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Ilusionistas prometem inovação em quadro do Fantástico: "Esqueçam coelho, pombo, cartola"

Henry Vargas e Klauss Durães sonham - e lutam - para equiparar espetáculos de mágica aos shows de stand-up e de música sertaneja entre os hábitos de lazer dos brasileiros

Criadores do quadro Ilusões de Risco, no Fantástico, Henry Vargas e Klauss Durães são os maiores nomes da mágica moderna na América Latina - Foto: João Cotta/TV Globo
Por Walter Felix , com Naian Lucas

Publicado em 20/09/2021 às 05:30:08,
atualizado em 20/09/2021 às 14:25:05

Ilusões de Risco, o novo quadro de mágicas do Fantástico que estreou no domingo (19), aposta em uma nova linguagem para fisgar o público moderno. À frente da série, estão Henry Vargas e Klauss Durães, mineiros que se tornaram dois dos maiores nomes do segmento na América Latina. Elaborado por mais de dois anos pelos artistas, o projeto especial marca a comemoração das 2.500 edições do jornalístico da Globo.

Em quatro episódios, a série Ilusões de Risco traz os números mais famosos e perigosos do mundo, usando os quatro elementos: fogo, água, terra e ar, um por noite no Fantástico. São experiências inovadoras e impactantes, à maneira que o público de 2021 realmente quer assistir, como define Henry Vargas, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.

O movimento é inspirado no que fez o pioneiro Robert Houdin (1938-2021), que reinventou o ilusionismo na Paris do início do século XIX e conseguiu levar as performances das ruas para os palcos de teatro. “Temos um sonho em que as pessoas sairão de casa para assistir a um espetáculo de mágica assim como saem para o cinema, um show de stand up ou de música sertaneja.”

O objetivo que uniu os dois parceiros é valorizar a cultura do ilusionismo, sem esquecer os mestres que abriram caminhos. “Hoje, essa não é uma arte valorizada e conhecida pelo público. Esse quadro no Fantástico vem nessa direção de levar a mágica para boca e para a mão das pessoas”, define Henry.

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Leia a íntegra da entrevista com Henry Vargas, do quadro Ilusões de Risco, do Fantástico

O Fantástico comemora o episódio de número 2.5 mil tendo vocês como uma das principais atrações. Qual a sensação de fazer parte de um dos programas mais importantes da TV brasileira?

Henry Vargas - A sensação é indescritível. Sempre foi um sonho. Eu, particularmente, comecei assistindo aos quadros de mágica do David Copperfield quando eu tinha oito anos de idade. Hoje, ver que estamos em um dos palcos mais importantes da televisão brasileira é uma conquista muito grande - não só nossa, mas de uma equipe de várias pessoas.

Estamos felizes principalmente por levar a mágica da maneira como a gente acredita que ela deve ser levada na televisão, que é valorizando a sua história, com os principais ícones da mágica. O público pode esperar não só experiências de ilusionismo, que foram criadas do zero para o programa, mas também uma valorização e uma parte histórica muito legal sobre cada um dos desafios.

O Fantástico exibiu muitos mágicos e ilusionistas ao longo das últimas décadas, como o Mágico Kronnus e o Mister M. Há alguma semelhança de vocês com algum desses profissionais?

Henry Vargas - Não há uma semelhança. Na verdade, há uma diferença, inclusive porque trazemos uma perspectiva moderna do ilusionismo. Costumamos dizer que o mundo mudou, e o ilusionismo também. A volta ao Fantástico é justamente para mostrar essa perspectiva moderna para se conectar com o público.

O Ilusões de Risco traz essa veia da nossa carreira, de reinvenção do ilusionismo tradicional com tecnologias como holograma e realidade aumentada. Embora não tenha tanto de tecnologia no quadro do Fantástico. a linguagem é completamente moderna e adaptada ao novo tempo e ao que o público de hoje quer assistir.

Vocês são conhecidos por terem revolucionado o ilusionismo. De que forma ocorreu essa revolução e de onde surgiu a ideia do trabalho de vocês?

Henry Vargas - Percebemos que a mágica deveria se adaptar a esse movimento de transformação do mundo, assim como fez Robert Houdin na França no início do século XIX. Ele queria retirar a mágica das ruas de Paris, em que era tida como uma prática trapaceira, como os jogos de azar, e levá-la para o teatro europeu. Para isso, ele aderiu a uma cartola, um fraque, uma bengala e uma varinha na mão, porque essa era a maneira como as pessoas se vestiam para ir no teatro na época. Ou seja, ele aproximou a mágica do perfil do público daquele momento.

O que fazemos é esse mesmo movimento: aproximar a mágica do perfil das pessoas do mundo atual, que são mais rápidas, inteligentes, querem efeitos mais impactantes, que tenham a ver com elas e levem uma mensagem de uma maneira diferente. Costumamos dizer: ‘Esqueçam coelho, pombo e cartola’. Tudo isso ficou na época do Robert Houdin.

O público brasileiro já viu mágicos e ilusionistas de várias formas. O que o telespectador pode esperar de diferente ao longo dos quatro episódios?

Henry Vargas - Números originais. Embora sejam clássicos, redesenhamos muito deles. Todos têm surpresas ao longo das histórias e das experiências que vamos fazer. Há também um conteúdo bem legal sobre história da mágica, em que contamos de onde surgiram esses desafios, como outros ilusionistas da história tentaram fazê-los e, em alguns casos, chegaram a morrer.

Os quatro episódios estão cheios de surpresas. Não são episódios óbvios, em que o público já prevê qual será o final. São completamente recheados de pontos de surpresa, e em cada um desafiamos uma das forças da natureza, água, terra, fogo e ar, contando também como esses elementos influenciam a nossa vida e, em desequilíbrio, podem causar sérios danos à natureza humana.

Por qual motivo vocês se tornaram parceiros? E o que a parceria acrescentou um ao outro?

Henry Vargas - Decidimos unir forças quando percebemos que tínhamos um propósito muito claro: valorizar a cultura do ilusionismo no país. É para isso que estamos lutando há treze anos. Hoje, essa não é uma arte valorizada e conhecida pelo público. Esse quadro no Fantástico vem nessa direção de levar a mágica para a boca e para a mão das pessoas.

Pós-Fantástico, queremos fazer uma turnê nacional para que tenha isso mais próximo das pessoas. Temos um sonho em que as pessoas sairão de casa para assistir a um espetáculo de mágica, assim como saem para o cinema, um stand up, um show sertanejo. Estamos nesse processo de criar uma cultura sobre o que é ilusionismo e mágica.

Somente para esse projeto no Fantástico, estamos há mais de dois anos trabalhando quase que diariamente. Foram diversas mudanças, centenas de pessoas envolvidas, consultores de fora do país pensando nas experiências conosco. Somos muito exigentes em tudo que fazemos, com o único objetivo de elevar o nível, aumentar a régua da valorização dessa arte, entendendo que isso é um legado que estamos deixando para os futuros ilusionistas que ingressarem nessa jornada.

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