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"A Grande Família" chega ao fim fazendo o que sabe fazer de melhor

Território da TV


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Divulgação/TV Globo

11 de setembro de 2014, 23h31: após quase 14 anos de sucesso, era exibido o "fim" de um dos mais duradouros seriados da televisão brasileira.

"A Grande Família" chegou ao seu planejado desfecho, anunciado há mais de um ano. Mas o peso da despedida parece ter tomado a real dimensão só nos últimos dias, seja para o elenco ou para o público.

Após centenas de episódios, é complicado que a ficha caia definitivamente em cerca de 30 minutos, mesmo que eles tenham sido de altíssimo nível.

Sim, o desfecho felizmente foi digno. A série retomou em seu final o que tanto a impulsionou nos anos iniciais e que vinha sendo escanteado recentemente: o humor. O capítulo final corrigiu a tendência dramática dos últimos anos e foi feito para rir, não suscitar análises aprofundadas sobre relações humanas. Em resumo, um bom entretenimento.

Tão bom quanto o elenco, que foi justamente homenageado pelos seus supostos sucessores. Um time de peso com Tony Ramos, Glória Pires, Alexandre Borges, Luana Piovani, Marcelo Adnet, Lázaro Ramos, Déborah Secco e outros grandes nomes foi escalado para reprodução da família Silva e seus agregados.

E nenhum decepcionou na homenagem. Pelo contrário. Mas a conclusão do diretor Daniel Filho no bloco final foi a mesma do público: o Lineu só pode ser o Marco Nanini, a dona Nenê só pode ser a Marieta Severo e por aí vai.

É verdade que "A Grande Família" original foi criada nos anos 70 e a versão dos anos 2000 timidamente pretendia ser uma homenagem, mas a diferença de longevidade mostra que o "filhote" assume um protagonismo histórico muito maior.

Tamanha longevidade que permitiu a perda de peças pelo caminho, como o falecimento de Rogério Cardoso, lembrado em cenas no clipe exibido enquanto passavam os créditos.

Outra personagem marcante, a Marilda de Andréa Beltrão, retornou para se interpretar na ficção criada dentro da ficção. Similar ao que ocorreu com Tonico Pereira duplicando sua função como Mendonça.

Toda a quase década e meia que permitiu tantas idas e vindas também foi de mudanças na sociedade, sempre fielmente retratada, até mesmo bem antes da classe C se tornar queridinha do mercado.

Diga-se que a série pode ser acusada de chatice quando apelou para o drama, mas nunca de ter ficado ultrapassada. A própria mudança de rumo foi uma inovação. Prova do clima de novidade mesmo em um dia essencialmente nostálgico foi a imitação de Silvio Santos encarnada pelos Tucos - com Lúcio Mauro Filho e Marcelo Adnet.

Outra citação surpreendente foi o envio de felicitações ao "seu William" quando Fátima Bernardes fez uma participação como ela própria, repetindo "Geração Brasil" e "Cheias de Charme".

Com essa metalinguagem popular que desperta sorrisos fáceis, se a última impressão for a que ficar, essa família muito unida e também muito ouriçada vai deixar um vazio em nossas noites de quinta.

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)


 

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