Mar do Sertão estreia na Globo com o peso de ser Pantanal das seis

A estreia de Mar do Sertão na próxima segunda-feira (22) leva consigo um peso muito maior que o simples começo de uma nova novela das seis. Ainda que lançar uma mocinha, como Isadora Cruz, esteja se tornando comum no horário, os desafios também vão além de um novo rosto como protagonista. A trama de Mário Teixeira e com direção artística de Alan Fiterman substitui Além da Ilusão com o maior de todos os desafios na faixa em muitos anos: o de ser a versão light de Pantanal.

Quando José Luiz Villamarim assumiu a direção de dramaturgia da Globo a fila dos três horários estava definida por seu antecessor, Silvio de Abreu. Com a pandemia, as mudanças que fatalmente aconteceriam foram travadas, mas a nova cúpula do departamento teve tempo para reformular sinopses já aprovadas, como foi o caso de Mar do Sertão. Nitidamente inspirada em O Conde de Montecristo, a produção ganhou mais investimentos, inclusive na escolha de elenco com o objetivo de atingir o mesmo sucesso da novela das nove.

Normalmente uma produção da Globo não pode se dar ao luxo de errar por tudo o que ela representa. No caso de Mar do Sertão é ainda maior a responsabilidade. Novelas das seis não costumam receber tanta atenção, do ponto de vista financeiro e também em divulgação dentro dos programas do canal, como vem acontecendo e, no caso de fracasso, o teste feito pela direção de dramaturgia pode não se repetir para as próximas. Ter um programa todo dedicado, como aconteceu com o Globo Repórter na última sexta-feira (19), para uma novela desse horário é muito raro e mostra o tamanho da aposta do canal.

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Como se não bastasse o aporte financeiro, Mar do Sertão manteve a tendência, que está ficando histórica no horário e lançou uma mocinha. Se Além da Ilusão marcou a estreia de Larissa Manoela na emissora, já como protagonista, a próxima trama apresentará ao telespectador Isadora Cruz, fazendo seu debute no canal. E ela não é a única. Cumprindo o objetivo de colocar mais o Brasil para o brasileiro conhecer, Villamarim pediu que o elenco tivesse parte significante natural da região em que se passa a história e o pedido foi atendido para garantir o sotaque legítimo. A mocinha, inclusive, afirmou no Globo Repórter que, antes desse trabalho, chegou a ser orientada para neutralizar seu sotaque.

Mar do Sertão não pode errar

Nos bastidores da Globo fala-se que Mar do Sertão estreia com a maior das responsabilidades: não errar. A equipe sabe do desafio e corre para atingir a audiência satisfatória para a faixa. Por falar em audiência, o tema ganhou importância após o final de Além da Ilusão. A história de amor de Davi (Rafael Vitti) e Isadora (Larissa Manoela) terminou com 19,1 pontos e melhorou o desempenho do horário em dois pontos, na comparação com Nos Tempos do Imperador (2021).

Embora ninguém da equipe fale de números, a ideia é que Mar do Sertão pelo menos mantenha os índices da antecessora. A tarefa não será fácil porque a história vai ao ar num momento difícil, enfrentando as Eleições 2022 e todos os feriados de fim de ano, quando o número de televisores ligados é mais baixo.

Outro ponto que a produção terá de lidar é manter o protagonismo nas conversas. Se Pantanal é um fenômeno de conversa nas redes e nas ruas, Além da Ilusão chegou a competir com o folhetim das nove em termos de repercussão. A tarefa, no entanto, não será fácil. Se por um lado, a atual produção das nove está chegando ao final em outubro, a competição de Mar do Sertão por atenção se dividirá com Travessia, a nova novela das nove, e com a campanha nas Eleições 2022, que vive um momento de polarização.

A história de Mar do Sertão

A próxima novela das seis mostra a Fazenda Palmeiral, local onde vive Deodora (Debora Bloch), ao lado do marido, o coronel Tertúlio (José de Abreu)! No mesmo lugar, trabalha Zé Paulino (Sérgio Guizé), que vai se envolver num enrosco daqueles quando Tertulinho (Renato Góes), filho do coronel, voltar da capital e se apaixonar por Candoca (Isadora Cruz) sua noiva!

Um acidente acontece e Paulino será dado como morto. Anos se passam e Candoca acabou se casando com Tertulinho e nem imagina que seu malvado caiu numa conspiração e está vivo. Assim, ele volta disposto a se vingar de todos, mas fica mexido ao ver seu grande amor.

A história se desenrola em Canta Pedra, um lugar que, segundo contam, já foi mar e virou sertão. Assim, a profecia de Antonio Conselheiro de que o sertão vai virar mar é uma esperança para os moradores da pequena cidade fictícia da trama: há muito tempo, o povo espera pela chuva enfrentando as dificuldades impostas pela seca.