"Quando a gente começa as discussões sociais partindo de pontos que já foram antes comentados, a gente avança a discussão e não permite que tenhamos que conversar mais uma vez sobre o famoso 'somos todos iguais'."
Publicado em 07/03/2023 às 15:15:00
Luellem de Castro deu vida a Mayara no episódio Mancha da série Falas Femininas: Histórias Impossíveis, exibido na Globo nesta semana em que se lembra o Dia Internacional da Mulher. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, a atriz de 27 anos revela o que a aproxima de sua personagem e destaca o recado deixado pelo programa: “Nós mulheres não somos todas iguais”.
“Não temos os mesmos direitos, não recebemos o mesmo respeito e toda luta feminista que se esquece disso é um desserviço”, acrescenta. No episódio que foi ao ar na Globo na segunda-feira (6) e agora disponível no Globoplay, ela dá vida a uma mulher negra que trabalha como empregada doméstica e acaba de passar no vestibular, o que a coloca em conflito com a patroa branca, papel de Isabel Teixeira.
A atriz conta ter recebido muitos relatos de empregadas domésticas sobre situações semelhantes à da personagem. Assim como Mayara, a atriz também teve mãe e avó que desempenharam essa profissão. “O que é um retrato muito comum para pessoas negras no Brasil, que é um país fundado com base escravocrata”, pontua.
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Com 20 anos de carreira, Luellem de Castro já fez Malhação, participações em filmes e séries e também é destaque na comédia Encantado’s, lançada recentemente pelo Globoplay. Ela ainda está nos longas-metragens Grande Sertão: Veredas, de Guel Arraes, e Casamento à Distância, de Sílvio Guindane, que serão lançados em breve. Além de atriz, é cantora e compositora e lançou recentemente o álbum Girassol.
NT: Sua trajetória e a da Mayara são bastante diferentes. Em que sua história de vida se aproxima à história da personagem?
Luellem de Castro: Acredito que o que a gente tem de mais óbvio em comum é o fato de mãe e avó terem sido empregadas domésticas. O que é um retrato muito comum para pessoas negras no Brasil, que é um país fundado com base escravocrata. De resto, tudo o que nos une é subjetivo. A ideia das quedas que transformam, a vontade de fazer a vida ser diferente, essas coisas…
NT: Qual repercussão do episódio Mancha chegou até você? Quais reflexões você percebeu em quem assistiu?
Luellem de Castro: Eu recebi muitos relatos de empregadas domésticas contando sobre a vida delas na profissão. As vezes que tiveram que se pendurar em janelas, as vezes que tentaram mudar de vida e não foram apoiadas por quem dizia que elas eram “quase da família”. Percebi um movimento bacana também das pessoas questionando essa relação patroa e empregada. “Somos amigas ou não?”, “Posso contar com a minha patroa ou não?”. Muito legal ver isso tudo.
NT: Como foi contracenar com a Isabel Teixeira? Foi preciso estabelecer alguma relação com ela para fazer a dobradinha em cena?
Luellem de Castro: A Isabel é um presente! Uma atriz avassaladora e muito generosa. Nossa relação se estabeleceu com um olhar e alguma piadinha boba! Foi muito fácil trabalhar com ela.
NT: Por que é importante dedicar este mês de março a um recorte social e racial ao se falar sobre as lutas femininas?
Luellem de Castro: É importante para que a gente não volte atrás nas discussões. Eu tenho a sensação de que quando algo horrível acontece as pessoas dão atenção na hora, mas um tempo depois se esquecem. O Brasil é um país que tem na sua trajetória a prática do apagamento da história.
"Quando a gente começa as discussões sociais partindo de pontos que já foram antes comentados, a gente avança a discussão e não permite que tenhamos que conversar mais uma vez sobre o famoso 'somos todos iguais'."
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Nós mulheres não somos todas iguais, não temos os mesmos direitos, não recebemos o mesmo respeito e toda luta feminista que se esquece disso é um desserviço.
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