Publicado em 05/11/2024 às 14:11:00
A Globo alterou seu formato de contratação de autores de novelas. Somente em raras exceções, como no caso de Walcyr Carrasco, os escritores do departamento de dramaturgia terão contrato fixo. A regra, que já vale para atores, é estabelecer vínculo com esses profissionais por obra. Esse cenário, que visa reduzir as despesas da emissora, tem gerado apreensão entre diversos novelistas, que temem não conseguir arcar com suas despesas pessoais sem a estabilidade da contratação permanente.
No novo modelo da Globo, o vínculo fixo com autores geralmente é de 1 ano. O processo funciona da seguinte maneira: a emissora paga uma luva pela sinopse aprovada e um valor integral pela novela. Em seguida, o autor deve entregar todos os capítulos da trama. À medida que ajustes na produção se tornam necessários, como resultado dos grupos de discussão, o autor realiza as alterações pertinentes.
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Porém, antes de conseguir emplacar uma novela das seis, sete ou nove na emissora, o autor precisa passar por um processo que pode durar cerca de um ano sem remuneração.
Primeiro, ele deve criar uma história e enviar a sinopse para aprovação. Em seguida, quase sempre a diretoria da Globo pede algumas correções para atender interesses comerciais ou estratégicos de programação.
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Com isso, o autor atende às ressalvas do texto e o envia para uma nova avaliação. Logo após, se a Globo aprovar o resultado, solicita um bloco com os seis primeiros capítulos. Se tudo correr bem, a emissora pede mais seis, e assim por diante, até totalizar 30 capítulos escritos. Se a proposta do autor chegar a esse estágio, a próxima etapa é a contratação. No entanto, durante essas fases, ele não recebe nenhum salário.
Em outro cenário, se o autor criar uma história que não for aprovada, e seguir com outras que também não sejam, ele ficará sem remuneração e precisará buscar alternativas para pagar suas contas. Esse cenário está apavorando os escritores.
Nos bastidores, houve até um ensaio de protesto contra esse novo processo da Globo, mas foi tímido, pois há um temor de que quem participar possa enfrentar algum tipo de boicote interno. Além disso, para os autores que tiveram suas histórias aprovadas, o valor pago é muito menor do que a emissora costumava pagar por suas produções. Novos tempos.
Nos últimos dois anos, a rede demitiu vários autores, incluindo Aguinaldo Silva (que retornou por obra para escrever uma nova novela das nove), Euclides Marinho, Paulo Halm, Elizabeth Jhin, Izabel de Oliveira, Walther Negrão, Angela Chaves, Alcides Nogueira, Daniel Adjafre, Silvio de Abreu, Miguel Falabella, Patricia Moretzsohn, Ana Maria Moretzsohn, Filipe Miguez, Marcos Bernstein e Maria Adelaide Amaral, entre outros.
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Nesse novo cenário, a Globo adota um padrão de contratação semelhante ao utilizado pela Netflix, Prime Video e outras plataformas de streaming em suas produções ao redor do mundo. No setor de dramaturgia, os primeiros a sentir as mudanças foram os atores que perderam seus contratos fixos.
Essa nova Globo têm como objetivo a redução das despesas fixas e começou em 2018, quando o grupo passou por uma reestruturação com o projeto “Uma Só Globo". Esse projeto unificou as principais empresas do maior grupo de comunicação de língua portuguesa do mundo sob um único CNPJ, incluindo TV Globo, Globosat, Globo.com, DGCORP (Diretoria de Gestão Corporativa) e Som Livre.
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