Publicado em 12/06/2023 às 13:23:00, atualizado em 12/06/2023 às 15:45:28
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A jornalista Iana Coimbra trabalhou por oito anos como repórter e âncora na Globo Minas e agora processa a emissora por perseguição, humilhação e descriminação de gênero durante suas gravidezes. De acordo com a ação que o NaTelinha teve acesso com exclusividade, em sua segunda gestação, traumatizada com o assédio sofrido na anterior, chegou comandar o MG2 com sangramentos, por medo de contar para o diretor de jornalismo.
No processo consta que o primeiro abuso sofrido por Iana Coimbra foi quando ela informou sobre sua gravidez na décima semana à direção da Globo e foi questionada por Clécio Vargas, chefe de redação da época, se a repórter havia planejado chegar grávida no canal, já que tinha cerca de três meses como funcionária.
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Em seguida, ela precisou explicar sobre seu passado anterior a esta gravidez. Iana contou que tinha sofrido aborto dois meses antes desta nova gestação e que tinha acabado de enfrentar um câncer.
“A ciência da gravidez deixou a reclamante extremamente sem chão, pois tinha acabado de ser contratada, bem como teria que expor sua intimidade, se sentindo constrangida de comunicar tal fato a reclamada, sendo certo que para a mulher a gravidez expõe a vida sexual da gestante que por muitas vezes sofre conotação pejorativa”, diz um trecho da ação.
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Após este momento, a defesa da jornalista narra que o ambiente de trabalho se tornou hostil e que colegas de redação “passaram a tratá-la de forma sorrateira, covarde e humilhante pelo simples fato de estar grávida”.
Iana Coimbra foi perseguida na Globo, diz processo
Após o retorno da licença-maternidade, Iana Coimbra foi escalada para o plantão da madrugada no Carnaval e trabalhava até 4h da manhã. “Não oportunizando o direito a amamentação de sua filha. O esposo comparecia a porta da reclamada para que pudesse amamentar a bebê de madrugada dentro de veículo parado na rua. Situação horrível, humilhante e devastadora”.
A ação também diz que durante o contrato de trabalho de Iana, a Globo sonegou diversos direitos trabalhistas, acumulava funções e não recebia salário por essas tarefas. Além disso, tinha diferenciação salarial em comparação com colegas que exerciam a mesma função.
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Em 2019, com a chegada de Marcelo Moreira como novo diretor de jornalismo da Globo Minas, Iana Coimbra passou a ter oportunidades dentro da emissora, mas tudo mudou quando ela descobriu que estava grávida pela segunda vez.
Apresentou o jornal da Globo Minas com sangramentos
“A reclamante mais uma vez estava diante do abismo, pois já tinha passado pela mesma situação anteriormente, sendo perseguida e humilhada, bem como tinha a convicção de que chances de ser apresentadora efetiva iriam diminuir drasticamente. Mais uma vez os sentimentos como medo, angústia e sofrimento afloraram”
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Com isso, a jornalista decidiu esconder a gestação ao máximo que pode, inclusive apresentou o MG2 com sangramento. Até quando decidiu conta sobre a gravidez, Iana Coimbra fazia substituições de apresentação e reportagens para o Jornal Nacional.
Quando a barriga começou a crescer e não tinha mais como esconder, ela procurou Marcelo Moreira para comunicar a gravidez, mas ouviu, de acordo com o processo, a seguinte resposta do diretor de jornalismo da Globo: “Nossos planos para você mudam a partir de agora; não posso colocar uma apresentadora grávida na bancada”.
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Em seguida, o processo da jornalista explica que ela passou a enfrentar novas perseguições, antes e depois da licença-maternidade. “Diante das situações vivenciadas foi ‘obrigada’ a pedir demissão do emprego." Iana deixou a Globo em abril de 2023.
O advogado da jornalista é o Dr. André Fróes de Aguilar, o mesmo que representa Milton Neves, Lair Rennó, Thalita Oliviera, Rachel Sherazade, Domigos Meirelles, Marcos Hummel, Hermano Henning entre outros jornalistas. Contactado, ele confirmou a ação, mas não quis se manifestar. A Globo não comenta processos em andamento.
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Veja a despedida de Iana Coimbra da Globo:
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