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Chris Flores volta à TV no Melhor da Tarde e explica saída do SBT: "Me recolhi, precisava desse momento"

Agora na Band, apresentadora retorna ao vídeo após 2 anos cheia de planos e expectativas


Chris Flores
Chris Flores volta à TV após dois anos, agora à frente do Melhor da Tarde, da Band - Foto: Ricardo Corrêa/Band
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 12/10/2025 às 08:35,
atualizado em 12/10/2025 às 13:57

Passaram-se dois anos entre a decisão de deixar o SBT e o retorno ao vídeo pela Band, que acontece nesta segunda-feira (13), às 14h30. Nesse meio tempo, entre desafios e motivações pessoais, Chris Flores foi surpreendida por uma onda de carinho nas ruas e nas redes sociais. Era hora de voltar. 

Prestes a fazer 48 anos no próximo dia 24 de outubro e com uma carreira respeitada no impresso e na TV, a apresentadora é o mais novo reforço do Melhor da Tarde, programa que recentemente ganhou fôlego com a entrada de Leo Dias. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, Chris abre o coração e fala desse período sabático que tirou, de como se deu a sua saída do SBT e, o mais importante, o que a fez aceitar a oferta da Band.

Confira o bate-papo na íntegra:

Você ficou dois anos afastada da televisão para se dedicar aos estudos e a questões pessoais... Como lidou com esse tempo?

Chris Flores - Foi um tempo necessário, importante para mim. Eu realmente estava precisando desse tempo. Para minha vida pessoal, foram 20 anos incessantes de televisão, e muito desse tempo de TV foi ao vivo, diário. Então você acaba, às vezes, colocando planos, sonhos, cuidados com você e com os seus familiares de lado para dar conta desse dia a dia que é bem puxado para a gente, né?

Às vezes a gente vê as pessoas no ar e fala: 'Nossa, mas a pessoa faz um programa ali de uma hora, duas horas, né?'. Parece tudo tão rápido, e não é. É bem intenso. A gente se prepara antes, tem todo um preparo de reunião de pauta, mesmo você não estando na emissora, lendo as notícias, se informando, checando. Depois do programa, a gente sempre faz reunião, sempre se reúne, vê o que pode ser feito de melhor. Então tem um preparo antes e depois do programa, uma dedicação muito grande, fora as matérias que a gente grava. Então não é só aquilo, tem todo o compromisso comercial que a gente tem.

Eu acabei precisando desse tempo para mim, para cuidar da minha saúde, e também para cuidar da saúde do meu pai. E também para poder realizar esse sonho que era estudar, sabe? Eu tinha esse sonho de voltar para a academia, de fazer uma faculdade de novo. Eu já tinha feito Jornalismo mais jovem, mas sempre quis fazer História. Sempre foi um sonho de verdade para mim. E aí realizei esse sonho, fiz a graduação e entrei no mestrado, que é algo que a gente precisa se dedicar mesmo.

Eu também tive uma hérnia de disco na cervical, precisei fazer uma cirurgia, meu braço esquerdo paralisou, eu realmente perdi os movimentos. Então eu tive que ter esse cuidado, tentei não ir para a cirurgia com muitos tratamentos, fisioterapia e tudo mais. Não consegui, tive que ir para a cirurgia, colocar uma prótese, e pós-cirurgia tem todo um cuidado também. Então foi importante fazer esse break.

Meu pai tem uma doença neurodegenerativa, que é o Parkinson. A gente vê o tremor e acha que é só isso, mas não é. Tem muito mais acontecendo no organismo da pessoa. Os órgãos vão realmente parando de funcionar do jeito que deveriam. Eu fui vendo isso de perto, foi muito difícil para mim, um sofrimento muito grande, porque eu vi uma luzinha se apagando. E como é uma doença neurodegenerativa, também tem a questão da cognição, a pessoa vai perdendo a memória, a lucidez. Eu fiquei com muito medo de perder meu pai rapidamente e não passar para ele todo o amor que eu sinto, toda a gratidão, todo o cuidado. Eu queria que ele tivesse dignidade até os últimos dias dele, que se sentisse muito querido, muito amado, muito cuidado.

Então foi muito importante esse período. Meu pai ressuscitou. Ele estava muito, muito, muito mal. Precisou fazer uma gastrostomia, se alimentar por sonda, ainda está assim. A garganta dele fechou, ele não estava se alimentando, estava muito grave mesmo. E esse cuidado mais de perto que eu pude fazer com ele fez com que ele melhorasse. Eu tenho certeza que ajudou bastante nessa recuperação. E como ele já está melhor, tem tido os cuidados necessários - claro, eu estou sempre perto - mas agora eu já me sinto pronta para voltar, sabe?

