Por que a Globo colocou um ponto final em Malhação

Muita gente foi pega de surpresa com a notícia de que a Globo acabou com Malhação, divulgada na última terça-feira (28). Mas a decisão foi muito maturada pela nova cúpula da emissora e contou com respaldo de todos os departamentos, que já vinham estudando finalizar a novelinha teen. A audiência rotativa foi o principal motivo, já que um estudo concluiu que a trama atrapalha a grade horizontal, criada por Boni e que fez da Globo uma potência.

O NaTelinha já havia antecipado que estudos indicavam que o ideal era a emissora colocar um ponto final em Malhação, embora a casa tenha chegado a divulgar extra-oficialmente que uma nova temporada já vinha sendo preparada, mas tudo não passou de encenação. Nos corredores dos Estúdios Globo todos sabiam que Sonhos seria a última temporada, mesmo que em reprise, exibida do formato.

Isso porque, um estudo encomendado pela direção de programação, sob o comando de Amauri Soares, mostrou que Malhação é o calcanhar de aquiles da grade noturna porque não ajuda no Ibope. Segundo os dados a que o NaTelinha teve acesso, a trama tem audiência muito semelhante ao do Vale a Pena Ver de Novo e se escora na reprise, mas mais do que isso, ela não agrega público para a próxima faixa.

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Num dos trechos do documento é possível perceber que o telespectador padrão de Malhação - o adolescente e jovem - até liga a TV para assistir quando se trata de uma temporada de relativo sucesso, mas ele não permanece na Globo para acompanhar o restante da programação. Isso é tudo que a nova direção da emissora não quer porque atrapalha a grade horizontal.

Malhação e a grade horizontal

Quando a Globo ainda era comandada por Boni, no fim dos anos 70 e início dos 80, o todo-poderoso criou um termo chamado grade horizontal, que nada mais é do que uma programação agregadora. Isso significa que o programa no ar deve servir de sala de espera para o próximo e assim sucessivamente, até a novela das 21h e o Jornal Nacional, as meninas dos olhos da emissora.

Isso é tudo que Malhação não faz. Segundo o estudo, o público-alvo da novelinha teen simplesmente abandona a Globo quando o capítulo termina e deixa a novela das 18h dependendo somente de si para atrair mais telespectadores, além dos que já tem do Vale a Pena Ver de Novo. Nesse formato, manter Malhação no ar se torna contraproducente porque ele atrapalha a elevação de público.

Malhação e a novela das 18h

O estudo indicou ainda que o ideal para a faixa das 18h é um programa que tenha o mesmo público da novela das 18h, não necessariamente o Vale a Pena Ver de Novo. Mas o próprio documento indica que, caso comece meia hora mais tarde, a faixa de reprises da Globo pode chegar a picos de 25 pontos no momento de entregar para a novela, o que daria uma vantagem e tanto.

Diante deste cenário, Ricardo Waddington foi convencido que o ideal era encerrar o formato na TV aberta porque ele mais atrapalha que ajuda e, pior, prejudica o crescimento das novelas que realmente pagam as contas, por isso não poderia haver sentimentalismos numa decisão desse porte. Foi neste momento que ele bateu o martelo e enterrou a novelinha teen.

Malhação e o próximo passo

Na Globo ninguém sabe ainda o que vai acontecer. O NaTelinha falou com duas fontes e nenhuma confirmou a possibilidade de existir duas faixas no Vale a Pena Ver de Novo, mas também não descartam a ideia. Por outro lado, existe a possibilidade do Vídeo Show retornar, um pouco mais tarde, por volta das 17h e servir de sala para a reprise de novelas, assim como um novo programa. Existe até o caminho de um novo projeto de dramaturgia que foi apresentado por um autor, mas que está em fase de estudos e tem pouca chance de prosperar neste momento.

Mas Malhação não foi morta e não será enterrada como muitos pensam. Ricardo Waddington deu a ordem para que a novela seja mantida dentro do Globoplay, mas em outro formato. Agora, a direção da emissora, em parceria com o streaming, estão criando um projeto para definir como será a nova Malhação, da internet. E ela deverá ser lançada com toda a pompa, já que a intenção é transformá-la num fenômeno como outras produções teen do mundo.