Publicado em 27/05/2020 às 06:23:00
Os primeiros meses de 2020 foram vitoriosos para o Canal Brasil. De janeiro a abril, a emissora teve um aumento de 29% de audiência na média total do dia, subindo seis posições no ranking da TV paga, e 16% de acréscimo na média do horário nobre em comparação ao mesmo período do ano passado. "Foi uma evolução do processo que está acontecendo desde março do ano passado", explica o diretor geral do Canal Brasil, André Saddy, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
Somente entre março e abril de 2020, foram mais de 19 milhões de pessoas que passaram pelo canal. "Em fevereiro tivemos a terceira maior audiência da história. A gente aumenta a quantidade de gente passando pelo canal, e cria uma bola de neve", comemora o executivo.
Como grande parte do país está em quarentena desde a segunda quinzena de março, Saddy admite que o isolamento social contribuiu para o aumento da audiência, mas reitera que o Canal Brasil já vinha se movimentando. "A própria qualidade da produção, você cruza com outra informação que são filmes sensacionais premiados em festivais, Cannes, Berlim, que tem pouco espaço em salas de cinema do Brasil. São poucas salas e tal. O Canal Brasil acaba se beneficiando desse espaço, esses filmes são nossos maior focos de parceria. Filmes como Benzinho, Gabriel e a Montanha...", lista.
Para ele, o Canal Brasil acaba ocupando esse espaço e lembra que no Festival de Cannes no ano passado, três filmes são coproduções do Canal Brasil. Outro motivo do crescimento é a própria grade de programação: "Focando mais em séries e filmes, na maneira de se oferecer o conteúdo para os assinantes. Horários pré-determinados, essa é uma outra questão".
"E o último fator, um dos mais importantes, é que a gente vem fazendo uma divulgação muito mais agressiva do canal. Sempre tivemos uma riqueza muito grande do conteúdo, mas não um esforço tão grande em divulgação quanto agora. A gente está colhendo um pouco dos resultados das parcerias que temos feito", ressalta Saddy.
Sem um grande carro-chefe devido a quantidade de séries, filmes e programas que conseguem sucesso no canal, ele cita que os filmes dos festivais tem uma demanda reprimida, e isso acaba beneficiando a emissora.
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O diretor explana que o Canal Brasil historicamente é um dos menos que reprisa filmes. "Ainda assim, existe os dois lados da moeda, os que reclamam das reprises e outras pessoas. Existe uma dinâmica de pessoas, que pode ser não eventualmente a minha ou a sua, assistem os filmes aos pedaços. Um pedaço hoje, outro amanhã. Não pode pesar a mão nem de um lado, nem de outro", reconhece.
A reprise de filmes em demasia, aliás, é um dos motivos para os assinantes cancelarem suas assinaturas, mas para Saddy, talvez não seja um dos principais. "Tem outros [motivos] na frente. Mas, tem que se reinventar. É o que estamos tentando fazer".
"O que estamos fazendo no momento é aumentar o volume de pessoas que está passando pelo canal. É aumentar a sua relevância de conteúdo. Se você não fizer isso, não tem plataforma que vá fazer funcionar a oferta daquele conteúdo. Se não, não adiantar uma plataforma perfeita, sem nenhum defeito... Estamos aumentando a relevância", afirma.
Questionado sobre as principais novidades do Canal Brasil para 2020, diverte-se: "Reprises [risos]. Brincadeiras à parte, temos algumas séries que estamos finalizando, estamos estudando como vai ser". Ao NaTelinha, o Canal Brasil confirmou a estreia da série Gilda, a mostra especial do Festival de Veneza em agosto, a nova temporada de 302, 502, e a estreia de Amazônia: Sociedade Anônima, também em agosto.
"Tem uma série que está praticamente pronta, precisa fazer algumas dublagens pontuais, mas tem que levar o ator e atriz ao estúdio e isso está inviável", lamenta.
Como não poderia deixar de ser, o executivo promete muitos filmes, mas antevê uma crise no setor com a pandemia do novo coronavírus: "Essa crise toda, num canal de televisão, acontece mais adiante. A crise já está batendo numa forma mais agressiva nas produtoras, nas salas de cinema e nós vamos bater ali na frente".
Como um canal de produções nacionais, a crise na emissora será a diminuição drástica nesse conteúdo: "Não é brincadeira, mas as participações brasileiras nos festivais é uma coisa raríssima. A principal consequência é essa, você diminui a produção brasileira de 100 pra 20, então é a principal consequência. E produzimos muita série com fundo setorial, e quando ele está travado, nada acontece. Estamos muito atentos pra coisa entrar nos eixos novamente".
Alguns programas como o Espelho, por exemplo voltarão a ser gravados: "Estamos estrategicamente esperando. A gente não vai deixar de fazer os programas. O Canal Brasil tem uma frente muito grande. A grade não está com esse pedido de urgência que temos que produzir a qualquer custo. Ou a gente vai esperar um pouco mais, ou a gente vai se adaptar e eventualmente produzir alguns desses programas a distância mesmo".
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