Enfoque NT

Gugu e RecordTV: o contrato de R$ 3 milhões mensais que não se concluiu

A coluna analisa primeira passagem de Gugu pela RecordTV, entre 2009 e 2013

Reprodução/RecordTV
Por Thiago Forato

Publicado em 30/08/2017 às 07:09:46

Há exatos oito anos, Gugu estreava pela RecordTV com seu dominical.

O contrato, assinado em junho de 2009, só teria validade a partir de abril de 2010, já que Gugu não aceitou romper contrato com o SBT.

No entanto, houve um entendimento entre as partes envolvidas e sua saída foi antecipada. Até lá, o "Domingo Legal", que era exibido das 18h30 às 22h30, passou para o horário do meio-dia "enquanto Gugu preparava a mudança". Em seu lugar, Silvio Santos assumiu o horário entre 16h e 22h30.

Gugu apresentou o último "Domingo Legal" em julho, ainda bem antes do previsto, e começou a preparar seu programa na RecordTV, que vinha cercado de expectativas.

 

Depois de quase três décadas no SBT, como seria Gugu numa outra emissora? Ele valia o preço pago? Um contrato milionário, de R$ 3 milhões, fora assinado, além da promessa de um talk-show na Record News, que nunca saiu do papel.

Uma ala da Igreja Universal nunca se conformou com esse alto salário. Silvio Santos nem pensou em cobrir a oferta. E Gugu, que não vinha tão feliz assim no SBT, viu a oportunidade de ganhar muito dinheiro e dispor de uma estrutura que não fora oferecida pelo Homem do Baú.

Como no começo tudo são flores, Gugu tinha a promessa de fazer uma atração integrada com os departamentos de dramaturgia, esporte e jornalismo. A obrigação era apresentar resultados de audiência, é claro. Além de um faturamento para conseguir cobrir a quantia investida.

Sem fugir de suas raízes e tradições, o loiro decepcionou no seu primeiro ano: atrações recicladas de sua carreira como o "De Volta pro Meu Aconchego" ("De Volta Pra Minha Terra"), "Sonhar mais um Sonho" ("Construindo um Sonho"), "Lendas Urbanas", "Verdade ou Mentira", "Devo uma Nota", dentre outros. Não inventou a roda.

Ainda que suas atrações fossem recicladas, Gugu perdia frequentemente para seu criador, Silvio Santos, no SBT, o que obrigou com que seu dominical fosse remanejado para às 16h em 2010.

Com espasmos de audiência, Gugu se manteve na emissora até junho de 2013. Seus altos custos e demissões que a RecordTV começou a promover, e contas feitas, como a de que seu salário equivaleria a 600 demissões, pesou.

Em seu último programa naquele ano, ao explicar sua saída do canal, Gugu justificou: "Porque tinha que ser. Simples assim". Então, tá.

A multa rescisória ultrapassava a casa dos R$ 100 milhões. Para pagar, até um helicóptero o canal de Edir Macedo passou para Gugu, o famoso Águia Dourada.

Gugu não cumpriu nem a metade de seu contrato. A RecordTV, bem verdade, também não cumpriu o compromisso à risca.

Sem frescor, Gugu decepcionou em sua primeira passagem. Voltaria dois anos depois às terças, quartas e quintas-feiras, movimentando as semanas da TV.

Desde o ano passado, se mantém em apenas um dia na semana: a quarta-feira, quando a concorrência é mais frágil, muito em conta do futebol da Globo. O público feminino se espalha mais pelos outros canais.

Com um contrato mais modesto financeiramente, ainda que não seja qualquer coisa, Gugu ainda está longe de seus tempos de ouro, que era notícia pelo seu desempenho. Escolheu algo mais tranquilo e fugir daquela pressão incessante por Ibope aos domingos. Prioridades.

Valeu a pena? Para o Gugu, pelo menos financeiramente, valeu.

Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há 12 anos e assina a coluna Enfoque NT há seis, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br  |  Twitter: @tforatto

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