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Elogiadas ou não, as pegadinhas fazem parte da história da TV


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Ivo Holanda é um dos atores mais famosos de pegadinhas no Brasil

As pegadinhas começaram nos Estados Unidos, nos anos 1950 com o “Candid Camera” (o “Candid Radio” já existia desde 1947). Silvio Santos, mais de 30 anos depois, foi um dos grandes precursores do gênero no Brasil, trazendo a ideia pra cá e encaixando em um de seus quadros mais famosos, o “Tudo por Dinheiro” (posteriormente “Topa Tudo por Dinheiro).

O sucesso foi imediato, fazendo com que a atração batesse o “Fantástico” nos picos de audiência e alguns atores, como Ivo Holanda, caíssem nas graças do público passando pelas mais diversas situações.

Há uma curiosidade mórbida do público em consumir esse tipo de conteúdo. É simples: enquanto o telespectador assiste, alguém está sendo enganado, fazendo com quem acompanha ser o esperto, aquele que vê o outro se dando mal. Ele não é o “bobão” da história, o que passa a ser apreciado no mundo em que vivemos.

Febre nos anos 90

Tendo sua vida iniciada ainda na década de 80 e tendo sua multiplicação dada na década seguinte, as emissoras tinham nas pegadinhas a certeza de uma audiência garantida. E confusões também. Não são raras as queixas, e até condenações, que alguns canais passaram por colocarem pessoas ao extremo do ridículo e situações degradantes.

Fausto Silva foi o primeiro programa, no ano 2000, a dar fim às pegadinhas. O motivo? Ele não gostava de ver casos escandalosos de pegadinhas nos jornais. Enquanto outro programa fazia armações, o “Domingão” sempre tinha seu nome atrelado, embora nunca houvesse uma só denúncia disso. É bom lembrar que Faustão teve esse quadro em seu dominical por 11 anos de forma ininterrupta. De 1989 a 2000.

Logo, elas deram um descanso, principalmente quando Silvio Santos a colocou no banco de reservas, quando aposentou seu “Topa Tudo” em 2001. Mas resgatou anos depois.

Anos mais tarde, a Record resolveu apostar nesse filão, assim como a RedeTV!, que já se aproveitou delas no começo da década passada, com João Kléber.

Armação?

As pegadinhas mais antigas, vistas à exaustão no YouTube, é fácil de identificar que não há qualquer tipo de armação. As reações são adversas, críveis e verossímeis, diferentemente das mais novas, onde fica bastante difícil de saber o que é pegadinha e o que é “combinadinha”.

No último domingo (5), o “Programa Silvio Santos” exibiu mais uma de suas séries de pegadinhas bem produzidas esteticamente, a de Annabelle. Há suspeita de armação, embora a emissora negue. Um dos rapazes que participou da pegadinha é um ator, e após a reportagem do NaTelinha, excluiu sua página em uma das redes sociais.

O povo, obviamente, não é idiota. Embora ele dê risada em pegadinhas que coloque o “cidadão comum” nesse tipo de situação, sabe perfeitamente distinguir o que é real, e o que não é. Burro é quando alguém se acha mais esperto que o outro.

Armado ou não, é bem verdade que as pegadinhas já estão difundidas na televisão brasileira há vários anos e tornou-se um dos produtos mais queridos pelos telespectadores.


Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há nove anos e assina a coluna Enfoque NT há três, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br  |  Twitter: @Forato_

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