela como uma aposta que não deu certo.
"Malhação: Vidas Brasileiras" é um problema desde sua concepção, passando pela narrativa até chegar aos desfechos. Que venha logo a próxima temporada.