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"Selva de Pedra" começa sombria e não abre mão de universo de Janete Clair

Direção seguiu um caminho, mas roteiro optou por manter estilo da "maga das oito"


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Protagonistas de "Selva de Pedra" - Foto: Reprodução/Viva

O Viva começou a reprisar nesta semana a novela “Selva de Pedra” (1986), remake da obra homogênea de Janete Clair, considerada pela maioria dos estudiosos do formato como a principal novelista do Brasil. Regina Braga e Eloy Araújo tiveram a missão de recontar a história de Cristiano e Simone/Rosana.

Cristiano Vilhena (Tony Ramos) é um homem ambicioso, disposto a lutar por um lugar na sociedade. O jovem vive com os pais – Sebastião (Sebastião Vasconcelos) e Berenice (Yara Lins) – em Duas Barras, no interior do Rio de Janeiro. Um dia, Cristiano se envolve em uma briga com um playboy da cidade, Gastão Neves (Marcelo Ibrahim). O playboy puxa uma faca e, acidentalmente, morre vítima de sua própria arma. Desesperado, Cristiano foge para o Rio de Janeiro, acompanhado da escultora Simone (Fernanda Torres), a única pessoa que presenciou o confronto entre os dois rapazes, testemunha da inocência de Cristiano. Ela foge com ele, os dois se apaixonam e se casam no Rio de Janeiro.

Essa é a premissa do enredo. Apesar de não ter assistido, registros históricos apontam que a versão de 1972 tinha uma pegada mais romântica, estilo que Janete Clair usava e abusava antes de escrever “Pecado Capital” (1975). O remake, pelo menos na exibição dos primeiros capítulos que acompanhei no Viva, tem um ar mais sombrio.

Pode parecer difícil identificar traços da direção em cima de um roteiro, mas não é. Walter Avancini foi um dos diretores mais autorais da dramaturgia brasileira e ficou clara sua tentativa de trazer uma linguagem diferenciada, pesando um pouco a mão. Não enxergo a ousadia ruim, pelo contrário, é preciso buscar o diferente, o novo. Porém, o roteiro e a história indicavam uma coisa e a direção seguia para outro caminho.

Nos capítulos iniciais, é nítida a intenção das autoras de reviver o universo de Janete Clair, levando o jeito solar e romântico da autora. Os ganchos e os caminhos melodramáticos são jogados na mesa já de início e a história rocambolesca é um prato cheio para prender o público na frente da televisão.

Um dos maiores acertos é que os atores conseguiram embarcar no universo e desde a primeira cena é possível se apaixonar pelos protagonistas. Tony Ramos e Fernanda Torres formaram uma parceria invejável.

É complicado analisar um produto que já passou na televisão e que existem estudos e análises em relação ao conjunto da obra. Porém, volto a repetir, pelo o que foi apresentado nos primeiros capítulos, temos uma história interessante. Vale a pena ficar ligado.

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