Publicado em 04/12/2016 às 16:17:45
No meio da cobertura das emissoras sobre a tragédia da Chapecoense, um fato chamou a atenção de forma extremamente negativa: as inserções da repórter Kíria Meurer, da RBS de Santa Catarina, tanto na transmissão ao vivo do velório das vítimas, quanto ao final do "Jornal Nacional" deste sábado (3).
As entrevistas e a exposição da angústia e sofrimento dos familiares beirou o mau gosto. E nesse caso, é de se estranhar, uma vez que isso foge ao tom que a cobertura na Globo tomou até o momento.
Durante a transmissão ao vivo, pela manhã, ainda que repreensível, deu para “compreender”, já que o ao vivo é justamente imprevisível e pode sempre fugir do controle, de acordo com o contexto que a situação corre. Mas eis que, de forma desnecessária, se fez um VT com tudo isso para fechar a edição do principal noticiário da casa.
A matéria, entrevistando o pessoal e mostrando momentos de tristeza, foi gratuita. De uma absoluta falta de tato e bom senso. É de se questionar como que foi aprovada para veiculação. Não pareceu jornalismo. Mais lembrou VTs de um desses programas apelativos ou policiais de horário vespertino de inúmeros canais.
Televisão tem dessas coisas. Mas nada justifica a falta de senso, afinal de contas, não foi a primeira tragédia coberta pela mídia.
Também é estranho que a Kíria, uma das melhores repórteres do Sul, com anos de experiência e diversas coberturas no currículo, tenha se prestado a isso.
Este ponto foi uma enorme bola fora e certamente uma mancha feia para a cobertura do caso.
Diogo Cavalcante é formando em jornalismo. Amante de televisão e apaixonado por novelas, fala sobre o assunto desde 2013. É um dos maiores especialistas sobre Classificação Indicativa na internet.
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