Publicado em 11/10/2020 às 05:00:01
Ser pai aos 24 anos não assusta Lucas Veloso. O humorista, que amadureceu precocemente para sustentar a família após o grave acidente com o pai, Shaolin (1971-2016), se sente pronto para realizar o sonho de ter filhos. O que Lucas não esperava era que a primeira gestação viesse de um romance recém-assumido. Gessica Muniz, de 26 anos, é cirurgiã dentista e está grávida de seis semanas. O casal se conheceu em fevereiro deste ano. Em junho, divulgaram o namoro. "Só invertemos a ordem, porque primeiro seria o casamento", brinca o ator ao NaTelinha.
O anúncio da gestação, na última quarta-feira (7), trouxe 11 mil novos seguidores ao Instagram de Lucas, mas ele não recebe só carinho nas redes sociais. O repórter do quadro Achamos no Brasil, do Domingo Espetacular, precisa lidar com ataques de "haters" desde o fim do relacionamento com a ex-bailarina do Faustão, Nathalia Melo, em setembro de 2019.
Em entrevista exclusiva, Lucas Veloso fala sobre os planos com Gessica, desabafa sobre o ódio na internet e relembra Shaolin: "Quero e vou viver uma coisa que não consegui viver com meu pai. Ele sofreu o acidente quando eu tinha 14 anos e morreu quando eu tinha 19. Não tive oportunidade de conversar de homem para homem".
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Lucas Veloso - Foto: Diego Condé/Reprodução/Instagram/lucasveloso_
NaTelinha: Você sempre sonhou ser pai ou a gravidez veio por acaso?
Lucas Veloso: No final do ano passado, eu já estava pensando em adotar em 2021. Fiquei solteiro em setembro e lá para dezembro eu já estava planejando para me organizar. Graças a Deus, aconteceu, Deus achou que estava na hora. Está chegando um filhinho ou uma filhinha. Tanto eu quanto Gessica queríamos sim. Só invertemos a ordem, porque primeiro seria o casamento.
Há quanto tempo você e Gessica estão namorando?
No finalzinho de fevereiro, para ser mais exato no dia 27 de fevereiro, eu a conheci, mas só começamos a ficar em março. É uma pandemia de extremos, ou o casal separa ou junta de vez (risos). Desde março estamos juntos. Em junho, começamos a namorar e assumimos para o Brasil todo, e estamos muito bem. É aquele sistema de casal que vi o Will Smith falar uma vez e acontece muito com a gente: eu estava muito bem sozinho, ela estava muito bem sozinha, e não é que a gente depende um do outro, estamos bem juntos. Somos felizes independentemente do outro, e nos juntamos para ser felizes. É uma harmonia, muito pé no chão, ela é muito simples, gosto disso também. Ela virou modelo por acaso porque é muito bonita, nasceu bonita, mas é cirurgiã dentista, tem outra "vibe", olha para o meu universo com outros olhos, sem interesse material, gosto muito disso. Ela é bem humorada, temos muitas coisas em comum.
Vocês já moram juntos ou pensam nesta possibilidade?
Planejamos ir para Campina Grande (PB), mas a vinda dela vai ficar um pouco mais tardia por causa do nascimento do bebê. O obstetra dela é de Patos (PB), toda a família dela é do sertão da Paraíba. Como a mulher sofre 99% das transformações, 1% é o cara que tem que se adaptar, ela vai escolher tudo, o hospital, o médico, vai mandar em tudo até o final. Depois eu ajeito a casa para ela vir para cá, a gente vai fazer uma casinha juntos aqui.
Qual foi a reação da sua mãe, Laudiceia, quando você contou que seria pai?
Não sei enrolar, sabe? Acho muito bonito aquele pessoal de novela que chega com a conversa mais longa do mundo e no final diz: "Estou grávida". Eu não sei fazer isso, jogo na lata! Falei: "Gessica está grávida". Ela ficou olhando para mim durante cinco minutos (risos). Falou: "É uma bênção, criança é sempre uma bênção". Minha mãe é muito coruja, acho que vou perder o posto de bebê da vida dela (risos). Eu já comentava com ela [que queria ser pai], até porque eu queria, quero e vou viver uma coisa que não consegui viver com o meu pai. Quando comecei no meio profissional, nunca tive oportunidade de sentar e tomar um vinho com ele, conversar sobre assuntos de adulto, porque meu pai sofreu o acidente quando eu tinha 14 anos, comecei a trabalhar cedo. Quando morreu, eu tinha 19. Não tive oportunidade de conversar de homem para homem, de amigo, "brother", de sentar, sair junto. Também não quero ser aquele pai velho, que quando o filho está adulto o pai está com 99 anos: "Corre para limpar o pai que ele está babando!". Eu quero ter saúde e vitalidade para acompanhar o crescimento do meu filho com asas abertas, tomando conta mas deixando voar. Por isso não queria deixar para ser pai aos 40. Vou realizar, com certeza, o meu sonho.
