Publicado em 20/11/2022 às 18:19:00,
atualizado em 20/11/2022 às 18:19:34
Uma quadrinista brasileira identificada como Mary Cagnin usou sua página no Twitter para acusar a Netflix de ter plagiado seu HQ, chamado Black Silence, para produzir a série 1899, que estreou na última quinta-feira (17) e é dos mesmos criadores de Dark.
Na madrugada deste domingo (20), a autora e ilustradora levantou suspeitas que repercutiram nas redes sociais. "O dia que descobri que a série 1899 é simplesmente IDÊNTICO ao meu quadrinho Black Silence, publicado em 2016", disse ela, no início do "fio" de postagens.
"Está tudo lá: A pirâmide negra. As mortes dentro do navio/nave. A tripulação multinacional. As coisas aparentemente estranhas e sem explicação. Os símbolos nos olhos e quando eles aparecem. As escritas em códigos. As vozes chamando por eles. Detalhes sutis da trama, como dramas pessoais dos personagens, incluindo as mortes misteriosas", emendou.
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Na sequência, Mary contou que, em 2017, foi convidada pela embaixadora brasileira a participar da Feira do Livro de Gotemburgo, um evento internacional famoso e influente na Europa, segundo ela. "Participei de painéis e distribuí o quadrinho Black Silence para inúmeros editores e pessoas do ramo. Não é difícil de imaginar o meu trabalho chegando neles. Eu não só entreguei o quadrinho físico como disponibilizei a versão traduzida para o inglês".
"Já chorei horrores. Meu sonho sempre foi ser reconhecida pela meu trabalho nacionalmente e internacionalmente. E ver uma coisa dessas acontecendo realmente parte meu coração. Sabemos que no Brasil temos poucas oportunidades para mostrar nosso trabalho e ser reconhecido por ele", continuou, ainda com imagens comparando a série com seu HQ.
Ainda no Twitter, Mary Cagnin disse que teve uma oportunidade que muitos quadrinistas não conseguem, de mostrar seu trabalho para o público internacional. A autora afirmou que deu palestras, falou sobre o plot de sua história e apresentou sua criação para pessoas influentes da área.
"Obviamente, Black Silence é uma obra curta, quase um conto. É muito fácil, em 12h de projeção da série, diluir todas essas 'referências', mas a essência do que eu criei está lá", acusou ela, se referindo a 1899, da Netflix.
A quadrinista disponibilizou seu HQ para leitura online e pediu que os internautas tirem suas próprias conclusões e a ajudem a coletar similaridades entre as obras, além de dizer que gostaria que o assunto repercutisse na mídia.
"A gente não pode achar que só porque somos brasileiros devemos aceitar esse tipo de menosprezo e indiferença. Temos inúmeros casos de gringos copiando a gente em filmes, séries e músicas. Como o caso do filme As aventuras de Pi, que foi copiado de um livro brasileiro", continuou.
Ela concluiu: "Já cansei de chorar. Agradeço a todos que leram até aqui e a todos meus leitores por todo o apoio que recebo. Inúmeras pessoas no inbox do Insta comentando sobre as similaridades. Vou ver os procedimentos que devo tomar. Se é que é que há algo que possa ser feito".
Ambientada no fim do século 19, 1899 reúne ingredientes como mistério, mitologia e reviravoltas para narrar histórias de imigrantes que viajam em um navio rumo aos Estados Unidos. Segundo o casal alemão Jantje Friese e Baran bo Odar, criadores de Dark e da nova produção, a trama segue a linha de "quebra-cabeça" e o público receberá pistas e símbolos que serão entendidos no final.
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