Publicado em 13/10/2024 às 08:40:00,
atualizado em 13/10/2024 às 12:52:39
Chaves voltou ao ar no SBT no sábado (12), após ficar longe das telinhas por quatro anos devido a uma disputa por direitos de exibição entre a Televisa e a família do criador do seriado, Roberto Gómez Bolaños (1929 - 2014). Sua reestreia na TV brasileira marcou 5,1 pontos, segundo dados prévios da Kantar Ibope em SP, o que representa um aumento de cerca de 82% em comparação com a mesma faixa horária da emissora na última semana. O sucesso do humorístico dos anos 70, que tem baixa qualidade técnica, mas aposta na simplicidade, diz muito sobre a atual situação da televisão.
Primeiramente, se fosse produzido hoje, Chaves teria que sofrer grandes mudanças na estrutura cômica. Muitos desses recursos seriam eliminados para se adequar ao politicamente correto, que são regras implícitas que regem atualmente toda a televisão. Por exemplo, apelidos icônicos como Seu Barriga, Bruxa do 71, Professor Linguiça e Nhonho teriam que ser alterados, pois incentivam o bullying.
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Até o Jaiminho, que tem preguiça de entregar cartas para evitar a fadiga, teria que mudar seu bordão para não desagradar os carteiros. E os beliscões do Seu Madruga em Chaves seriam cortados se fossem regravados.
Mas, se cortarmos esses pontos e outros, o que sobraria do seriado? Faria o mesmo sucesso? Mesmo sendo gravado com câmeras de alta definição, inúmeros efeitos especiais com tecnologia de ponta e diretores treinados em Hollywood?
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O que se pode dizer sobre isso é que Chaves mostra que a TV atual trocou a emoção pela técnica. Não conseguimos mais produzir uma televisão autêntica e interessante para quem está assistindo.
Além disso, em nome do politicamente correto, a TV deixou de refletir na tela a vida real. O pior é que o veículo deixou de tornar a vida real mais leve com o humor. A televisão atual está cada vez mais artificial e menos ousada.
O medo do cancelamento norteia as principais decisões dos executivos. Diante do que temos na TV, Chaves é uma lição de linguagem popular, usando a simplicidade como principal aposta. Um produto perfeito para as massas.
Hoje, a maioria dos produtores de TV não sabe a diferença entre produzir para nicho (TV paga) ou para as massas (TV aberta), não entendendo o que é falar para todos ou se comunicar com nichos.
Não por acaso, a audiência da principal plataforma aberta de vídeo no país vem migrando para o digital. Na tela do celular, o telespectador está encontrando a vida real, seja no TikTok, YouTube ou nos Reels do Instagram.
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Está tudo ali, sem politicamente correto, mas apostando na simplicidade da criatividade. Utilizando uma linguagem popular para viralizar, menos preocupados com o enquadramento perfeito e técnicas.
Todo dia, escuto reclamações de autores que precisam cortar seus textos e eliminar situações para seguir as regras atuais da TV, mas muitas vezes a história fica prejudicada. A própria Globo, que tem a liderança de audiência da TV, não consegue criar nenhum novo programa de entretenimento de sucesso há anos.
Chaves mostra uma TV que não existe mais, mas que atendia plenamente aos desejos do telespectador. Afinal, um seriado com imagem desgastada, está há mais de 50 anos sendo um sucesso icônico no mundo. Chaves ensina muito, pena que nem sempre estão dispostos a aprender.
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