Coluna do Sandro

Com Villamarim, Globo tem a pior gestão de novelas da sua história

Atual chefão da dramaturgia não consegue levar ao departamento sucessos


Montagem José Villamarim da Globo
José Villamarim é o chefão da dramaturgia da Globo - Foto: Montagem/NaTelinha
Por Sandro Nascimento

Publicado em 11/06/2024 às 05:27,
atualizado em 11/06/2024 às 11:07

Sob a gestão de José Luiz Villamarim, a Globo parece estar em uma posição vulnerável em relação às suas novelas. Desde que assumiu o cargo, em 2020, o diretor emplacou no Ibope apenas três produções inéditas: Mar do Sertão (2022), Amor Perfeito (2023) e Vai na Fé (2023). Além disso, acabou de exibir o maior fracasso do horário das seis que foi o frustrante remake de Elas por Elas.

Além desses produtos, com Villamarim a Globo também conseguiu êxito com a refilmagem de Pantanal (2022) e No Rancho Fundo, que está atualmente no ar e é uma continuação de Mar do Sertão. Um cenário que expõe, no mínimo, uma crise de criatividade da Globo.

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Em entrevista ao F5 no ultimo domingo (10), o diretor passou a impressão que desconhece a crise que a emissora enfrenta no seu principal departamento de produção. Foi a primeira vez que ele falou após ter assumido o cargo, deveria ter ficado mais tempo calado. As declarações expuseram Villamarim.

“A gente tem vontade de fazer outros remakes, sim. Mas a gente não tem uma fórmula de sucesso. Algumas vezes algo vai melhor, outras não. Para mim, Renascer está super bem. Pantanal foi um buzz, sem dúvida. Em Elas por Elas, a gente teve que fazer uma correção no meio do caminho, mas viramos o jogo”, disse o diretor, que ainda garantiu que, mesmo sendo um fracasso, produzir Elas por Elas foi bom porque fez a Globo sair da caixinha.

Durante toda a entrevista, fica claro para o leitor que a dramaturgia da emissora está passando por um período de experimentações. Um grande laboratório. Mesmo após quatro anos no cargo, José Villamarim reconheceu que não há uma fila de autores de novelas, ao contrário do que acontecia com o gestor anterior.

“Acho que tem que paralelizar o desenvolvimento de novelas, sabe? Tenho dois ou três autores pensados. Prevejo, para que eu tenha o mínimo de planejamento, mas, ao mesmo tempo, tenho que ter opções. Prefiro estar assim: 'Olha, eu gosto dessa e dessa'. É muito melhor do que falar: 'Eu só tenho essa'", comentou sobre a fila de autores. Mas ele não cita que antes, nessa antiga estrutura, a emissora produziu grandes clássicos da dramaturgia.

Globo não acerta mais com suas novelas

Esse novo modelo da Globo, mencionado pelo diretor, não tem feito escolhas acertadas. Não é por acaso que as novas novelas das seis, sete e nove estão enfrentando uma queda na audiência e repercussão nas redes sociais e nas conversas cotidianas. O público está cada vez mais buscando produções em plataformas digitais que possam entreter durante o horário nobre.

Um exemplo de problemas de escolhas foi a repetição do enredo do filho rejeitado pelo pai após a morte da mãe durante o parto, que foi usado tanto em Terra e Paixão quanto em Renascer. Já com a novela das nove no ar, a Globo precisou fazer alterações na história de Walcyr Carrasco para evitar comparações. Algo que jamais teria acontecido no passado da emissora.

Com Villamarim, Globo tem a pior gestão de novelas da sua história

Ainda na entrevista, José Luiz Villamarim reconheceu a escassez de sinopse na Globo. “Se você tiver uma sinopse, escreve que eu leio. Ou minha equipe lê. A gente tem um grupo, mas tento ler o máximo possível. A gente quer e precisa de sinopse”, afirmou em um dos poucos momentos que pareceu transparente na boa entrevista feita por Gabriel Vaquer, do F5.

Na história da televisão, a Globo se consolidou no mercado como referência na dramaturgia nacional. Todo audiovisual buscava o know how do produto que a emissora colocava no ar, mas nunca conseguiu. A TV Manchete (1983 -1999) ameaçou no fim da década de 80, o SBT chegou a flerta nos anos 90, com Éramos Seis (1994), e nos 2000 foi a vez da Record.

Durante muitos anos, sob a gestão de Boni, Daniel Filho e Silvio de Abreu, a Globo sempre lançou novelas icônicas, era  o que existia de melhor do gênero no mundo. No entanto, atualmente, até mesmo no cenário internacional, a emissora perdeu espaço para as novelas turcas. É lamentável o que está acontecendo agora. A entrevista de Villamarim esclareceu muita coisa.

Hoje, diante de tantos erros em suas novelas, talvez o canal devesse usar inteligência artificial (IA) para definir suas produções, como a Netflix. Acertaria mais. Se a lista dos equívocos são bem maiores que os acertos, algo grave ocorre na Globo.

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