Publicado em 23/02/2020 às 06:32:25
No final do ano passado, a Globo assegurou os direitos para transmitir os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro até 2026. A emissora e as agremiações possuem uma estreita relação há anos, que em muitas ocasiões é alvo de maledicência de políticos e até mesmo de lideranças do Carnaval. Tirando o excesso e as neuras da teoria da conspiração, o fato é que a Globo vem se tornando o pilar para que ainda exista a festa que exalta a cultura nacional e cartão postal do país.
Só o canal tem uma vitrine poderosa capaz de tornar qualquer desconhecido numa ilustre personalidade, disputada nas melhores festas da high society do dia para a noite. Historicamente, utiliza sua programação para alavancar as escolas e os desfiles de domingo e segunda de Carnaval.
No intuito de fomentar a vitrine para as escolas, são inseridos clipes de sambas-enredo ao longo da grade, matérias especiais nos telejornais e participação de componentes das agremiações em programas. Além disso, a Globo investe milhões no Globeleza para que o produto tenha qualidade, e posteriormente, uma fácil adesão do mercado publicitário.
Um bastidor interessante: Neste ano, quando a prefeitura da cidade do Rio jogou contra os desfiles das escolas de samba, tendo o viés religioso como pano de fundo e interesses ocultos de concorrência de TV por trás da decisão, a Globo precisou adiantar, de uma só vez, todas as cotas de patrocínio destinadas às agremiações, que normalmente sempre entrou nos cofres parcelado.
Como dona dos direitos de transmissão do Carnaval e visando um produto cada vez mais moderno e interessante para sua audiência, a Globo vem tentando mudar regras dos desfiles. Mas a resistência entre dirigentes cabeças-brancas é muito forte. Ficam num saudosismo da Rede Manchete numa época em que a internet é uma realidade e a maior ameaça na liderança do canal líder.
A Globo não tem culpa que mesmo depois de anos, as escolas de samba ainda dependam financeiramente do seu dinheiro e de outros meios de arrecadação, não tão claros, para viabilizar os desfiles no sambódromo.
Hoje, o jovem trocou a avenida pelo Carnaval de rua. A nova geração acha os desfiles na TV chatos, longos e repetitivos. Para mudar este cenário e não deixar, definitivamente, o samba morrer, os dirigentes precisam compreender a necessidade de renovação. Essa deveria ser a meta para o próximos anos das escolas de samba. A principal vitrine da TV está ao lado deles, mas precisam utilizá-la de forma mais inteligente.
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