Dinho Ouro Preto é contra a venda de objetos de Renato Russo em bazar: "falta diálogo"
Filho de Renato Russo fará bazar em prol do Retiro dos Artistas; família do cantor também é contra
Publicado em 04/04/2018 às 09:56
Dinho Ouro Preto, líder da banda Capital Inicial, grande fã e amigo de Renato Russo desde a juventude em Brasília, não concorda com a venda de parte dos pertences do vocalista da Legião Urbana no próximo sábado (7), no Rio. O bazar em prol do Retiro dos Artistas foi uma iniciativa do filho de Renato, Giuliano Manfredini, mas enfrenta resistência da família.
"Eu preferia que as coisas todas não fossem pulverizadas. Acho uma pena se isso acontecer. Parece que vai abrir um museu em Brasília neste ano. Se a decisão coubesse a mim, eu preferia que tudo fosse reunido em um só lugar e não fosse pulverizado nas mãos de centenas de fãs. Não pode estar no armário de alguém", disse Dinho com exclusividade a esta coluna do NaTelinha, sobre o evento que pretender vender em torno de 200 itens que pertence a Renato Russo.
O vocalista do Capital Inicial acredita que falta diálogo entre a família e Giuliano Manfredini e comentou sobre a carta aberta escrita pela irmã do rockeiro e publicada em primeira mão pelo NaTelinha no último domingo (1º): "Eu li a carta da Carminha e eu sei que ela tá muito chateada. Eu conheço a Carminha há mais de 30 anos e ela é muito amiga minha. Eu fico triste por elas por isso que está acontecendo. É a irmã do Renato, é a mãe do Renato que isso está ocorrendo. Espero sinceramente que eles se entendam", lamentou.
Ao ser questionado se a família de Renato Russo tinha um histórico de zelar pelos objetos do cantor, Dinho foi taxativo: "sim, pô! Era o filho dela, pela amor de Deus! Claro! Como não? Sangue do meu sangue. Elas são duas queridas e são ótimas pessoas. Eu não conheço o Giuliano, eu vi possivelmente umas 10 vezes na minha vida. É o legado do pai dele e eu também acho que ele queira o melhor. Todas as pessoas aí são bem intencionadas. falta diálogo".
O NaTelinha apurou que o bazar que acontece no Retiro do Artistas terá cerca de 200 itens que pertenceram ao líder da banda Legião Urbana e que estavam em seu apartamento no Rio.
Entre os objetos estão camisas, shorts, uma poltrona, dois sofás, cristaleira, talheres, LPs e livros consumidos por Renato, e até pote plástico. Os valores estão variando entre R$ 25 (pote) e R$ 3 mil (a cristaleira).
Na última segunda-feira (02), em entrevista polêmica à rádio 89 FM, Giuliano Manfredini classificou a carta de Carmem Teresa, irmã do seu pai e sua tia, de "desairosa e mentirosa" e explicou que disponibilizou o patrimônio artístico e cultural de Renato Russo, cerca de 3 mil itens, ao MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo.
Além disso, contou que quando assumiu a "Legião Urbana Produções", encontrou uma empresa "depauperada" e "devedora", com familiares vivendo às custas da sua herança, e que cortou "essa mamata". "Quando eu era garoto, e quando não tinha assumido o legado do meu pai, essas pessoas sempre se apropriaram da herança que meu pai me deixou. Nunca fizeram nada na preservação da memória do Renato", disse Giuliano, dono do espólio do líder da Legião Urbana.
Sobre o bazar com os objetos no Retiro dos Artistas, explicou que "são reminiscências de artigos pessoais do dia a dia do Renato. Roupas, pijama, mobília, cabeceira. Essas coisas que não pertencem ao patrimônio artístico/cultural dele. Para a causa do Retiro dos Artistas, têm valor muito grande, para eles cuidarem dos artistas velhinhos".
Em carta aberta intitulada "Desalento", Carmem Teresa Manfredini relatou a angústia da família com a realização do então noticiado leilão. Além disso, descartou ser contra a ajuda ao Retiro dos Artistas e qualquer instituição de caridade, no entanto, questionou os motivos do evento.
Segundo ela, haveria outras opções para socorrer a instituição de artistas, e desabafou: "Há muitas formas de se fazer o bem verdadeiramente".
Além disso, sugeriu que todos os objetos colocados à venda sejam doados para o Espaço Cultural Renato Russo, que será reinaugurado no mês de junho em Brasília, com intenção de preservar a história do músico.
O NaTelinha apurou que a reinauguração do espaço é o grande desejo da mãe do cantor, Dona Carminha, que tem 81 anos.