Publicado em 07/03/2020 às 08:21:44
Hebe Camargo, que completaria 91 anos neste domingo (8), deixou um grande legado. Foi a rainha da TV brasileira que deu inicio a um gênero de programa que se proliferou: os femininos.Ela estreou na TV em 1950, quase junto com os primeiros equipamentos da Tupi. Sua identificação com o público feminino começara cinco anos mais tarde.
O Mundo é das Mulheres tinha Hebe como uma das apresentadoras, de um total de cinco (Vida Alves, Wilma Bentivegna, entre outras completavam o time) e entrevistavam um convidado masculino em evidência no momento.
Numa entrevista ao portal Imprensa em 1998, Hebe reconheceu que até então eram os homens que mandavam na TV. "Os donos [da TV] são eles, né? É coisa de homem. De uns 10 anos pra cá [1988-98] é que a mulher começou a crescer, evoluir, participar. A mulher era submissa demais", contou.
Questionada se ajudou a disseminar a participação feminina na TV, foi modesta: "Não sei. Meu programa O Mundo é das Mulheres, nos anos 50, era absolutamente feminista. As mulheres tinham o direito de falar tudo o que queriam, comentar seus problemas".
A ascensão de Hebe como cantora e sua simpatia com o público fez com que ela fosse chamada pela TV Paulista. O papel das mulheres na sociedade já era discutida naquela época. E tudo isso quando a apresentadora tinha apenas 26 anos de idade.
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O Mundo é das Mulheres era criticado, especialmente comparado a programas de entrevistas comandados por mulheres, com teor mais jornalísticos, como o Dia D, de Cidinha Campos, exibido na mesma época pela Record.
Naquele tempo, era claro o desejo de distinção por parte da crítica de TV entre a entrevista jornalística e a de entretenimento. A atração da TV Paulista acabou marcando Hebe também como entrevistadora. Não raramente, ao longo de sua carreira, entrevistou personalidades importantes da mídia, esporte e política.
"Foi o programa mais famoso que eu fiz como apresentadora. Foi aí que ganhei o primeiro Roquette Pinto [troféu extinto que premiava os melhores profissionais do rádio e televisão]. E esse programa sufocou a cantora", lembrou Hebe.
A partir daí, sua nova carreira ganhou forma: "Comecei a ficar mais famosa como apresentadora que cantora. E eu gosto mais de cantar que apresentar. O programa fez muito sucesso porque eram várias mulheres, e um homem como entrevistado que tinha como obrigação de falar sobre as mulheres. Se elas tinham a mesma capacidade que os homens, e eu acho até que naquele tempo, por causa daquele programa, começou o primeiro movimento feminista".
A mesma proposta de O Mundo é das Mulheres, galgado em entrevistas, cantores e debate foi levado aos seus programas anteriores, que continuou com sucesso na Band e SBT, onde esteve em grande parte da carreira.
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