Publicado em 31/10/2014 às 15:16:50
ESPN e SporTV há pouco mais de 2 anos eram as maiores concorrentes no mundo esportivo na televisão por assinatura do Brasil. Uma dominando a Europa e outra com o calendário brasileiro nas mãos, duelavam com soberania pela relevante fatia do público fanático por futebol e tantas outras modalidades.
Esse cenário teve a sua primeira sacudida com a chegada do Fox Sports ao país. O canal fez valer os seus acordos internacionais e se impôs exibindo a Taça Libertadores da América e diversos campeonatos nacionais do velho continente com exclusividade.
A estratégia de demarcação agressiva deu certo, hoje a Fox já fez negociações que lhe cederam direitos como o da Olimpíada do Rio para compartilhar a Libertadores com o SporTV e mesmo assim teve margem suficiente para lançar seu segundo canal.
Bem atrás das gigantes da Disney, Globo e Fox, o Esporte Interativo e o BandSports costumavam disputar as migalhas. O EI jamais havia tido destaque além de quando exibiu com exclusividade a inédita conquista brasileira no Mundial de Handebol feminino em 2013, o que rendeu minutos preciosos de exposição da marca até mesmo em TV aberta.
O até então pequeno canal conseguiu a Liga dos Campeões da UEFA, o mais relevante torneio de clubes da atualidade, com exclusividade de transmissão para TV fechada. E consequentemente ganha peso para brigar por sua entrada em operadoras como Net e Sky rapidamente, já que acordo com a entidade européia já vale para a próxima temporada e tem duração de três anos.
É exatamente o mesmo processo que ocorreu com o Fox Sports e a Libertadores. A pressão dos assinantes o emplacou mais rapidamente nas programações das gigantes. Não há dúvidas de que o filme deve se repetir.
De qualquer maneira, a marca Esporte Interativo deu um salto de valorização com apenas uma aquisição, que deve catalisar outras tantas mudanças no canal, incluindo a eventual contratação de profissionais de renome e ampliação da equipe.
A lógica é simples. Dentre os canais fechados, geralmente só passeia pelos segmentados quem já é fisgado pelo conteúdo. E esse consumidor vai seguir o que o atrai conforme o produto “dançar” por emissoras concorrentes.
No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.
Ele também edita o http://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix) Vilã não morreu Mulheres de Areia: Isaura tem reencontro emocionante com Raquel Estreou na TV aos 7 Lembra dele? Ex-ator mirim, Matheus Costa virou galã e bomba na web Em baixa Análise Opinião Coluna Especial Exclusivo Exclusivo Opinião Opinião Exclusivo Briga boa Opinião Opinião Coluna do Sandro Opinião Aos fatos Coluna do Sandro Opinião Opinião Exclusivo Opinião
Enquanto suas rivais desfilam por aí com Campeonato Espanhol, Alemão, NBA e afins, o canal costumava dar um destaque absoluto para torneios nacionais de menor porte, como as Copas Verde e do Nordeste.
Mas nada como padrinhos mágicos para mudar de patamar. E não estou falando do Cosmo ou da Wanda. Conforme já noticiado pelo NaTelinha, a Turner, filial da Warner, foi decisiva para o fechamento da maior negociação da história do Esporte Interativo.
Com a vantagem de que a Libertadores tem acompanhamento disperso do brasileiro caso os representantes nacionais caiam cedo, como foi o caso de 2014. Ou alguém aí lembra destaques do título do San Lorenzo além da torcida do papa Francisco? Com a Champions, não há esse risco. São jogos que atraem atenção pelos craques em campo desde as primeiras fases.
Mas as semelhanças com a situação inicial da Fox não se limitam ao aspecto positivo. Da mesma maneira, o EI não tem oficialmente como fazer a transmissão simultânea de jogos.
Se a Fox apelou para o Speed, a opção número 2 do EI deve ser o Space. Mas a Turner tem um vasto portfólio de opções, incluindo o Cartoon Network e o Boomerang, por exemplo.
O plano C deve ser a transmissão pelo site e por aplicativos, já que os direitos comprados também valem de maneira exclusiva nessas plataformas.
Por enquanto, justamente um time afinado garante a sobrevivência da ESPN. A experiência da equipe de jornalismo do canal pode fazer a diferença para obtenção de algum destaque mesmo sem grandes eventos como em tempos antigos.
Enquanto isso, o Fox Sports assume a posição de maior perseguidora do SporTV, mas longe de ter um desempenho como o da raposa do Campeonato Brasileiro, já que os canais SporTV (3 fixos, mas serão 16 na Olimpíada, por exemplo) se impuseram como o sinônimo de TV do esporte.
O fato é que há quatro opções de peso e que não podem ser desconsideradas em nenhuma movimentação futura das concorrentes, seguidas de longe pelo BandSports, que toca sua vidinha mal tendo o direito de sonhar com o glamour das colegas. E que mesmo assim pode tomar eventos que interessem para as rivais ocasionalmente, como conseguiu com Roland Garros, quando levou a melhor pelo projeto em sintonia com o canal aberto do grupo e o site.
Galvão Bueno certamente diria que “não há mais bobo nos canais esportivos, amigo torcedor!”.
E a Globo de Galvão paga menos do que o EI. Enquanto a UEFA foi negociar com as TVs fechadas para faturar, pensou também no status na hora de acertar novamente com a Globo dentre as redes abertas.
Mais do que as transmissões ao vivo a partir da fase mata-mata, a rede carioca dá peso para a Champions League a cobrindo com destaque em seus programas esportivos e telejornais. Um reforço de peso para imagem do torneio.
Enquanto isso, a TV aberta precisa seduzir a massa. Há de se convencer sobre a importância das partidas de times pelo qual a maioria dos brasileiros não possui simpatia em especial. E o poder de promoção global pesa nisso.
A Band também exibe a competição, mas sem comprar diretamente os direitos e sim os tendo sublicenciados pela Globo.
Assim, estima-se que o Esporte Interativo tenha bancado 130 milhões de dólares contra 40 milhões da maior emissora do país. Negócio de gente grande.
Com a cotação atual da moeda norte-americana, o custo da UCL para o EI é superior ao que valem somados por ano Flamengo, Corinthians e São Paulo (os três que tem as maiores cotas de transmissão) para Globo e ainda resta quase um Botafogo de brinde para fechar a conta e se iguala ao recebido pelo rubro-negro carioca no mesmo período de três anos.