Entrevista exclusiva

Protagonista em 1982, Esther Góes comenta remake de Elas por Elas: "Muita coisa mudou"

Veterana opina sobre representatividade e temas abordados na nova versão da novela


Esther Góes
Esther Góes interpretou Adriana na primeira versão de Elas por Elas; aos 77 anos, atriz tem projetos no cinema e no teatro e vai ministrar curso em outubro - Fotos: Divulgação/Globo e Reprodução/Instagram
Por Walter Felix

Publicado em 26/09/2023 às 05:00,
atualizado em 26/09/2023 às 09:41

Esther Góes soube que Elas por Elas, novela de sucesso em 1982, ganharia um remake por um amigo, Juliano Dip, que é jornalista e ator. Os dois foram colegas de cena no espetáculo teatral Ubu Rei, um dos trabalhos mais recentes da veterana atriz nos palcos. Na primeira versão da trama – cuja adaptação estreou nessa segunda-feira (25), na Globo –, ela deu vida a Adriana, uma das protagonistas.

“Imagino que a novela terá como tema as questões das mulheres na atualidade, que incluem a representatividade negra e trans, por exemplo. Muita coisa mudou e pode ser evidenciada”, comenta Esther Góes, em entrevista exclusiva ao NaTelinha. Seus últimos trabalhos na TV foram na Record – a novela mais recente foi Gênesis (2021).

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Ela detalha sua percepção sobre o original: “Em 1982, a novela se passava entre famílias ricas, burguesas, e outras não abastadas, o fator social estava presente. Meu personagem enfrentava dificuldades financeiras e preconceitos. Mas o tecido da narrativa era suave, escorregava sutilmente, e havia também muito humor em outros cenários da novela. Não sei se o mesmo tom será mantido, já que as questões sociais são hoje tratadas de forma bem mais contundente”.

Protagonista em 1982, Esther Góes comenta remake de Elas por Elas: \"Muita coisa mudou\"

Na primeira versão, todas as sete amigas eram brancas e cisgênero. Agora, há uma mulher trans, Renée (Maria Clara Spinelli), e uma modelo negra e bem-sucedida Taís (Késia). Mário Fofoca, personagem de Luís Gustavo (1934-2021), ganha nova vida com Lázaro Ramos. Já Adriana agora é interpretada por Thalita Carauta.

Sobre o novo elenco, a primeira intérprete de Adriana diz: “Não posso opinar sobre a nova escalação. Não acompanho o trabalho de tantas jovens e talentosas atrizes! Desejo a todas um bom divertimento com a nova Elas por Elas!”.

Aos 77 anos, Esther Góes se dedica a trabalhos no teatro e no cinema. Atualmente, se prepara para ministrar um curso presencial de teatro que envolve a obra do escritor francês Guillaume Apollinaire (1880-1918). As aulas serão em outubro, em São Paulo (SP). Para saber mais, acesse o perfil da atriz no Instagram ou o site do Museu da Imagem e do Som.

“O tema da liberdade da mulher estava em pauta”, diz Esther Góes sobre primeira versão de Elas por Elas

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Esther Góes guarda boas lembranças da primeira versão. “Elas por Elas foi uma novela encantadora, feminina, realizada num momento em que o tema da liberdade da mulher estava em pauta. Meu personagem, Adriana, era uma veterinária, tinha uma clínica para cachorros, eu adorava estar com eles em cena, era bem divertido tê-los no colo ou lambendo a minha cara durante as cenas.”

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A personagem estava envolvida em um mistério. “Adriana tinha como perfil o da mulher que cria sozinha uma filha adolescente e meio complicada, cujo pai ninguém sabe quem é”, relembra a atriz.

No original, duas das amigas tiveram seus filhos trocados na maternidade. Adriana criou Míriam (Tássia Camargo), que era filha de Helena (Aracy Balabanian). Esta, por sua vez, acredita ser a mãe de Gil (Lauro Corona). Ambos filhos de Jaime (Carlos Zara), que se envolveu com as protagonistas no passado, os dois jovens se apaixonam.

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A não resolução do conflito ao final da história surpreendeu Esther Góes na época. “Por algum motivo só dele, o Cassiano Gabus Mendes (1929-1993) [autor da novela original] renunciou à troca, e o final ficou como estava, esse desfecho não foi cumprido. Eu achei que foi porque os filhos estavam muito bem como estavam. Por exemplo, eu e a Tássia nos demos muito bem como mãe e filha, foi um convívio bem bacana, a dupla funcionava muito bem.”

“Adriana sintetizava a mulher que arca com seu destino sozinha, com seus próprios recursos, como mãe solteira. Era um personagem doce, com viés romântico, se via que tinha se apaixonado pelo cara errado, e tido a filha sem apoio. À responsabilidade de criar sozinha se somava a dificuldade de uma filha que cobrava ter um pai. As circunstâncias mais detalhadas disso não ficaram claras na novela. Mas a personagem era muito querida pelo público, recebia a simpatia de todos, um excelente personagem. Gostei muito dela.”

Esther Góes

A veterana segue Tássia Camargo no Instagram, mas perdeu contato com os demais colegas da novela exibida há 41 anos. “Tenho belas lembranças de todos, mas não dividi a cena com eles depois. Acompanhei seus trabalhos como espectadora, e os acontecimentos pessoais, os bons e os muito tristes, da história pessoal de cada um. Abraço a todos eles neste momento!”

Veja uma foto recente de Esther Góes em projeto para o cinema:

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