Opinião

O Rei da TV: Série sobre Silvio Santos no Star+ é tosco, caricato e uma perda de tempo

Com O Rei da TV, Silvio Santos ganha biografia de qualidade duvidosa no app do Star+


Cena do seriado O Rei da TV, que retrata a vida de Silvio Santos, na plataforma Star+
Silvio Santos ganhou biografia duvidosa em O Rei da TV no Star+ - Foto: Reprodução/Star+
Por Sandro Nascimento

Publicado em 23/10/2022 às 08:00,
atualizado em 23/10/2022 às 18:02

Com a pretensão de contar a história do apresentador Silvio Santos, O Rei da TV estreou na última quarta-feira (19) no Star+, com direção de Marcus Baldini e roteiro final de Mikael Albuquerque. Tive uma certa expectativa quanto ao projeto, já li todas as biografias publicadas sobre o dono do SBT, mas após maratonar os oito episódios, tive a sensação de tempo perdido e de ter visto uma esquete humorística mal feita, caricata e sem nenhum compromisso de ser fiel a trajetória do personagem retratado.

Confesso que nos últimos três episódios cheguei a acelerar o vídeo de O Rei da TV porque estava sem paciência de ficar no sofá vendo uma produção tão medíocre. São inúmeros erros da biografia de Silvio Santos na série, parece que faltou pesquisa e que tudo foi produzido a toque de caixa, sem o cuidado necessário. O produto final passou do limite na dramatização da vida do apresentador. 

O seriado do Star+ gira em torno do período em que Silvio Santos precisou se afastar por quatro semanas do seu dominical do SBT, em 1988, para tratar em Miami nos EUA - na vida real foi em Boston - de problemas nas cordas vocais. O Rei da TV pega essa passagem como ponto de partida para contar a história do artista desde o início da carreira como camelô no Rio de Janeiro. Para isso, excederam no flashback e o recurso acabou atrapalhando o desenvolvimento do roteiro.

Com Silvio Santos como tema, O Rei da TV flerta com o amadorismo

O Rei da TV: Série sobre Silvio Santos no Star+ é tosco, caricato e uma perda de tempo

Logo no começo do primeiro episódio, Silvio Santos aparece em pânico no palco do Show de Calouros ao perceber que perdeu a voz. Ao ser alertado através de um ponto eletrônico pela produção, foi decidido suspender o programa, que estava ao vivo, e exibir as famosas pegadinhas. Os erros de pesquisas começaram neste ponto: Silvio Santos sempre chamou as pegadinhas de “Câmeras Escondidas”, ele nunca usou ponto eletrônico e toda cena nunca ocorreu. Depois, a coisa só foi piorando.

Mostra um Gugu Liberato (1959 - 2019) vingativo, uma Irís Abravanel fútil, de boca suja e com desejo de poder, um Silvio Santos invejoso, possessivo e que atrasa pagamentos de funcionários dedicados. Fortes ingredientes fictícios para uma novela mexicana e não para um produto como O Rei da TV, que se vende como uma biografia.

Sandro Nascimento

No seriado, o animador foi interpretado por três atores: Guilherme Reis, Mariano Mattos Martins e José Rubens Chachá, cabendo aos dois últimos os maiores destaques nos episódios. Tanto Mariano quanto Chachá não conseguiram ser Silvio Santos. Em nenhum momento conseguimos enxergar neles o apresentador. Estava mais para uma paródia. Aliás, na caracterização, um parecia Dudu Camargo e outro, Raul Gil.

No caso de José Rubens Chachá, ele possui uma pinta no rosto muito marcante e que também dificultou a percepção dele ser o dono do Baú.

Além disso, a produção não conseguiu revisitar a memória afetiva do público os anos 80 na TV. Mesmo tendo personagens tão ricos como Carlos Alberto Nóbrega, Sérgio Mallandro, Elke Maravilha (1945 - 2016), Hebe Camargo (1929 - 2012), Roque, Boni, SBT, Gugu e Silvio Santos. Todos pareciam sair de uma esquete do extinto Zorra Total (1999 - 2015). Um pavor.

Enfim, se você tiver o Star+ e pensar em maratona O Rei da TV neste domingo, esqueça. O projeto não conta a verdadeira história de Silvio Santos. O Teletubbies na Netflix consegue ser mais interessante, inteligente e respeitoso com o público. Não ousem ter a segunda temporada.

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