Publicado em 07/12/2020 às 20:25:04
A Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA) da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) repudiou as declarações de Marcius Melhem contra a Mayra Cotta, defensora de Dani Calabresa na denúncia de violência sexual do ex-diretor da Globo contra a comediante e outras profissionais. Detalhes dos episódios de assédio foram publicados pela revista piauí.
Segundo a comissão, Melhem constrangeu e tentou intimidar a advogada em reportagem exibida pela Record na noite do último domingo (6). "Em respeito a você e a seus telespectadores, preciso esclarecer que mais uma vez a advogada Mayra Cotta vai à imprensa ao invés de ir à Justiça para buscar a reparação às mulheres que ela representa. Venho a público reafirmar que são acusações mentirosas. Nunca tranquei ninguém, nunca chantageei ninguém, nunca forcei ninguém a nada. Por essa razão, estou processando a advogada Mayra Cotta", disse o ex-diretor da Globo, por meio de nota.
A representação da OAB reagiu: "Não se pode admitir que a advogada, representando vítimas de assédio sexual e no pleno exercício de sua profissão, venha a sofrer ameaças e constrangimentos. O direito de defesa dos acusados não pode significar a supressão ou ameaça ao direito de defesa das vítimas".
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Leia a íntegra da nota de repúdio da Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB:
A Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA) da OAB Nacional repudia, de forma veemente, os ataques perpetrados contra a advogada Mayra Cotta por Marcius Melhem, que poderá ser acusado por suas clientes de prática de assédio sexual, dentre outros crimes.
Marcius Melhem afirmou que "Uma advogada devia ser a primeira pessoa a acreditar na lei, e não buscar justiça pela imprensa. A justificativa que ela usa de que as vítimas teriam medo de se expor, as vítimas estão expostas, estão completamente expostas. Não tem ninguém mais exposto hoje que a Dani Calabresa."
Em mensagem enviada a Roberto Cabrini por escrito, e exibida na reportagem veiculada na edição do dia 6/12/2020 do Domingo Espetacular (RecordTV), Melhem declarou: "Em respeito a você e a seus telespectadores, preciso esclarecer que mais uma vez a advogada Mayra Cotta vai à imprensa ao invés de ir à Justiça para buscar a reparação às mulheres que ela representa. Venho a público reafirmar que são acusações mentirosas. Nunca tranquei ninguém, nunca chantageei ninguém, nunca forcei ninguém a nada. Por essa razão, estou processando a advogada Mayra Cotta."
A atuação profissional de toda a advocacia sofre uma grave violação de suas prerrogativas quando a advogada de uma mulher que denuncia o crime de assédio sexual sofre constrangimento em razão de atos praticados no exercício de sua atividade profissional. Trata-se de mais uma forma de tentar perpetuar a violência de gênero em nosso país. Como bem afirmou nosso Presidente Felipe Santa Cruz, “é inadmissível que o acusado tente intimidar a advogada da outra parte. A advogada tem a prerrogativa de representar e falar pelas clientes.”
Não se pode admitir que a advogada, representando vítimas de assédio sexual e no pleno exercício de sua profissão, venha a sofrer ameaças e constrangimentos. O direito de defesa dos acusados não pode significar a supressão ou ameaça ao direito de defesa das vítimas.
Diante dos fatos, a Comissão Nacional da Mulher Advogada reafirma seu compromisso com a busca pela efetivação dos direitos das mulheres, que para serem garantidos em sua plenitude exigem respeito, antes de tudo, ao direito de defesa das vítimas, exercido por meio de advogadas e advogados, como Mayra Cotta no caso concreto.
Em reportagem publicada na última sexta-feira, a revista piauí detalhou os assédios praticados por Melhem enquanto era diretor de humor da Globo, principalmente em torno de Dani Calabresa.
Com a contribuição de várias pessoas, que presenciaram ou mesmo ouviram os fatos da própria humorista, foi feita uma grande retrospectiva contando os vários momentos em que o humorista teria encurralado a então colega de trabalho. Começando pela comemoração do episódio 100 do Zorra, que tinha acabado de passar por uma reformulação. A festa aconteceu em 2017 e gerou constrangimentos.
Marcius teria tentado a todo custo um contato mais íntimo com Dani, que sempre se esquivou. Seja desde uma tentativa de beijá-la ou mesmo em momentos que ele chegou a tirar o órgão sexual para fora das calças. Isso teria causado uma crise de choro por parte da profissional, e foi confortada por outros colegas do humorístico.
Desde então, os assédios teriam se repetido, e com as recusas, o então diretor teria passado a complicar a vida da famosa, sabotando seus projetos. Foi então que Calabresa se reuniu com Monica Albuquerque, então diretora de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), e teria ouvido que acionaria os responsáveis pelo programa de compliance, que zela pela aplicação de normas éticas e de conduta.
A coragem de Dani fez com que outras vítimas tivessem coragem de também contarem o que passaram. E após um período afastado do seu cargo, em função da cirurgia da filha, Melhem foi oficialmente desligado.
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