Neste domingo (10), Selva de Pedra (1972) completa 50 anos. A trama, que teve como tema a ambição pelo poder, consolidou Janete Clair (1925-1983) como grande autora popular e obteve a maior audiência da história da televisão brasileira até então. No Rio de Janeiro, segundo registro do Ibope na época, o folhetim atingiu 100% de share (número de televisores ligados no horário) no capítulo 152, que foi ao ar no dia 4 de outubro daquele ano.
O episódio histórico exibiu o momento em que Rosana Reis (Regina Duarte) revela sua verdadeira identidade e admite que, na verdade, é Simone Marques. Decepcionada e pensando que Cristiano (Francisco Cuoco) estava planejando assassiná-la, a artista plástica aproveitou um acidente de carro para fazer com que todos acreditassem que ela estava morta, mas quem não escapou foi Madalena (Tamara Taxman), sua empregada.
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A farsa acaba quando, chamada para depor e colaborar com a investigação do desaparecimento da funcionária, a personagem é confrontada pelos pais da moça e por uma testemunha da tragédia e admite ter se aproveitado do ocorrido para começar uma vida nova.
Na produção, Cristiano, seduzido pelo poder, põe em risco sua felicidade ao lado de Simone e deixa com que a ambição o aproxime de Miro (Carlos Vereza), vilão capaz de tudo para eliminar qualquer obstáculo que atrapalhe a ascensão social do colega e, por tabela, a sua própria. Foi o mau-caráter, inclusive, o responsável pela armação que fez a personagem de Regina Duarte achar que o amado queria vê-la morta. Tal mentira contribuiu para que o casal de protagonistas passasse boa parte da história separado.
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Francisco Cuoco foi muito elogiado por seu desempenho na obra de Janete Clair, que já o tinha como um de seus atores preferidos. Selva de Pedra também marcou a estreia de Gloria Pires, na época com oito anos, em novelas da Globo e foi o primeiro trabalho de Kadu Moliterno na emissora carioca.
O ator conta que, incentivado por uma amiga, bateu na porta da casa da escritora e conseguiu um papel da trama porque ela achou que ele tinha a cara de um personagem que ela estava escrevendo no momento.
Selva de Pedra teve história modificada por censura à "bigamia"
Como a morte de Simone foi forjada, a censura ordenou que Janete Clair mudasse a trama de Selva de Pedra para que Cristiano não se casasse com Fernanda (Dina Sfat - 1938-1989). A produção do folhetim tentou argumentar dizendo que o personagem achava que havia ficado viúvo e, por isso, assumiria um novo compromisso, mas os censores não aceitaram a justificativa, alegando que o público sabia que a artista plástica estava viva e isso configuraria bigamia.
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Em entrevista ao UOL, em 2013, Boni, ex- superintendente de produção e programação da Globo, contou os dribles que ele, a autora e o diretor tiveram que dar na censura para que a novela não mudasse de horário nem fosse interrompida.
"Quando os argumentos falhavam, tínhamos que executar as mudanças necessárias para não sair do horário. O custo das regravações era extremamente inferior do que jogar fora audiência do horário e perder as verbas publicitárias. Muitas vezes as alterações obrigavam os autores a um exercício de criatividade que assustava por ter virado rotina. Em Selva de Pedra, as soluções foram discutidas comigo pela Janete Clair e o Daniel Filho."
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Na história, Cristiano, sentindo-se responsável pela morte de Simone, abandona Fernanda no altar. A personagem de Dina Sfat enlouquece e passa a perseguir o amado, terminando internada em uma clínica psiquiátrica.
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