Publicado em 17/12/2019 às 09:50:26
Completando um mês no ar no próximo dia 25, a nova novela das 21h da Globo, Amor de Mãe, vem exibindo uma trama intensamente densa, inteligente e esquivando-se de utilizar dos clichês comuns do gênero da teledramaturgia. O folhetim de Manuela Dias optou por se distanciar do estilo popular que embalou A Dona do Pedaço, sua antecessora no horário, e não vem alcançando a mesma repercussão e audiência das aventuras dos bolos da Paz.
Como um time que está perdendo, busca-se diversas explicações para um Ibope que não corresponde com os padrões de uma novela das 21h da Globo. A principal delas é a novela ter estreado num período próximo às festas de fim de ano. Aliás, a mesma utilizada para justificar o fiasco que foi O Sétimo Guardião, quando entrou no ar neste mesmo período do ano passado. Depois, percebeu-se que o problema era muito maior que o Natal e Réveillon.
Voltando a Amor de Mãe, internamente, entre os mais otimistas, existe uma aposta que conforme a trama for se desenvolvendo e amarrando as histórias dos personagens, ela teria elementos para estancar a queda de audiência e alavancar a faixa da emissora, após as festas.
Porém, se isso não ocorrer, a Globo viverá um dilema: sacrificar ou não a qualidade do folhetim de Manuela Dias em nome do alto Ibope. A receita para popularizar um produto da teledramaturgia, os profissionais da emissora sabem sem precisar utilizar os famosos grupos de discussões.
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Será que se a audiência não reagir, conforme esperam seus diretores, teremos em Amor de Mãe uma fofoqueira num núcleo de humor? Álvaro (Irandhir Santos) se tornará um vilão bem demarcado que empurrará seus inimigos da escada? Davi (Vladmir Brichta) é na verdade um gay enrustido que esconde sua sexualidade? Ou Érica (Nanda Costa) se tornará uma filha que tentará a todo custo ficar milionária arruinando a vida da sua mãe, Lurdes (Regina Casé)? Claro, coroando as mudanças, colocando a música Verdinha de Ludmilla na nova abertura .
Sim, são clichês e absurdos nos rumos da trama de Manuela Dias, mas não impossíveis de ocorrer quando se prioriza a audiência na TV aberta. Numa recente entrevista, publicada pelo jornalista Maurício Stycer, do UOL, o diretor de teledramaturgia da Globo, Silvio de Abreu, defendeu a utilização de recursos insensatos em folhetins.
"Público de série é diferente do de novela. Quando uma tenta imitar a outra dá errado. Novela é uma história contínua, uma história de folhetim, que tem muito romance, suspense, os absurdos todos que o público adora e a crítica detesta".
Em janeiro, saberemos se a Globo vai priorizar a qualidade da história ou se renderá ao caminho do alto Ibope. Nós, telespectadores, torcemos pela convergência entre os dois pontos. Vale lembrar que mesmo se mantendo os atuais números de audiência, a emissora nada de braçada na liderança do horário.
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