Publicado em 23/11/2020 às 05:06:00
Longe das novelas há oito anos, Nuno Leal Maia celebra a volta de Top Model, em cartaz no Globoplay a partir desta segunda-feira (23). O ator de 73 anos é só elogios à história escrita por Antônio Calmon e Walther Negrão, grande sucesso entre 1989 e 1990. Sobre os folhetins mais recentes, ele sequer pode opinar, já que não assiste a nenhum deles. “Passo batido”, revela o veterano, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
Na trama exibida há 30 anos, Nuno Leal Maia é o surfista quarentão Gaspar Kundera, que mora em uma casa de praia com os cinco filhos – todos batizados em homenagens a ícones da música e do cinema. “Top Model foi uma das novelas das mais simpáticas e agradáveis que eu fiz. Gravamos muito na Praia da Macumba, no Rio, onde eu passava o dia conversando com a garotada. Tudo o que cercava aqueles bastidores era muito gostoso.”
Curiosamente, o contato mais estreito do ator é com um dos garotos que não seguiu carreira artística: Henrique Farias, intérprete do pré-adolescente Ringo Starr, hoje advogado. O veterano recorre ao filho da ficção quando precisa de consulta jurídica. Já com o caçula do clã, Ígor Roberto Lage, o pequeno John Lennon da novela, só teve um reencontro, há dois anos, promovido na TV pelo apresentador Gugu Liberato (1959-2019).
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Com Gabriela Duarte (Olívia), Marcelo Faria (Elvis Presley) e Carol Machado (Jane Fonda), os encontros foram casuais, já que o trio permaneceu com trabalhos recorrentes no teatro e na TV. Nuno lamenta a morte recente de Cecil Thiré (1943-2020), com quem já havia trabalhado entre as décadas de 1970 e 1980 em Champagne (1983), no humorístico Planeta dos Homens e em uma montagem do espetáculo Doce Pássaro da Juventude.
Em Top Model, Cecil era o vilão Alex Kundera, irmão e arqui-inimigo de Gaspar. “Fomos grandes rivais na novela, mas, fora de cena, éramos muito amigos. Tínhamos o mesmo carro na época; ele tinha um Gurgel grandão e eu, um pequeno, e trocávamos muito sobre isso. Cecil ficou muito mal depois da morte da mãe [a também atriz Tônia Carrero (1922-2018)] e, infelizmente, nos deixou muito cedo.”
Além do público nostálgico que vai querer matar as saudades de Duda (Malu Mader) e cia., Nuno Leal Maia aposta no sucesso da trama com a juventude de 30 anos depois. “A novela não envelheceu. Surfe ainda está na onda. O surfista ainda é um personagem querido por todos, porque defende o meio-ambiente, o mar. A história de Top Model ainda está bem viva.”
O ator, que protagonizou grandes sucessos na Globo, especialmente na década de 1980, está longe das novelas desde Amor Eterno Amor (2012). À exceção de títulos pontuais – ele assistiu com gosto a Roque Santeiro (1985) e Avenida Brasil (2012), por exemplo –, o veterano nunca foi fã do gênero.
“Não vejo novela. Mesmo naquela época, eu só assistia às que eu fazia, para acompanhar o meu trabalho. As da Globo, de agora, também não tenho interesse, passo batido. Não é o meu gênero como espectador. Prefiro os filmes, obras fechadas. Imagino que agora as novelas também passarão a ser obras fechadas, porque, por conta da pandemia, dificilmente vão poder fazer obra aberta”, opina.
Com projetos parados no teatro desde o início da proliferação da Covid-19, Nuno Leal Maia viveu um mago em participação especial na série infantil Bugados, do canal pago Gloob. As gravações foram concluídas na semana passada e devem ir ao ar em breve. “Foi bem difícil de fazer. Trabalhei com muita barba, peruca, sobrancelha postiça. Mas foi um trabalho muito bacana, espero que o personagem volte em outros episódios.”
Bugados foi mais um entre seus trabalhos voltados ao público infantojuvenil. Ele também fez sucesso, além de Top Model, em títulos como Vamp (1991) e Malhação, participando de várias temporadas da novelinha teen como o Professor Pasqualete, severo diretor do colégio Múltipla Escolha. Contudo, o ator nega predileção por trabalhar com os mais jovens.
“Não vejo diferença. A atuação é atuação. O importante é exercitar a interpretação, aprimorar o meu trabalho. Mas tanto faz trabalhar para velho, criança, qualquer tipo de público. Trabalhamos com ser humano, então tanto faz a idade. Ainda não fiz peça em uma casa de repouso, mas adoraria (risos).”
Apesar de não ser fã do gênero, Nuno Leal Maia não descarta seu retorno aos folhetins, caso os convites apareçam. “Esse meu afastamento das novelas foi por uma opção deles [da Globo]. Não interferi em nada, não decidi nada. Vou trabalhando. Quando me chamam para trabalhar, eu faço. Escolho o que é legal.”
Se ele tem saudade de fazer novelas? “Saudade eu tenho até da minha infância, da minha adolescência (risos). Sinto saudade de tudo o que eu realizei. Seria maravilhoso se a gente pudesse voltar no tempo... Sou um eterno saudosista”, brinca.
Mesmo toda essa nostalgia não o fará rever Top Model no Globoplay. O artista não conhece a plataforma de streaming e também não se interessa em assiná-la. “Tem que pagar para ver? Então, não. Não que a novela não valha a pena, mas já pago a TV por assinatura. Acho uma sacanagem pagar para ver outras coisas. Para acompanhar o futebol, cada campeonato é um preço. Se eu for assinar tudo o que a televisão oferece, vou pagar mais de R$ 600 por mês. Não dá”, crava.
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