Publicado em 15/12/2022 às 14:53:00,
atualizado em 15/12/2022 às 15:03:20
O plano do novo presidente da CNN Brasil, o empresário João Camargo, de expandir o sinal do canal de notícias para a TV aberta chamou atenção do mercado de televisão e conteúdos por assinatura. O NaTelinha apurou que se houver mudança no modelo de negócio da CNN, as operadoras estariam inclinadas a renegociar seus contratos por discordar de remunerar algo que está disponível de graça ao público. O prejuízo pode chegar à casa de R$ 36 milhões por ano.
No último domingo (11), em entrevista ao jornalista Guilherme Ravache, do UOL, João Camargo revelou seus planos para CNN Brasil em 2023. Dentre eles, sem muitos detalhes, a chegada do canal na TV aberta no segundo semestre do próximo ano.
Ao NaTelinha, diretores de PayTV afirmaram que se o mesmo sinal da CNN Brasil, que é transmitido por suas plataformas, estiver em outro player de forma gratuita, precisarão rever seus contratos. Sem revelar números exatos, disseram que hoje pagam entre 0,20 e 0,30 centavos por assinante ao canal.
Em outubro, de acordo os números divulgados pela Anatel, a base de clientes no mercado de TV por assinatura era de 12,59 milhões de usuários. Neste cálculo, a CNN Brasil corre o risco de deixar de embolsar por mês uma quantia em torno de R$ 3 milhões com o plano de levar seu sinal à TV aberta. Por ano, a perda pode chegar a R$ 36 milhões.
O contrato em vigor da CNN Brasil com as operadoras de TV paga é diferente da Jovem Pan News e Record News. Ambas, por possuírem também sinal aberto, contam com outro tipo de acerto para ter seus canais carregados.
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Algumas TVs abertas pagam para serem incluídas no line-up das plataformas de televisão paga e a maioria entram como cortesia para o assinante. A estratégia é ampliar a abrangência do sinal e ajudar na audiência e comercialização. Quando um canal aberto tem interesse de entrar numa operadora, existem diversas modalidade e acordos, dentre eles, valores para a programação local e nacional.
A coluna procurou as operadoras Claro TV, Sky, DGO e Vivo TV para comentar o assunto, mas elas não se manifestaram. Procurada, a CNN Brasil também não comentou a reportagem.
A decisão da CNN Brasil de entrar no sistema de TV aberta ocorre num momento em que o canal enfrenta uma crise financeira. No início de dezembro, a empresa demitiu em torno de 120 profissionais e fechou a filial no Rio de Janeiro - notícias antecipadas em primeira mão pelo NaTelinha. A intenção, de acordo com a coluna de Guilherme Ravache, é sanar um rombo de R$ 100 milhões.
"A CNN operava com 42% de custo administrativo. Não faz sentido o núcleo do negócio ter somente 58% do investimento. Em uma construtora a relação é de 6% em administrativo e 94% no núcleo. Espero chegar a pelo menos 85% do nosso custo investido no core, que é o jornalismo", disse João Camargo ao UOL.
Em outubro, a CNN Brasil comunicou ao mercado a chegada do empresário João Camargo à presidência do seu conselho. Com a chegada do novo gestor, Renata Afonso, então CEO do canal, perdeu trânsito com Rubens Menin, dono da franquia da CNN brasileira. Segundo fontes, essa situação não foi bem digerida por ela, que acabou pedindo demissão.
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