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Roberto Bolaños, o mago que uniu a América Latina com sua genialidade

Território da TV


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Divulgação

Gigante pela própria natureza e com idioma diferente dos vizinhos de continente, o Brasil exerce tanto uma influência que gera admiração quanto certo estranhamento pelas diferenças que possui em relação aos outros países latinos.

São poucas as figuras além da barreira esportiva que conseguem obter grande influência em todo o continente com uniformidade. Roberto Gómez Bolaños foi uma delas.

Sem querer querendo, ele transformou a sua obra em uma referência para inúmeras gerações. Com apelido de inspiração shakespeariana (Chespirito) e idolatria pessoal por Charles Chaplin, uniu qualidades dos mitos ingleses para a sua própria obra, que é de terceiro mundo no melhor dos sentidos, ao conseguir retratar a gerar identificação em nossa sociedade.

E deixou marcas. É impossível não se lembrar dos diversos bordões, não sentir uma pontinha de vontade em visitar Acapulco... Até nas arquibancadas da Copa do Mundo, brasileiros e mexicanos sempre que se encontram tem fantasias e risadas em comum na certa.

Dos mais bobos trocadilhos até as mais profundas críticas sociais, “Chaves” e “Chapolin” marcaram época. O texto eterno deixa as imagens chuviscadas de uma improvisada vila atraentes mesmo em pleno século XXI.

Uma vila em que nenhum lar era completo. A mãe solteira, o pai solteiro, o órfão... Mas quando se reuniam, todos se completavam. E completavam automaticamente as nossas gargalhadas.

Local mágico em que o mais politicamente incorreto era visto com pureza. Não é por acaso que já havia entrado para a história muito antes da despedida de seu criador.

A dor que sentimos agora é bem maior que a de um beliscão do Seu Madruga no Quico, de um tapa da Dona Florinda no Seu Madruga ou de uma bolada do Chaves no Seu Barriga.

Mas com Bolaños não cabe o chavão de que a morte o fez ídolo. Em vida, já se havia completa dimensão do seu tamanho, seja no Brasil ou no México.

Alvo de frequentes homenagens de todo tipo, ele recebia justas reverências mesmo se mantendo isolado em sua casa na maior parte do tempo pelos acumulados problemas de saúde.

Mas não havia saído de cena. Criou uma conta no Twitter, na qual sempre mencionava carinhosamente o Brasil, e ainda viu a criação de um desenho animado do “Chaves”, que não chegou nem perto do sucesso dos episódios originais, claro.

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Afinal, tal qual Shakespeare e Chaplin já nos provaram, o que é genial não precisa necessariamente ser atualizado. Basta somente ser admirado para o êxito estar estabelecido. E isso soubemos fazer muito bem nos 31 anos de sucesso absoluto que a série já acumula.

E assim seguirá por décadas. Afinal, “Chaves” é jovem ainda. E dificilmente velho será. 

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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