Você precisou amadurecer muito cedo. Chegou a ouvir frases como "um filho aos 24 anos? Acabou sua vida!"?
Só os irresponsáveis têm medo da responsabilidade e do trabalho. Eu não, amo meu trabalho, planejo, executo, viro a noite trabalhando. Um amigo, Geraldo Rufino [ex-catador de latinhas], diz algo assim: "Não existe pobreza no mundo que vença 12 horas de trabalho". Tenho segurança pelo meu trabalho, tenho projetos para o ano que vem. Volto com show, série, filme, programa de rádio, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Não posso falar que minha vida acabou. Acabou nada! Está começando agora. É uma fase nova, cheia de aprendizados. Falo para quem disse isso: "Acabou para tu, que tem medo de trabalhar". Desconfio de quem teme família. É uma coisa tão divina, como alguém pode ter medo de ter família?
Você anunciou a gravidez segurando o teste. Foi patrocinado?
O teste nem foi aquele. Fizemos o exame de sangue, mas na hora da foto ficaria feio porque pareceria um boleto. Acho horrível no Instagram essas publicações mostrando a marca logo de cara. Se for publicação patrocinada, faz que nem Paulo Gustavo: "Gente, estou fazendo propaganda aqui!". Por exemplo, sou cliente da cachaça Matuta há muito tempo e agora fizemos uma parceria. Minha preocupação foi a seguinte: "Apaga a marca dessa foto porque não trabalho de graça não!". Não é publi, escondemos a marca direitinho. Quem quiser patrocinar, pode vir marca de pomada, fralda. Vamos precisar com força, já vou avisar nos stories!
(Continua após o post do Instagram)
Entre os amigos que te deram parabéns, está a Giullia Buscacio, que trabalhou com você em Velho Chico (2016). Está torcendo por ela na Dança dos Famosos?
Giullinha! Inclusive estou dividido, porque tenho outros dois amigos lá, além dela: o Marcelo Serrado e o Bellutti. No time das mulheres, sou "team" Giullinha, já falei para ela que o que precisar de dica só me falar que eu ajudo em tudo, acompanho mesmo. Giullinha foi minha parceira de Velho Chico. Quando juntar os dois times, não vou torcer para mais ninguém, nem assistir, e vou desligar o celular. É muito difícil, principalmente quando tem amigos na competição, porque eu vivi aquilo. Eu gostava de todo mundo e não queria que ninguém saísse, mas é um jogo. Era um clima de luto toda vez que alguém saía. Estou vibrando muito pelos meus amigos, que eles possam ir longe. Faustão é um divisor de águas.
Você ganhou muitos seguidores com o anúncio da gravidez. Pretende expor a criança ou tentará preservá-la?
Em um dia, ganhei 11 mil seguidores. Vou ensinar a criança a imitar desde cedo! Minha casa é uma Disney da arte. Tenho um ateliê para pintar, riscar parede, fazer o que quiser. Tenho um estúdio de música, só eu toco seis instrumentos, mas se a criança quiser outro a gente se mata para aprender. Tenho estrutura de show, tudo. Isso estimula muito a imaginação. Lembro que quando era moleque pegava as coisas do meu pai para imitar, brincar de fazer show, desenhava com ele, tocávamos violão. A criança é um poço de imaginação, e os pais têm esse poder de cortar ou ampliar. Meus pais não cortaram a minha, isso me tornou uma criança criativa. Quando você está no estado de criatividade, você está no estado da criança. Nunca perdi isso e quero que aflore demais na criança até que vire adulto e tenha um lado criança para ser criativo. O povo da internet pode se preparar para vê-la riscando as paredes de casa. Vou expor, mas de forma moderada. A internet é um ninho de cobras, tem muita gente que não sabemos se é de verdade ou não. Em 2019, passei por uma avalanche de haters que foi uma coisa absurda, tem que ter muita cabeça para não deixar mexer contigo.
Por que você foi atacado?
Em final de relacionamento, as pessoas tornam isso quase como se fosse partido político e se acham no direito de xingar. As pessoas nem sabem direito por que acabou, falam que eu terminei por telefone, e eu nem comento porque tenho muito respeito pela Nathalia [Melo]. É um assunto que eu evito mesmo falar. Desde quando acabou, não publico na rede social nem falo em entrevista nenhuma. Pelo nome do meu pai, sempre houve "hater" que comparava: "Vamos ver se é igual ao pai". Gente, nunca vai ser igual, Shaolin é Shaolin e pronto! É muito chato, e as pessoas também não entendem que igual a mim não vai ter ninguém. Cada artista é único, por isso existem tantos. Ele xinga porque quer xingar, e o mais curioso é que se essa pessoa me vir na rua vai querer tirar uma foto. Aconteceu muito de eu responder a pessoa e ela pedir desculpas porque foi sem noção destilar ódio gratuito.
