Publicado em 10/08/2023 às 05:45:00,
atualizado em 10/08/2023 às 10:07:42
Vai na Fé, que terá seu último capítulo exibido na sexta-feira (11), cumpriu sua missão na Globo. A trama de Rosane Svartman conquistou o público do sofá, engajou nas redes sociais, teve sucesso comercial e manteve uma audiência digna de novela das nove.
Na última terça-feira (8), por exemplo, o folhetim bateu um novo recorde e alcançou 27,8 pontos de média na Grande SP de acordo com dados da Kantar Ibope obtidos pelo NaTelinha através de fontes do mercado.
No TikTok, a obra ganhou mais de 19 mil vídeos apenas com duas músicas de Lui Lorenzo (José Loreto), que também fez sucesso nas plataformas digitais. Já no Twitter, o número de menções da atração chegou a ser 10 vezes maior que o de Cara e Coragem (2022). Entre o protagonismo da periferia e a preferência do público jovem, confira cinco motivos que tornaram Vai na Fé um fenômeno:
Os números de audiência registrados por Vai na Fé na última terça-feira foram o maior ibope de uma novela das sete nos últimos dois anos. Antes mesmo de seu desfecho ir ao ar, a trama de Rosane Svartman superou os melhores índices de Quanto Mais Vida, Melhor (2021) e Cara e Coragem.
No dia do recorde, a história de Sol (Sheron Menezzes) deu uma audiência três vezes maior que a da Record, emissora que ficou em segundo lugar com oito pontos. O SBT, no mesmo horário, marcou apenas 4,1.
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No ICAES, faculdade de Direito de Vai na Fé, acontecem diversas discussões sobre os conflitos dos jovens negros e periféricos, como é o caso de Jenifer (Bella Campos) e Yuri (Jean Paulo Campos). O rapaz chegou a ser preso injustamente duas vezes, em sequências que trataram do racismo policial.
Em entrevista ao jornal O Globo, Tcharly Briglia, pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA), disse que a trama não é panfletária, e sim capaz de conciliar entretenimento e uma espécie de didatismo ao propor debates que estão na ordem do dia.
"Convida o público para a discussão sem virar palestra, sem perder sua autenticidade. As questões são abordadas com a seriedade e a leveza necessárias para engajar o jovem", explicou o estudioso.
Um dos nomes apontados como responsáveis pelo engajamento de Vai na Fé nas redes sociais, MC Cabelinho chegou a ser o segundo ator da trama mais buscado no Google, perdendo apenas para Mel Maia, intérprete de Guiga. O funkeiro, listado sempre entre os coadjuvantes que brilham em cena, fez com que o público jovem sentasse à frente da TV para conferir a novela.
Nascido no conjunto de favelas do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o cantor celebrou o sucesso em entrevista ao Gshow: "Meus fãs estão me acompanhando na novela e felizes com meu progresso. Eles já acompanhavam desde Amor de Mãe e, de lá para cá, meu público cresceu. Agora tem mais gente falando sobre o Hugo do que era com o Farula. Fico muito feliz quando eles perguntam quando eu vou aparecer mais. É bom saber que eles acompanham, assim como escutam a minha música".
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Em 2019, Rosane Svartman se deu conta de que, de cada 10 espectadores de Bom Sucesso, sete se definiam como evangélicos. Pensando nisso, a autora conseguiu criar uma história que não retrata essa camada da população de maneira pejorativa, como aconteceu em outras produções.
A escritora ganhou a aprovação dos evangélicos com Sol, uma mãe de família batalhadora e frequentadora de uma igreja neopetencostal. Na ficção, a mocinha se divide entre a fé e o trabalho nos palcos de Lui Lorenzo, o que fez com que muitos telespectadores se vissem na protagonista.
Com atores negros nos papeis principais, Vai na Fé se estabeleceu como a novela das sete que mais gerou receitas para a Globo na história. Segundo a Folha de S.Paulo, a obra conquistou 15 patrocinadores e teve mais de 60 ações publicitárias vinculadas à ela.
Samuel de Assis, o Ben, comemorou o fato de 70% do elenco ser negro em uma trama que não fala sobre escravidão. "É uma novela especial, um elenco imenso de atores pretos. Quase 70% do elenco é preto e não é uma novela de escravos. Isso já é um marco. Atores pretos em lugares não marginalizados. São personagens bem sucedidos, trabalhadores e tipicamente brasileiros". A produção apostou na representatividade e caiu nas graças do público.
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