Análise

Com altos e baixos, "Pega Pega" foi uma novela feita por amigos para amigos

Divulgação/ TV Globo
Por Redação NT

Publicado em 08/01/2018 às 20:26:47

Com altos e baixos, chegou ao fim nesta segunda-feira (8), a novela "Pega Pega", assinada por Cláudia Souto sob direção artística de Luiz Henrique Rios, na Globo.

Sem dúvida, o maior destaque da produção foi a cenografia perfeita do fictício Carioca Palace, que saltou aos olhos do elenco, dos executivos da emissora carioca e, claro, do público. A riqueza de detalhes em todos os ambientes do hotel, que contou até com uma cozinha de verdade, passou a veracidade de vermos um local real, dando até uma vontade de se hospedar por lá.

Edição, arte e computação gráfica também são dignos de elogios pelo trabalho desenvolvido. Méritos, em especial, à equipe responsável por dar vida a canguru Flor. Um trabalho que, certamente, merece prêmios na área. Um espetáculo!

A boa fotografia da produção foi outro ponto alto da novela, sendo bem destacada já nos primeiros capítulos da história durante as sequências gravadas em Foz do Iguaçu. A iluminação, por sua vez, chegou a incomodar um pouco. Sempre solar em sua maioria, deixava a desejar no núcleo da Tijuca (na vila e arredores).

Particularmente, foi interessante ver poucos stock-shots e a mediana inserção de flashbacks, estes, que relembravam, em dose certa, fatos importantes das ações dos personagens e levavam ao entendimento da história.

A trilha sonora, desde a abertura com “A Hard Day’s Night”, dos Beatles, cantada pelo Skank, até hits como “Essa Mina é Louca”, de Anitta, “Trevo”, de AnaVitória, "La Bicicleta", de Shakira, "Tempo em Movimento", de Lulu Santos, e "Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor", de Milton Nascimento, revelaram a boa e acertada escolha musical para embalar o folhetim.

Os figurinos do núcleo do hotel, junto aos da empresa de Eric (Mateus Solano), da polícia e os mais sofisticados de Ligia (Angela Vieira), Athaíde (Reginaldo Faria) e Maria Pia (Mariana Santos) foram maravilhosos. Mesmo que por conta do enredo, o núcleo popular não trouxe roupas interessantes; tudo muito maltrapilho, longe de qualquer boom de tendência.

Quanto a maquiagem, aí sim pode-se dizer que foram bem pontuais às histórias/momentos de cada personagem. Destaque, sem dúvida alguma, para a repaginada de Maria Pia.

Cláudia Souto, pupila de Walcyr Carrasco, teve a grande oportunidade de fazer uma novela solo, e bem-sucedida como dito no começo deste texto. Para a história proposta, o texto foi bem contado. No entanto, a trama central de “Pega Pega”, o roubo do hotel, se tivesse sido desenhado para seriado e não novela, poderia ter se saído melhor e com mais fôlego para contar, instigar e prender o público.

A sacada de se investir em tramas paralelas, como o casal Malagueta (Marcelo Serrado) e Maria Pia, e Júlio (Thiago Martins) e Antônia (Vanessa Giácomo), por exemplo, renderam história e tinham o feedback do público. Já tramas como o drama de Bebeth (Valentina Herszage) e seu canguru, as velhas fofoqueiras, a justificativa da morte de Mirella (Marina Rigueira), e a revelação do passado de Sabine (Irene Ravache), que sequestrou o filho “adotivo” Dom (David Junior) quando ainda criança, foram de “enfiar goela abaixo”.

Com uma direção incisiva, atuante desde a preparação do elenco, que viveu dias de funcionários em hotéis reais, atores foram além das expectativas da história e renderam excelentes momentos para a novela.

Os maiores destaques de “Pega Pega”, sem dúvida alguma, foram João Baldasserini, Marcelo Serrado, Nanda Costa e Thiago Martins, o quarteto “ladrão”, além de Guilherme Weber, Jennifer Nascimento, Marcos Caruso, Valentina Herszage e Vanessa Giácomo. E é digno de elogios os trabalhos de um trio, muito conhecido no campo do humor, que tornaram apaixonantes seus personagens, além do fato de surpreender a crítica ao mostrar uma outra faceta em suas interpretações: Marcos Veras, Mariana Santos e Rodrigo Fagundes.

Após 185 capítulos, e sete meses no ar, com a dura missão de, no mínimo, manter os índices de sua antecessora, a badalada “Rock Story”, o folhetim fez bonito no quesito. Com média de 28,8 pontos na Grande São Paulo, a produção conquistou o título de maior audiência da faixa das sete da TV Globo desde o fenômeno “Cheias de Charme” (2012).

A produção foi uma novela de amigos para amigos, que contou com a boa ajuda do inverno passado em São Paulo e no Rio de Janeiro, somada a boa audiência de sua antecessora, o que causou o “costume” nos telespectadores. Lamentavelmente, como a própria autora afirmou não ler e ignorar críticas, aqui jaz “Pega Pega”!


Fa Marianno é jornalista e radialista. Com 12 anos de carreira, totalmente dedicados ao entretenimento, já passou por portais, rádio e TV. Atualmente, é repórter do "TV Fama", da RedeTV!, e assina o blog "Olhar na TV". A partir de agora, integra a equipe do NaTelinha. Siga no Instagram: @Famarianno

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