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Antenado: Danilo Gentili e o maior desafio de sua carreira


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Divulgação/SBT

Confesso que Danilo Gentili é um cara surpreendente. Eu sempre fui seu fã, desde os tempos de “CQC”. Já assisti ao seu show de stand-up comedy e também fiz questão de tirar foto – a perdi, infelizmente – e tentar bater um papo com ele, o que na hora, não foi possível.

Sempre o achei um cara com um raciocínio rápido e de uma inteligência rara para o humor, fazendo tanto a linha besteirol com o humor mais “inteligente” com uma competência extrema. Fiquei muito feliz quando soube que a Band iria lhe dar um programa, mas fiquei surpreso com o formato: um talk-show. Depois, viria a saber que Danilo era fã do gênero.

Vendo o primeiro “Agora é Tarde”, a certeza foi só uma: o programa daria muito certo. E deu. O entrosamento perfeito entre apresentador, banda e colaboradores fez a atração ser a melhor opção, disparado, do fim de noite na TV brasileira. Danilo não só entrevista, mas faz o convidado fazer coisas malucas, e se diverte até mais do que o entrevistado algumas vezes.

Mas um desgaste houve do segundo semestre para cá, entre Danilo e a Band. O fato é que o humorista ficou chateado com um pouco do tratamento dado de alguns setores da emissora do Morumbi para com ele. Enquanto isso, o SBT e seus apresentadores diziam: “Danilo, você é genial”. Era elogio atrás de elogio, bom tratamento. Até Silvio Santos ficou impressionado com o sucesso dele.

Com a censura – bem nesse termo – do especial de Natal do “Agora é Tarde”, a relação com a Band desandou de vez. E o SBT, só lá, dizendo: “Você é sensacional, Danilo. E aqui, você e sua equipe terão liberdade”. E não deu outra, ele foi de mala e cuia pra lá. O fato é: o caso é muito igual à contratação de Ratinho em 1998. O SBT ficou lá, elogiando, falando bem, enquanto a Record censurou o roedor e colocou ele para ser gravado. Daí, não deu outra.

É cedo pra dizer se Danilo fará sucesso. A casa tem tradição no formato, e sua equipe tem um talento inegável. Se o programa for do mesmo nível do “Agora é Tarde”, Gentili terá todas as condições de ser líder de audiência (sim, primeiro lugar), se bater com o já cansativo “Programa do Jô”. O SBT tem mais alcance, mais apelo, mais estrutura que a Band. E isso pode ajudar a evidenciar a qualidade de programa.

A Band manterá o “Agora é Tarde”. Pessoalmente, ficaria muito feliz se Rafinha Bastos assumisse o talk-show, já que ele se mostrou um ótimo entrevistador em sua série do YouTube, o “8 minutos”, além de ser tão talentoso quanto o Danilo. Porém, acho que a Band tem medo de colocar o gaúcho, já que ele é famoso pelas “polêmicas”, infelizmente. Cogita-se Dani Calabresa, mas acho que ela não está pronta para uma coisa tão grande, mas seria uma aposta válida.

Enfim, espero mesmo que Danilo Gentilli e sua trupe façam sucesso e mantenham o fôlego no SBT. A troca de emissora foi ousada, e sua equipe já mostrou ser também bem ousada. Sem dúvida nenhuma, é o maior desafio até agora na carreira do jovem humorista.
 

Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. Além do “Antenado”, é responsável pelo “Documento NaTelinha”. Converse com ele. Twitter: @bielvaquer

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