Publicado em 19/05/2020 às 08:09:25
Glória Maria falou pela primeira vez depois de sete meses de luta contra um tumor no cérebro, à TV. Ela estreou a nova temporada do Conversa com Bial na madrugada desta terça-feira (19), onde falou sobre o câncer, a perda da mãe em fevereiro e sobre como se tornou desafeto do General Figueiredo, que ficou no poder, entre 1979 e 1985.
Sobre o câncer, conta que 2019 foi um ano impensável, principalmente quando descobriu o tumor no cérebro: "A imagem que eu tenho não vou esquecer. Do nada, eu caí em casa depois de um jantar, fui no hospital costurar a cabeça e me falaram: 'Você está com um tumor no cérebro'".
A princípio, a jornalista pensou que os exames haviam sido trocados. E não chorou. "Não desesperei. Peguei o telefone e falei: 'Grava. Tenho que registrar isso, não sei se vou conseguir sobreviver a isso", recorda.
O tratamento, no entanto, caminhou, e Glória passou a responder bem. "Estou terminando a imunoterapia", lembra ela, que disse que a mãe, Edna, falecida em fevereiro, não imaginava o que ela estava passando mal.
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A mãe da jornalista faleceu em fevereiro ao passar mal. E a partir daí, começou a fazer uma análise da própria vida: "Tumor no cérebro, infecção pulmonar, a perda da minha mãe. Se eu não for agora, não vou nunca mais".
Durante o tratamento, Glória revelou que não se abalou: "Não derramei uma lágrima, não fiz uma única pergunta. Achei que tudo isso foi uma benção. Deus me concedeu a graça de ter mais um pedaço de uma vida para conhecer".
A ex-titular do Fantástico relembrou como era sua relação com o presidente militar João Figueiredo. "Não me suportava. Quando ele foi indicado, a gente foi fazer a famosa fala dele na Vila Militar, em que ele dizia: 'para defender a democracia, eu bato, prendo e arrebento'", afirma.
A jornalista rapidamente discordou do ex-presidente: "Isso que o senhor citou não existe mais". Foi o bastante para que ela fosse expulsa do local: "Tira essa mulher daqui, tira essa mulher daqui".
No entanto, a equipe de Figueiredo era a mesma de Geisel, e Glória lembra que todos gostavam dela, inclusive lhe davam os melhores lugares, mas era só o general chegar para ordenar: "Tira aquela 'neguinha' da Globo daqui'. E eu passei todo o governo Figueiredo ouvindo".
Para ela, o Brasil não está menos racista agora: "Tá racista igual. A única diferença é que hoje as coisas ganham uma proporção maior, nada mudou. A discriminação continua igualzinha, as pessoas acham que hoje é pior. Não, não. Quem não gosta de preto, não gosta".
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