Há 30 anos, estreava a novela Sonho Meu, substituta original de Mulheres de Areia às 18h na Globo. Nunca reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, a trama contava a história da pequena Laleska (Carolina Pavanelli) e a luta de sua mãe, Cláudia (Patrícia França), para ficar com a menina.
Nos bastidores, um entrecho da história causou polêmica. Em entrevista ao NaTelinha em 2021, o autor Marcílio Moraes revelou que a direção da Globo implicou com o fato de que, no decorrer da história, a protagonista se torna bígama. Por isso, alguns acontecimentos da trama foram antecipados.
O objetivo da mocinha ao se casar com Lucas (Leonardo Vieira), além de viver com o homem que amava, era também conseguir a custódia de Laleska e se livrar da perseguição do ex-marido, Geraldo (José de Abreu). O motivo era nobre, mas ainda assim causou polêmica.
O autor comentou, há dois anos, quando a novela ganhou sua primeira e única reprise, no Canal Viva: “Para conseguir ficar com a filha e não ser agredida pelo primeiro marido, a protagonista acaba enganando o mocinho. Isso estava muito bem colocado e tenho certeza que os telespectadores estavam do lado dela, entendiam o problema daquela mulher”.
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“Só que alguns babacas da Globo vieram com um papo de machista-corno de que era um mau exemplo a mulher mentir para o homem que ama. Houve essa interferência, alguns acontecimentos foram antecipados, o que atrapalhou um pouco a história.”
Ele também lembrou que a premissa nasceu de um pedido da Globo para adaptar duas novelas de Teixeira Filho: A Pequena Órfã (1969) e Ídolo de Pano (1974), exibidas com sucesso na Tupi, assim como ocorreu com Mulheres de Areia. “Dessa mistura, surgiu uma novela inteiramente diferente.”
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Sonho Meu recebeu críticas da imprensa e até de ator do elenco
Apesar do sucesso de audiência – foi a novela das seis com o segundo melhor Ibope dos anos 1990, perdendo apenas para Mulheres de Areia –, Sonho Meu enfrentou outros problemas nos bastidores. Em entrevista na época, José de Abreu reclamou dos rumos de seu personagem:
“É o pior trabalho que já fiz. A trama não tem pé nem cabeça, está repleta de contradições. O próprio Geraldo é um personagem esquizofrênico. Um dia, dá porrada. No outro, chora como criança. Parece que os autores do texto não conversam entre si.”
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José de Abreu para Folha de S. Paulo em abril de 1994
A imprensa também não poupou a atração. A jornalista Esther Hamburguer, da Folha de S. Paulo, escreveu: “Sonho Meu peca pelo exagero com que realiza uma fórmula já saturada pela emoção. O excesso tira o brilho do conto de fadas e reduz sua fantasia a uma inútil lição de moral”.
Já um crítico do jornal O Globo disse sobre a então novela das seis: “A direção é comum; a história, sem graça; e o elenco, muito mal aproveitado”. O mesmo texto apontava que “nenhum quesito compensa o outro” e ainda classificava a trama como “over em todos os sentidos”.
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Confira a abertura da novela Sonho Meu, exibida há 30 anos:
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