Opinião

Morte de Anderson do Molejo expõe os erros do Tá na Hora do SBT

Programa precisa de ajustes para ter força na competição com Datena e Bacci


Montagem com Márcia Dantas e Marcão do Povo com a foto do Anderson do Molejo
Márcia Dantas e Marcão do Povo são apresentadores do Tá na Hora - Foto: Montagem/NaTelinha
Por Sandro Nascimento

Publicado em 29/04/2024 às 06:00,
atualizado em 29/04/2024 às 08:23

Após pouco mais de um mês no ar, o Tá na Hora, atração criada pelo SBT para competir com Datena e Luiz Bacci no fim de tarde, tem alguns acertos. Contudo, comete equívocos ao investir demasiadamente em reportagens frívolas sobre comportamento, além da equipe de produção não ter o discernimento de quando o programa precisa dedicar mais espaço para as notícias relevantes do dia.

Na última sexta-feira (26), com o falecimento do pagodeiro Anderson do Molejo, o Tá na Hora tratou o assunto com pouca relevância. O programa, pasmem, não exibiu nenhum VT sobre a trajetória do cantor que morreu de um raro câncer na virilha. Também não levaram um médico explicando a doença e sua prevenção. Isso é prestação de serviço ao telespectador.

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A cobertura do fato se resumiu aos 7 minutos iniciais da atração, uma entrevista com Luiz Carlos do Raça Negra sobre a perda do amigo e uma curta declaração dos integrantes do grupo Molejo. Se somar tudo, não chegou a 15 minutos de arte. Aliás, os apresentadores não souberam conduzir a conversa com Luiz Carlos, ficou arrastada.

Outro aspecto que necessita de ajustes é a postura de Marcão do Povo. Durante o diálogo com o vocalista do Raça Negra, ele insistiu em demonstrar intimidade com o cantor e iniciou a entrevista, em tom inadequado e excesso de elogios, com a fatídica pergunta: “Tá tudo bem?”. Uma dica ao apresentador, bom senso é sempre bem-vindo.

Tá na Hora precisa ter mais agilidade

O Tá na Hora deveria ter derrubado parte do espelho, ou todo, e produzido uma edição especial em homenagem ao cantor, extremamente popular, utilizando o rico arquivo do SBT com as apresentações de Anderson. Era o assunto do dia.

No entanto, parece que o Tá na Hora segue um roteiro rígido e receio de arriscar. Com o público buscando mais informações sobre Anderson, a direção do programa optou por transmitir a participação do paranaense Macedão com a ‘chinelada do dia’. Ele é um sucesso local, mas ainda não aconteceu em rede. Inclusive, precisa ser reavaliado. O público fora do Paraná não comprou.

Morte de Anderson do Molejo expõe os erros do Tá na Hora do SBT

Ainda no mesmo dia, o programa de Marcão do Povo e Márcia Dantas exibiu um quadro de “Defesa do Consumidor” que não possuía as condições técnicas e artísticas adequadas para ser transmitido. Parecia um piloto. Tinham que preparar melhor o repórter.

Essa situação de não derrubar o roteiro com um acontecimento de última hora, aconteceu também no dia da prisão de Robinho. O Tá na Hora não alterou sua programação e, enquanto seus concorrentes apresentavam um excelente trabalho jornalístico, o programa do SBT continuava exibindo matérias frias e sem a relevância necessária para atrair o público e competir.

Era para ter utilizado toda estrutura jornalística da emissora e mostrar a força da atração. Afinal, não é todo momento que temos um jogador de futebol brasileiro sendo preso com repercussão internacional. Um programa popular deveria entender isso. Diferente do SBT Brasil, o Tá na Hora tem tempo para detalhar mais os assuntos do interesse da audiência.

Um dos acertos do Tá na Hora é a iniciativa de trazer ao estúdio personalidades relevantes para os assuntos atuais. Na sexta-feira, realizaram uma entrevista exclusiva com a ex-companheira do pai do proprietário do Porsche.

Visando o mercado publicitário, sinto que o programa pretende ser uma opção entre o Cidade Alerta e o Brasil Urgente sem vestir a camisa de ser policialesco ou sensacionalista. É possível. Mas para isso precisa ser mais dinâmico. O caminho é ser um Fantástico diário, mas popular. Transformar o Tá na Hora num show da vida dando voz ao povo. O que está no ar não é isso.

A direção necessita compreender que não é ao designar a espontânea Márcia Fu para abordar o tema “corno” nas ruas de São Paulo que fará o telespectador desistir de assistir à concorrência. Tal estratégia representa apenas um respiro para o programa, não podendo ser a aposta para atrair Ibope.

Nessa busca pela audiência, não é necessário adotar uma narrativa apelativa, como faz o Cidade Alerta. É preciso apenas encontrar o equilíbrio. O Tá na Hora pode ser um produto jornalístico interessante sem recorrer ao sensacionalismo. A direção necessita possuir a sensibilidade adequada. Tá na hora de realizar modificações, e isso é perfeitamente factível. Estamos na expectativa.

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