"Cidade Alerta" terá merchandising e reabre discussão sobre o assunto
Enfoque NT
Publicado em 17/07/2014 às 19:22
Marcelo Rezende não poderia estar mais feliz: renovou seu contrato com a Record até 2020, tem o programa de maior audiência da casa com quase dois dígitos diariamente, é vice-líder, tem praticamente 25% da programação da rede em suas mãos (não ações, para deixar claro) e conquistou o direito de praticar o merchandising, que nada mais é do que ações onde recomenda um determinado produto para o telespectador. É válido?
Alguns programas de cunho jornalístico já fazem uso do famoso merchandising. Condenados por uns, e dito como indispensável por outros, é uma questão bastante delicada uma profissão como jornalista recomendar produto X ou Y ao telespectador, pondo sua credibilidade em xeque.
A verdade é que diante das circunstâncias, o “Cidade Alerta” ter merchans passa pela razão de que é necessário que se faça uso desse tipo de publicidade. O programa fica por muito tempo sem intervalos comerciais, custa caro e acaba gerando prejuízos para a Record, embora seja difícil de acreditar. Afinal, dá muita audiência, mas não é só o que importa na televisão. O ideal é encontrar um equilíbrio, que a emissora não conseguiu ainda. É natural que entrasse mais intervalos, e a audiência do policialesco caísse. Mas, cada um sabe onde dói mais.
O que um jornalista aprende na faculdade é que esse tipo de coisa é repudiável e pronto. Mas, muitas das vezes, o profissional é pressionado pelo departamento comercial da casa que precisa vender e lucrar, para que no final do mês todos estejam com seus ordenados em dia.
Nem sempre um profissional tem a autonomia e peito pra recusar merchandising. Reinaldo Gottino, por exemplo, recusou no comando do “Balanço Geral”. Em outras praças, o “Balanço” usa e abusa desse artifício, bem como os jornalísticos no interior do país, onde o que vale é o “faz-me-rir” e a ética, dignidade e bom-senso descem esgoto abaixo. Tem gente que anuncia qualquer coisa e é capaz de vender a mãe. Se forem fazer merchandising, que façam pelo menos de algo que recomendariam para família e amigos.
Num mundo “ideal”, jornalistas não fariam merchandising. Mas como estamos bem longe desse cenário e todo mundo quer faturar, fica difícil. Que sejam mais criteriosos na escolha dos produtos. Desde que o programa em questão tenha brechas para que isso seja realizado e a mercadoria oferecida ao telespectador seja de confiança de acordo com a opinião do jornalista, torna-se aceitável.
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