Dia dos Pais: Qual pai da teledramaturgia você é?
Publicado em 14/08/2016 às 18:30
Nas novelas brasileiras é o conflito em família e as figuras paternas os elementos que mais movimentam as histórias. Autoritário, carinhoso, atrapalhado, ausente, batalhador...
A coluna fez uma coletânea dos tipos de pais mais comuns nas tramas de determinadores autores ou emissoras. Qual deles você, leitor, seria? Ou qual deles mais combina com o seu pai?
Pais de Benedito Ruy Barbosa: Quem acompanha as novelas deste autor veterano e que tem preferência por retratar os costumes do Brasil rural, sabe que os embates entre pai e filho são os principais motores das suas tramas.
Na atual “Velho Chico”, o jovem Afrânio (Rodrigo Santoro) fugia do seu papel como sucessor do pai (Tarcísio Meira) no comando das terras à beira do rio São Francisco. Na segunda fase, já como coronel Saruê (Antonio Fagundes), o personagem tanto conduz quanto inferniza a vida dos filhos Tereza (Camila Pitanga) e Martim (Lee Taylor).
O personagem estilo paizão-coronel-tirano deu as caras em outras obras de Ruy Barbosa. Em “Renascer” (1993), a briga era entre Inocêncio (mais uma vez Antonio Fagundes) e o caçula João Pedro (Marcos Palmeira). Fagundes daria as caras novamente em “O Rei do Gado” (1996), como o personagem-título inconformado com o filho playboy vivido por Fábio Assunção.
Pais de Manuel Carlos: O autor bossa-nova da Globo é conhecido por dar mais espaço às personagens femininas, especialmente às Helenas e suas filhas. Mas as figuras paternas em suas tramas costumam chamar a atenção por serem sensíveis e problemáticas... Até a primeira surra de cinta.
Na memória dos telespectadores estão Assunção (Nuno Leal Maia), o genitor-atleta da insuportável Joyce (Carla Marins) em “História de Amor” (1995), o desiludido Orestes (Paulo José), pai de Maria Eduarda (Gabriela Duarte) em “Por Amor” (1997), e os pais-galãs interpretados por José Mayer em “Laços de Família” (2001), “Mulheres Apaixonadas” (2003) e “Viver a Vida” (2009).
Pais das tramas bíblicas da Record: Em sua maioria baseadas no Velho Testamento pela autora Vivian de Oliveira, as novelas bíblicas da emissora de Edir Macedo trazem genitores páreo-duro. Desde profetas como Moisés (Guilherme Winter) que além de ser o pai do povo hebreu, teve os filhos Eliézer (Rafael D’Ávila) e Gérson (Gustavo Henzel) em “Os Dez Mandamentos” (2015).
Na mesma trama, o faraó Seti (Zé Carlos Machado) aterrorizava os hebreus e preparava o terreno para o reinado do filho biológico Ramsés (Sérgio Marone) e do adotivo Moisés, até este descobrir as próprias origens e protagonizar a maior rixa entre pai e filho da História.
Pais de Janete Clair: Uma das maiores autoras de novelas do país, praticamente fundadora do gênero, Janete Clair (1925-1983) criou personagens masculinos marcantes, sendo muitos deles pais de família.
Em “Pai Herói” (1979), Tony Ramos era o protagonista em busca do assassino do seu genitor, enquanto em “O Astro” (1978), o industrial Salomão Ayala (Dionísio Azevedo) vivia às turras com o filho idealista Márcio (novamente Tony Ramos).
Pais de João Emanuel Carneiro: Quem não se lembra do sucesso estrondoso de “Avenida Brasil”? (2012). O avoado ex-craque de futebol Tufão (Murilo Benício) não poupava carinho aos filhos Ágata (Ana Karolina Lannes) e Jorginho (Cauã Reymond), enquanto era enganado pela esposa e pelo cunhado (Adriana Esteves e Marcello Moraes). Já no fim da novela, o público descobria que o pai de Esteves era, na verdade, um carrasco (em ótima atuação de Juca de Oliveira).
Já em “A Regra do Jogo” (2015), o protagonista Romero Rômulo (Alexandre Nero) rebolava para manter escondido do filho a sua dupla identidade como membro de um grupo secreto de criminosos, enquanto o rapaz (vivido por Marco Pigossi) persegue os comparsas do próprio pai. Para João Emanuel Carneiro, não basta criar os filhos, tem que fazê-lo em ritmo de tragédia grega suburbana.