Coluna do Sandro

Cléber Machado sobre mulheres na narração: “questão de hábito”

Narrador aponta cinco seleções como favoritas ao título da Copa


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Divulgação

Há 30 anos na Globo, Cléber Machado vive sua oitava Copa do Mundo, agora na Rússia, que começou na última quinta-feira (14). O Brasil estreia neste domingo (17).

Embora tenha narrado inúmeras partidas, duas foram inesquecíveis para o locutor: Argentina x Grécia, em 1994, e Uruguai x Gana, na Copa de 2010.

"A Copa de 1994 foi a primeira que viajei para fazer e a última do Maradona. Narrei o último gol dele em Copas. Sobre o jogo entre Uruguai e Gana, em 2010: no segundo tempo da prorrogação, Luis Suárez fez um pênalti e a seleção de Gana se classificaria se fizesse o gol. O Gyan acabou perdendo e o jogo foi decidido nos pênaltis. O Uruguai se classificou e voltou a uma semifinal de Copa do Mundo, o que não acontecia desde 1970", conta Cléber Machado em entrevista exclusiva ao NaTelinha.

Mesmo com 38 anos de história no jornalismo esportivo, Machado assiste ocasionalmente a alguns VTs das partidas que narrou para fazer autocríticas, e justifica: "se errei o nome de algum jogador ou se acredito que fiquei muito tempo fora do jogo, conversando com comentaristas".

Em outro trecho, Cléber revela que um dos segredos para não errar os nomes do jogadores durante a narração é ficar atento às características dos jogadores, como o corte de cabelo e a cor da chuteira.

Ele também dá sua opinião sobre mulheres na narração de futebol, inclusive da Copa do Mundo: “Como é uma novidade, todo mundo fica de olho. Mas é uma questão de hábito, não há diferença”.

E para o narrador, Brasil, Espanha, Alemanha, França e Argentina são as seleções favoritas para ganhar o título da Copa de 2018.

Cléber Machado sobre mulheres na narração: “questão de hábito”

Confira a entrevista na íntegra:

Expectativa para Copa 2018 na Globo

A expectativa é sempre a melhor. Quando acaba uma Copa do Mundo, a gente imagina que vai demorar para chegar a próxima, mas quatro anos passam rápido. Essa promete ser uma Copa do Mundo bacana, com boas seleções, grandes jogadores em campo, em um país histórico como a Rússia.

Jogos marcantes narrados na Copa do Mundo

Tem muito jogo legal. Cada Copa do Mundo tem a sua lembrança. Algumas são de jogos, outras são lembranças pessoais, outras do grupo bacana que a gente forma durante a viagem. Mas dois jogos são especialmente marcantes para mim: Argentina x Grécia, na Copa de 1994; e Uruguai x Gana, na Copa de 2010. A Copa de 1994 foi a primeira que viajei para fazer e a última do Maradona. Narrei o último gol dele em Copas. Sobre o jogo entre Uruguai e Gana, em 2010: no segundo tempo da prorrogação, Luis Suárez fez um pênalti e a seleção de Gana se classificaria se fizesse o gol. O Gyan acabou perdendo e o jogo foi decidido nos pênaltis. O Uruguai se classificou e voltou a uma semifinal de Copa do Mundo, o que não acontecia desde 1970.

Favoritos ao título de campeão na Rússia

Na minha opinião, Brasil, Espanha e Alemanha estão um degrau acima. A França está chegando. A Argentina é um time bom e o Messi deve querer fazer uma grande Copa. Esses cinco, para mim, são os favoritos para ganhar a Copa. Ainda coloco a Bélgica como uma boa surpresa. A Inglaterra tem uma geração boa. Se Cristiano Ronaldo fizer um gol a cada jogo vai ser difícil parar Portugal. Outro dia, Diego Aguirre, técnico do São Paulo, que é uruguaio, falou para não desprezar o Uruguai. A dupla de ataque deles é muito boa, com Suárez e Cavani, a defesa é muito firme, com Giménez e Godin, que jogam no Atlético de Madrid. Então a seleção do Uruguai também está ganhando um espaço.

Cléber Machado sobre mulheres na narração: “questão de hábito”

Estudos pré-Copa do Mundo

A preparação é constante e inclui assistir aos jogos, conhecer os jogadores, os treinadores, acompanhar as seleções mais fortes, imaginar qual pode ser a surpresa. Não é um estudo específico para a Copa, é um estudo que se faz o tempo todo. Também gosto de estudar um pouco da história de quem está envolvido naquele enredo. É bacana ter alguma coisa para contar sobre os países.

Decorar nomes difíceis dos jogadores

Não chegamos a decorar o nome dos jogadores. Mas se acompanhamos legal o futebol entre uma Copa e outra, temos alguma intimidade com os jogadores. A maioria joga em grandes times e está sempre sendo mostrada. Procuro dar uma olhada na escalação, saber a pronúncia correta dos nomes. Se forem nomes muito diferentes ou um time pouco conhecido, ao longo do jogo você observa característica dos jogadores, a cor da chuteira, a munhequeira, o corte de cabelo... Isso não é garantia de acertar todos os nomes, mas são tentativas de acertar.

Mudança na forma de narrar futebol na TV ao longo tempo

Na essência, continua a mesma coisa. A preocupação de identificar os jogadores para o público e passar a informação se mantém. O futebol é entretenimento, mas eu acho que também é uma atividade jornalística. Então, precisamos passar informações como o time onde os jogadores atuam, a posição em que jogam, o que já fizeram na carreira, se a seleção já ganhou e como se comporta em Copas do Mundo. Durante uma Copa do Mundo temos todo tipo de torcedor, inclusive os que não são tão íntimos do mundo do futebol. A diferença é que hoje temos mais recursos de imagens, replay e tecnologia, o que proporciona uma transmissão mais completa ao telespectador. Estilo, cada narrador tem o seu. Na televisão, apesar de ter a imagem, a narração não pode ser tão óbvia.

Autocrítica

De vez em quando eu vou checar alguma coisa, mas nem sempre assisto. Só olho quando estou em dúvida sobre algo que tenha falado em uma transmissão. Exemplos de autocrítica tenho alguns: se errei o nome de algum jogador ou se acredito que fiquei muito tempo fora do jogo, conversando com comentaristas, por exemplo.

Mulheres na narração de futebol

O bom profissional é um bom profissional, independentemente de ser homem ou mulher. Como é uma novidade, todo mundo fica de olho. Mas é uma questão de hábito, não há diferença.

Relação com Galvão Bueno e trocas de experiências

A relação é boa, tranquila. Nos encontramos pouco, porque nunca estamos nas transmissões um do outro. Na Copa do Mundo, todo mundo se encontra e conversamos, trocamos, falamos sobre o evento. Sempre é bom trocar experiência. Com o tamanho e a rodagem que ele tem, é muito legal.

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