Crise humanitária

Sônia Bridi se comove na Globo ao relatar o que viu da tragédia yanomami: "Que vergonha"

Jornalista confessou "raiva tremenda" em entrevista ao Encontro desta terça (31) após reportagem para o Fantástico

No Encontro, Sônia Bridi disse que sentiu raiva, tristeza e vergonha durante reportagem para o Fantástico - Foto: Reprodução/Globo
Por Walter Felix

Publicado em 31/01/2023 às 10:35:00,
atualizado em 31/01/2023 às 11:34:02

Sônia Bridi se comoveu em entrevista no Encontro desta terça-feira (31), na Globo, ao falar sobre a tragédia do povo yanomami. A população tem enfrentado fome, desnutrição, doenças como malária e anemia e o sequestro de crianças em função do garimpo ilegal na região em que vivem. No domingo (29), a jornalista fez uma reportagem local exclusiva para o Fantástico, e a experiência lhe gerou raiva, tristeza e vergonha.

“Já vi muita coisa acontecendo em vários lugares do mundo. Já estive em campos de refugiados, que é sempre um lugar extremamente triste. Mas o que eu vi na terra yanomami é muito mais devastador, porque a terra é saudável”, comentou Sônia Bridi na entrevista a Patrícia Poeta e Manoel Soares no Encontro.

A repórter seguiu: “O que a gente viu ali é a destruição da terra, o descaso que aconteceu durante quatro anos, o incentivo a uma atividade ilegal, criminosa, crime organizado, um risco à segurança nacional a presença desses bandidos em números absurdos dentro da terra yanomami, circulando entre Brasil e Venezuela. Isso tudo levou a essa tragédia humanitária”.

“Como é que a gente permite que num país rico como este, numa terra saudável, se chegue a uma situação dessas? Que vergonha! A gente está no século XXI, 522 anos depois da chegada de Cabral, e a gente ainda permite a entrada de doenças e invasores para dizimar os povos originários!?”

Sônia Bridi

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A jornalista também compartilhou suas sensações durante a reportagem para o Fantástico. “Senti muita raiva. Senti uma raiva tremenda”, compartilhou a veterana, que disse estar acompanhando há anos a situação dos yanomamis. Ela ainda lembrou a matéria feita pelo colega Alexandre Hisayasu e criticou a postura do governo de Jair Bolsonaro.

“Ainda não estava tão grave assim, mas já era um caso bastante grave em novembro de 2021. E não houve reação nenhuma por parte do governo”, acrescentou. “Eu estava tentando entrar na terra yanomami já há muito tempo, mas não tinha segurança para entrar. Como você vai entrar num território tomado por bandidos? As equipes de saúde não estavam entrando lá.”

“Cadê a reação? Cadê a ação para impedir que isso continuasse acontecendo? Ao contrário, houve incentivo ao garimpo. Portaria dizendo que garimpo é atividade artesanal. Como se envolve milhões de reais em investimento?”

Sônia Bridi

A repórter ainda pontuou: “Você sente uma tristeza tremenda, mas também uma revolta, uma indignação, porque se permitiu que fosse feito isso no nosso tempo. Pareciam cenas de holocausto”. Ela ainda criticou falas recentes do governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), que disse que os yanomamis vivem “no meio da mata, parecendo bicho”.

Bridi defendeu: “Os povos indígenas têm o direito de viver a forma de vida tradicional deles. Ninguém tem que dizer para eles como eles têm que viver. Isso mostra um profundo racismo em relação aos povos originários. O racismo reduz a humanidade dos seus alvos, sempre para justificar uma exploração que é humanamente inaceitável”.

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