Publicado em 07/09/2021 às 05:30:00, atualizado em 07/09/2021 às 09:54:12
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Tarcísio Meira (1935-2021) teve muitos trabalhos marcantes ao longo da carreira e um deles foi o filme Independência ou Morte (1972). O ator quase não aceitou fazer o personagem Dom Pedro I, mas acabou sendo convencido por causa de uma frase que o público em geral não conhecia. A produção se tornou um verdadeiro sucesso e teve mais de 2,9 milhões de telespectadores no cinema.
Em 2015, o artista foi entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, e recebeu o questionamento sobre o longa-metragem. Meira explicou que a história da Independência é muito forte e existia uma grande expectativa do público para entender um pouco mais do passado.
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“O Independência foi feito pela Cinedistri [produtora] porque era um momento realmente do Sesquicentenário da Independência, havia um certo ufanismo que ele achou que comercialmente era interessante. Então fez o filme. E foi difícil eu me convencer que eu deveria fazer o filme. Não por outro motivo a não ser que iria dizer coisas como, por exemplo, Independência ou Morte ou Diga ao Povo que Fico”, relatou Tarcísio.
A rejeição do ator para fazer o personagem era o fato de ser baseada em fatos reais e todos terem grande conhecimento do dia da Independência. Só que uma frase acabou o convencendo a participar da trama e ser o protagonista.
“É muito difícil você fazer uma coisa que todo mundo sabe que você vai fazer. Todo mundo já sabe. Diga ao povo que fico. Isso todo mundo sabe de cor isso desde os seis anos de idade. ‘Sim, estou pronto’, que ninguém conhecia. Aquilo me salvou, porque desarmou o público”.
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Tarcísio Meira
No Conversa com Bial, em 2019, o ator contou que a história retirou um dos trechos dito por D. Pedro I e o Independência ou Morte decidiu colocar. “Você botou um caco na fala do D. Pedro I, não foi?”, questionou o apresentador. “Não”, respondeu o ator.
“Ao invés de dizer ‘Se é pra felicidade geral da nação...”, iniciou Bial, sendo interrompido por Tarcísio. “Não é caco, é verdade. A história do Brasil que suprimiu um trecho da fala dele. ‘Se é para o bem de todos’ e a gente pensa que ‘felicidade geral da nação, diga ao povo que fico’”, declarou.
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“Mas não. ‘Felicidade geral da nação, estou pronto’. Isso tinha na fala dele”, acrescentou. “Tarcísio Meira I”, brincou o apresentador, arrancando risadas do artista. “Foi um filme muito, deu muito trabalho também, mas muito bonito”, completou.
Tarcísio Meira relembra do ufanismo de Independência ou Morte
O filme foi realizado por causa do aniversário de 150 anos da Independência do Brasil. Chegou ao cinema em 1972, tendo direção de Carlos Coimbra. Tarcísio interpretou D. Pedro I e Glória Menezes deu vida à personagem Marquesa de Santos. José Bonifácio de Andrada e Silva ficou nas mãos de Dionísio Azevedo.
O Brasil estava em tempos difíceis por causa da Ditadura Militar, sendo comandado pelo general Emílio Garrastazu Médici. Apesar de ser tratada como “obra oficial”, a produção alcançou 2,9 milhões de telespectadores e fez sucesso com o público por causa do retrato da história do país.
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Tarcísio destacou que um dos motivos do sucesso era o fato do Brasil passar por um momento ufanista. “Acho que todos queriam um pouco disso. Era um clima meio ufanista. Brasil era campeão do mundo [no futebol masculino], a economia bombando”, comentou.
“O Oswaldo Massaini produziu o filme vendo o clima, entendeu? Ele achou que seria oportuno. Não teve ajuda, nem nada. Depois que o filme veio, aí teve muita ajuda. Tiraram cópias para todas as embaixadas”, completou. O ator ainda deixou claro que não foi uma encomenda da Ditadura Militar.
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