É engraçado que, em vez de as pessoas odiarem um mau governador, um mau prefeito, alguém que tenha responsabilidades, eles vão odiar as pessoas que levam alegria. Isso mostra o quanto a cabeça do país está adoecida. Estão invertendo valores, esquecendo família, esquecendo educação e estão cobrando educação de líderes que nem podem falar sobre isso para uma população mal educada. É uma coisa de princípios. Os mais velhos, os nossos avós, nossos pais ensinaram a gente e estamos decepcionando todos que já se foram odiando gratuitamente.
(Continua após o post do Instagram)
Você tem defendido causas na internet [apoiou o movimento Vidas Negras Importam e criticou o Google por definir "mulher solteira" como "prostituta"]. Já tentaram adivinhar em quem você votou?
Eu vou defender a mulher, vou defender o negro, porque são atacados mesmo. Nessa pandemia, a violência contra a mulher cresceu muito, elas foram agredidas em casa, e não é só bater! A mulher independente merece escolher as coisas que ela quer fazer, as roupas que ela quer vestir. Não quer dizer que sou de esquerda. Quer dizer que tenho bom senso em defender a figura feminina. Do mesmo jeito que eu defendo a família. Respeitar a família é o quarto mandamento, nem é política, veio de Deus, e Deus não tem lado. As pessoas falam: "Está defendendo a família? É bolsominion! Está defendendo empresário". Sabe por que eu defendo empresário? Porque eu sou um! Gero empregos, famílias dependem da minha renda.
Da minha família inteira, acho que só duas ou três pessoas sabem em quem votei. Não deixo de votar nunca porque muita gente sofreu e morreu para me dar o direito ao voto. Não vou desrespeitar essas pessoas que lutaram para que eu votasse. Só neste ano que vou dizer: "Fique em casa na hora do voto", porque estou revoltado de verdade com os políticos que falaram "fique em casa" o ano todo e agora lotam ginásios. Isso é ridículo! Estou sustentando uma galera do meu bolso, muitas pessoas estão passando fome! Por que eu não posso fazer evento e o político pode lançar campanha? Só de raiva, vou falar: "Fique em casa, não vote!", mas sou muito a favor do voto. Você vão me ver defendendo causas como a da mulher, do empresário. Isso não é política, é caráter. As pessoas têm que parar de pensar que tudo é política. Em 2018, saí de casa com uma camisa do Brasil, que pertence ao Brasil e não a um partido político, e me chamaram de "bolsominion". Não gosto de depreciar o meu país. Sei que temos problemas, mas sempre vou levá-lo para cima senão afunda de vez.
Apesar das dificuldades, você respeitou ao máximo o isolamento social. Como a pandemia afetou o seu trabalho?
Apresentei lives, como a do César Menotti & Fabiano. Não fiz show em drive-in porque quero fazer show com público mesmo, só esperar a vacina chegar e os políticos safados deixarem. Estou me reunindo com o pessoal da Record para oferecer projetos para o ano que vem. Esse ano deu para segurar, não foi ruim porque estou com saúde e pagando as contas. Não tenho do que reclamar, só ajoelhar e agradecer a Deus, mas estou agoniado para voltar aos palcos. Inclusive, vai ter muita piada sobre paternidade no show.
Estou no elenco da Record, fazendo Achamos no Brasil. É muito complicado gravar na pandemia porque a equipe, que era 100%, agora é 40%, todos ficam sobrecarregados. Às vezes gravo com senhorzinho que era fã do meu pai e quer me abraçar. Não dá para recusar. A solução foi fazer um teste de Covid-19 por semana. Já fiz oito, e todos deram negativo.
Sou recebido na Record em berço de ouro. Eles me tratam como filho mesmo. O carinho que tinham pelo meu pai transferiram todo para mim, eu me sinto muito feliz na Record. Só tínhamos três programas de frente [quadro Veloso e Curioso, dentro do Domingo Show] quando acabou. Fiquei em casa doido, sem ter o que fazer, perguntava o dia inteiro, e o [Antonio] Guerreiro [vice-presidente de jornalismo] me ofereceu o Achamos o Brasil em formato reduzido. Começamos a gravar, e estou bem contente com toda a equipe do Domingo Espetacular.
Um dia, me ligaram do escritório do Mafran [Dutra, diretor de produção] e comunicaram que iriam reprisar o Show do Tom. Vou te falar um negócio. Eu não sabia o quanto meu pai era e é querido pelo público brasileiro. O pessoal grava a TV e me marca, manda mensagem. Ele participou da infância de muita gente. É tão bom rever isso, uma viagem ao tempo. Pode me marcar na internet que eu gosto.
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