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Criador de tipos, Orival Pessini fez rir e quebrou paradigma nos anos 80

Antenado


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Fotos: Divulgação

O Brasil acordou nesta sexta-feira (14) sabendo da morte de Orival Pessini, criador de vários personagens, entre eles Fofão. Um tipo que quando se fala em TV brasileira, você tem a obrigação de citar.

Fofão não tinha uma aparência bonita, na verdade era assustador para algumas crianças e adolescentes da época. Mas era Brasil: você olhava meio ressabiado, mas via que era do bem e amava imediatamente - e ignorava a máscara meio mambembe, diga-se.

Fofão não era só um personagem da TV nacional. Em 1986, ele quebrou um paradigma puro: apenas mulheres bonitinhas, criança fofinha ou personagem americano apresentavam um programa infantil. O "TV Fofão", da Bandeirantes, não tinha nada de diferentes dos outros. Mas tinha Fofão, tinha um personagem essencialmente brasileiro, tinha um homem por trás.

A atração era simples até demais, era ele e os letreiros "TV Fofão". Parecia feito no menor dos estúdios da Band, sem verba nenhuma, única e exclusivamente para faturar com a imagem dele. Mas estava ali. Era Fofão cantando e dançando, ajudando na história da TV brasileira.

Este homem, inclusive, não era de um papel só. Orival Pessini só tinha Fofão como o seu personagem mais conhecido, mas era muito bom em criar tipos. Gostava particularmente do Patropi, um hippie meio folgado, mas bem engraçado. Não tinha como não rir nas participações nas Escolinhas da vida e em "A Praça é Nossa".

Também gostei de um personagem pouco lembrado, talvez por ser bem mais recente: o idoso Ranulpho (foto/abaixo), em "Uma Escolinha Muito Louca", da mesma Band. Era um velho que lutava pelo direito dos seus amigos "velhos" - "porque velho é questão de espírito", como dizia sempre o bordão.

O ruim da morte do Orival é que perdemos mais um criador de tipos. O Brasil tem perdido vários nos últimos tempos, e é justamente algo que tem faltado no meio artístico recentemente.

O ator certamente será lembrado eternamente por aqui. Orival Pessini nos deixa, infelizmente. Mas Fofão, principalmente Fofão, é eterno. E personagens assim nunca morrem. Eles vivem, na nossa mente e no nosso coração. Que Orival descanse em paz.

Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, é responsável por reportagens variadas e especiais. Ainda assina as colunas "Antenado", sobre TV aberta, e "Eu Paguei pra Ver", sobre TV por assinatura. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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