Publicado em 04/11/2021 às 06:43:00
Os Trapalhões completou 55 anos em 2021 e é tratado como um dos maiores humorísticos da TV brasileira. Renato Aragão, Dedé Santana, Zacarias e Mussum conquistaram o público e são lembrados até os dias atuais por uma legião de fãs. Mas nem tudo foram flores nos bastidores do programa, tendo problemas logo no início.
Os Trapalhões começou com a parceria de Renato Aragão e Dedé. Os dois convidaram Mussum e depois Renato decidiu chamar Zacarias, o que não foi muito bem aceito por Santana em um primeiro momento.
"Um dia o Renato chegou lá com um cara baixinho, bem vestido, de gravata, e disse: 'esse aqui é o Mauro Gonçalves', ele tinha uma voz bonita. Eu perguntei quem era e ele respondeu que iria trabalhar com a gente. Eu respondi: 'Você está maluco, esse cara está mais para gerente de banco do que para comediante'. Ele falou: ‘você vai ver, esse aí eu garanto’. No começo não aceitei bem, um cara com uma voz bonita, de terno, gravata", recordou.
Quando Zacarias começou os ensaios, tudo mudou: "Eu caía no chão de dar risada. O Renato acertou na mosca. Chegou na hora da gravação, ele me parece com aquele dente, aquela peruca, não me aguentei, eu ria do começo ao fim", lembrou Dedé.
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Dedé Santana contou detalhes sobre a morte do amigo Mauro Gonçalves, mais conhecido como Zacarias. Em entrevista ao Real Podcast, ele relatou que percebeu que o amigo estava muito doente, mas que o humorista guardava segredo sobre o estado de saúde dele.
“Ele já vinha meio doente, fazia uns regimes malucos porque não queria engordar (...) deixou de comer", contou. Dedé fez um filme e ali reparou que algo estava diferente com Zacarias. “As maiores cenas eram comigo e eu senti que ele tava... [frágil] e falava: 'deixa que eu faço isso' e tal. Eu falei 'olha, o Mauro [verdadeiro nome de Zacarias] tá ruim'"
Zacarias afirmou que estava indo ao médico, mas ele desapareceu após o fim das gravações. “Procuramos e não achávamos na casa dele e nem em lugar nenhum. Já tava pra voltar o programa e cadê o Zacarias? Sumiu. Até que uma pessoa falou pra gente 'ele tá em casa, mas ele não atende ninguém, ele só atende o fulano', que era um cara que trabalhava com a gente”.
Dedé, Renato Aragão e Mussum se reuniram e foram até a casa do humorista. “Quando abriu a porta, ele viu a gente e não tinha como... tava a pele e osso, desfigurado”, relembrou. “Mas não teve jeito”, completou. Zacarias morreu de insuficiência respiratória, aos 55 anos.
Quem teve papel fundamental na vida do grupo Os Trapalhões foi o humorista Chico Anysio. Com a morte de Zacarias, Didi, Dedé e Mussum não estavam animados e resolveram dar um ponto final no humorístico para seguirem um novo caminho na profissão.
Porém, Chico conversou com o trio e falou para continuarem com a produção, porque fazia muito sucesso e o público gostaria de continuar assistindo eles. “O Chico Anysio que convenceu a gente de continuar, ele novamente na vida da gente”, relembrou Dedé Santana.
Em agosto de 1983, o Jornal do Brasil noticiou uma matéria que escancarou a crise no programa Os Trapalhões. Havia um problema de convivência e Zacarias e Dedé estavam insatisfeitos com a divisão de lucros, porque Renato Aragão recebia mais.
“Embora os Trapalhões preferissem não tocar no assunto, ficou claro que o cinema pôs fim à harmonia entre eles. Pelo menos por dois motivos: primeiro, no cartaz do último filme do grupo, O Cangaceiro Trapalhão, só o nome de Renato aparece em destaque; e, segundo, os contratos financeiros continuam dando ao mesmo Renato metade de todo o faturamento dos Trapalhões, cabendo a Dedé, Mussum e Zacarias dividirem a outra metade”, destacou o jornal na época.
Didi fazia projetos individuais e isso estava incomodando os outros integrantes. A Globo precisou lidar com a situação e, depois de seis meses de muita confusão, eles acabaram fazendo as pazes em uma viagem de férias no ano de 1984.
As recordações dos bastidores de Os Saltimbancos Trapalhões são as melhores possíveis, segundo relembrou Lucinha Lins. “Tinha segurança para não deixar o Renato Aragão chegar perto do set de filmagem enquanto outras pessoas estivessem gravando”, lembra. A atriz revela que o colega costumava acender nos cenários um “barbantinho cheiroso”, que empestava o ambiente. “Ele jogava disfarçadamente no meio da cena, e a gente tinha que continuar atuando com aquele cheiro horrível no ar.”
“Eram quatro malucos, trapalhões mesmo! Fora das câmeras, eles também eram extremamente engraçados. Um gozava e implicava com o outro, era brincadeira e palhaçada o dia inteiro. Era um inferno delicioso (risos). Sempre tinha alguma coisa a mais que engrandecia a cena pela naturalidade e a troca entre eles. Tenho lembranças muito gostosas dos quatro, me diverti demais.”
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