Publicado em 04/10/2019 às 06:35:10
“Avenida Brasil" volta ao “Vale a Pena Ver de Novo” na próxima segunda-feira (07) e a expectativa é de que a trama conquiste alta audiência e repercussão à exibição original, que ocorreu no horário mais nobre da Globo em 2012. O fenômeno foi tanto que o último capítulo da trama de João Emanuel Carneiro quase deixou o Brasil às escuras.
Vários veículos de comunicação noticiaram a apreensão da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) sobre o consumo energético no país após o último capítulo e de que havia risco de apagão por causa da novela. A explicação dada pelos técnicos era de que, como praticamente todos os brasileiros estariam reunidos assistindo à novela, nos primeiros minutos após o fim, a população retornaria às suas atividades normais, como tomar banho, ligar o ventilador, abrir a geladeira. O crescimento no consumo de eletricidade em tantos pontos simultaneamente poderia gerar uma demanda maior do que o normal, podendo acabar em apagão. Os especialistas chamam esse fenômeno de “rampa”.
A preocupação não surgiu por acaso. Em 23 de março de 2012, “Fina Estampa”, que fechou com 47 pontos de média na Grande São Paulo, teve seu último capítulo exibido e houve aumento de 926 megawatts (MW) na carga do sistema elétrico um minuto após a subida de créditos da produção. O último capítulo de “Passione” consolidou com 52 pontos e a alta no minuto seguinte ao seu fim chegou a 3.214 MW em 14 de janeiro de 2011. “Avenida Brasil”, antes de terminar, conseguiu superar as duas novelas citadas acima. O recorde havia sido batido em 23 de julho, quando a carga no sistema elétrico foi elevada em 3.379 MW.
Para que o Brasil não sofresse com um blecaute após o desfecho da história, a responsável por distribuir energia determinou que as operadoras seguissem a orientação: dessem folga de energia e colocassem as linhas de transmissão para operarem com capacidade ociosa.
Apesar da preocupação, o plano deu certo. Os telespectadores conseguiram acompanhar em tempo real o final d a trajetória de Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Fallabella) e não houve apagão no país após a palavra “FIM”. O capítulo consolidou com média de 52 pontos, a maior audiência dos últimos 7 anos no horário.
Dia 19 de outubro de 2012. A história de Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella) chegaria ao fim e milhões de telespectadores estavam se preparando para assistir ao último capítulo na tela da Globo. O sucesso era tanto, que a presidente Dilma Rousseff pediu ao seu colega de partido, Fernando Haddad, na época candidato a prefeito de São Paulo, para cancelar um comício. O argumento: ela acompanharia o desfecho dos personagens escritos por João Emanuel Carneiro.
A equipe de campanha do PT (Partido dos Trabalhadores) achou a ideia boa, pois temiam que a militância petista não fosse ao comício por causa do capítulo final da novela das nove. Bares e casas lotadas. Ninguém desgrudou os olhos da televisão, o que representava mais uso de energia em todo país.
“Avenida Brasil” se transformou no primeiro grande fenômeno das redes sociais. A novela abordava o fictício bairro do Divino que ficava na periferia do Rio de Janeiro, porém mostrava personagens que haviam vencido na vida por meio do trabalho. Como é o caso de Tufão (Murilo Benício), ex-jogador de futebol que jamais conseguiu deixar a região e construiu uma mansão por lá.
Mas não apenas ele, a trama mostrou personagens que representavam a classe C, que vivia seu auge em 2012. Por conta disso tudo, “Avenida Brasil” se transformou em um fenômeno das redes sociais. No Twitter, em praticamente todos os capítulos, um mar de postagens com “Oi oi oi” era realizado no momento da abertura, se referindo à versão cantada para “Kuduro”.
Além disso, numa época em que isso não era tão comum, a obra costumava preencher todos os 10 assuntos mais comentados do Twitter. Não raras as vezes, no horário da novela, a página chegava a sobrecarregar e ficava fora do ar por alguns minutos.
O fenômeno de “Avenida Brasil” foi explicado por João Emanuel Carneiro. Para o autor, a novela somente fez sucesso por ter ido ao ar justamente no momento em que a classe C estava em seu auge. Com alto poder de compra, parte da população que morava na periferia havia se transformado em protagonista da economia nacional.
A escolha de "Avenida Brasil" como reprise no "Vale a Pena Ver de Novo" gerou confusão nos bastidores da Globo e uma queda de braço entre os departamentos. "Eta Mundo Bom" chegou a ganhar chamadas para a faixa, mas a decisão final acabou sendo de que o folhetim de João Emanuel Carneiro teria mais força.
A dobradinha do "Vale a Pena Ver de Novo" que vem acontecendo nos últimos anos quando a novela em última semana divide o horário com a trama estreante mudou de estratégia. A Globo decidiu que, a partir da próxima segunda (07), "Avenida Brasil" vai ao ar antes de "Por Amor".
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