Publicado em 14/10/2020 às 18:30:01
O choro de Léo Áquilla na internet e no programa A Tarde É Sua, na RedeTV!, emocionou também o público que acompanha a atuação da apresentadora de 50 anos na causa LGBTQI+. Nesta quarta-feira (14), ela rasgou ao vivo na TV sua certidão de nascimento antiga, com o registro masculino, e exibiu a nova, com o nome Leonora Mendes de Lima.
"É um renascimento, esta palavra me define, tanto que rasguei em rede nacional a certidão antiga para dar lugar a uma pessoa nova. É simbólico, para marcar uma geração. Para os novos, que nasceram com esta vitória, hoje em dia é comum, mas para a minha geração é histórico, porque começou na primeira Parada LGBT, da qual participei, há mais de 20 anos", celebra a apresentadora em entrevista ao NaTelinha.
Em sua rede social, na última terça, Léo revelou a nova certidão e agradeceu ao advogado Victor Teixeira por ter conseguido o registro em apenas 15 dias. A jornalista detalha o último constrangimento pelo qual passou para dar um fim a décadas de perseguição e chacota.
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"O Victor é um homem trans, sente na pele isso. No mês passado, visitei o Thammy Miranda na Câmara dos Vereadores. Na portaria, a balconista pediu meu documento para registrar a entrada e começou a gritar meu nome na recepção. Falei: 'Moça, vem cá, você não sabe lidar com uma pessoa trans? Você não está enxergando uma mulher? Como você me faz passar esse constrangimento?'. Aquilo foi a gota d’água. O Thammy ficou indignado, porque ele também é um homem trans, chamou aquilo de inadmissível. O advogado também estava comigo e eu falei: 'Chega, não dá mais', e ele falou: 'Você ainda não tem o seu documento? Eu vou conseguir para você'", recorda.
Léo Áquilla rasga antiga certidão de nascimento com nome masculino - Foto: Reprodução/RedeTV!
A nova certidão, algo aparentemente simples, permitirá a Léo Áquilla novos documentos como passaportes e a sonhada certidão de casamento. Ela já marcou para 8 de junho de 2021 a cerimônia com o marido, Chico Campadello, para sacramentar a nova fase da união.
"Não casamos de papel passado por causa desse documento, senão seria união entre homens, mas quero me casar como uma mulher. Agora eu posso. Com essa certidão nova, ninguém me segura!", vibra a apresentadora.
Nas redes sociais, Léo Áquilla ainda sofre ataques transfóbicos por não ter se submetido à cirurgia de redesignação sexual. Para ela, ter ou não vagina não a torna mais ou menos feminina, porém a nova certidão a fez sentir ainda mais mulher que sempre existiu dentro de si.
"Só tinha direito à certidão as trans operadas. Quando fui operar, depois de todos os tratamentos psiquiátricos e hormonais, descobri que tinha um problema no coração, uma má formação na aorta, por isso fui impedida. Daí veio o grande questionamento, inclusive científico, de que não é uma vagina que vai me tornar mulher, porque se psicologicamente fui atestada mulher, o que eu já sabia, e fui impedida de operar por um problema no coração, isso muda meu psicológico? Deixo de ser uma mulher? É uma vagina que me torna mulher ou o meu gênero, que não é uma escolha?", desabafa.
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