Tanto pela minha saúde quanto pela saúde do meu pai. Estou finalizando o meu mestrado, então acho que o momento de voltar é agora. Foram dois anos muito importantes para esse recolhimento, para eu cuidar de tudo: da minha saúde física, mental, emocional… e dos meus sonhos, dos meus planos.

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Sair do Fofocalizando estava em seus planos? O SBT tentou segurá-la? Como é sua relação com o canal no momento?

Chris Flores - A minha saída foi necessária porque realmente eu precisava, né? Como eu expliquei, era uma necessidade física, uma necessidade sentimental, né? Estar ali no programa ao vivo, diário, consumia muito do meu profissional e do meu pessoal. Era realmente necessária, e quando tomei a decisão de sair, eu fui amadurecendo isso aos poucos, sabe? Eu fui entendendo isso comigo mesma, e eu acho que foi uma decisão muito honesta da minha parte, comigo e com os meus colegas, porque foram os primeiros a saber.

Quando eu realmente percebi... eu sou uma pessoa que sou muito elástica, né? Então eu vou arrastando às vezes as decisões, mas quando eu tomo a decisão é porque aquilo está muito bem acertado, muito bem estudado no meu coração, na minha mente, sabe? Eu sou uma pessoa muito sentimental, mas eu tenho uma racionalidade também para entender que existem limites, e eu tinha chegado realmente no limite físico e sentimental, que eu precisava parar. Porque eu poderia ficar mais doente do que eu já estava.

Então foi uma decisão minha. Eu fui amadurecendo ao longo do tempo, e quando eu percebi que realmente a saída era necessária, eu avisei os meus colegas, avisei a minha direção na época, que eu realmente não conseguiria voltar, que eu iria fazer o último programa, que seria o meu aniversário, e que depois eu sairia de férias e que provavelmente eu não voltaria, que eu precisaria de um tempo para pensar. E foi o que aconteceu: eu saí e decidi não voltar.

Conversei com a direção, eles super entenderam na época. Eu não entrei tanto em detalhes do que estava acontecendo na minha vida pessoal, porque eu entendia também o momento da emissora, que estava em transição, estava refazendo os planos ali de programação e tudo mais. Respeitei muito, porque eu sempre tive muito amor e muita gratidão - e ainda tenho - pelo SBT, pelo Silvio. Eu não tenho nem palavras para definir o que foi o Silvio na minha vida e o que é, porque eu guardo com o maior carinho todos os ensinamentos, os elogios que ele me passou. Foi muito bonita a minha saída.

Assim que eu decidi realmente sair, eu tive uma conversa. Eles pediram para que eu ficasse na emissora, que eles tinham outros planos para mim, que eu saísse de férias, que eu aguardasse, que depois a gente ia conversar. E os meses foram se passando, e eu fui percebendo que ainda estava difícil para mim, né? E eu também acho honesto com a casa entender que a gente precisa abrir espaços para novos colegas, para novos produtos, porque eu sou uma apaixonada pela televisão. Eu sou uma pessoa que acredita na televisão aberta, na televisão popular, na televisão de conteúdo de qualidade para a grande população brasileira, que ainda consome e vai continuar a consumir, e que tem na TV o seu principal veículo de acesso à informação.

Sou muito entusiasta de que todo mundo se dê bem, sabe? Que as pessoas consigam trabalhar, que as emissoras todas cresçam, produzam bastante, para que a gente tenha espaço de trabalho, acesso à informação. Eu acredito nisso. Se eu não estou pronta naquele momento para trabalhar, para me dedicar como eu gosto de fazer - porque quando eu resolvo fazer uma coisa, me dedico de corpo e alma - é melhor a gente se retirar.

Então eu acho que fui muito honesta com a casa, e a casa foi muito honesta comigo. Foi uma saída muito bonita, uma conversa linda que eu tive com a direção da emissora, tive uma conversa linda com a Dani [Daniela Abravanel Beyruti] também, a quem eu respeito demais. Torço muito, sei das excelentes intenções que ela e as irmãs maravilhosas têm. Sempre me dei muito bem com toda a família. Elas sempre foram muito acolhedoras.

A Dani me disse palavras lindas que eu vou guardar no meu coração. E eu sou uma pessoa muito discreta, então não fico divulgando esse tipo de coisa porque é pra mim. O que eu posso dizer é que ela também falou coisas muito bonitas sobre o afeto que o pai dela tinha por mim, o respeito que ele tinha comigo. Isso me emociona bastante, porque eu realmente tenho um amor muito grande pelo Silvio, tenho um amor muito grande por elas, pelo SBT, pela dona Íris [Abravanel]. E foi justamente por esse amor e por essa gratidão que eu decidi ser honesta e sair no momento em que eu realmente precisava.

E o que a Dani disse para mim foi: 'As portas do SBT sempre estarão abertas para você, a hora que você quiser voltar'. Então foi muito lindo, foi muito bonita a minha saída, sem celeuma nenhuma, sem problema nenhum. E eu tenho certeza de que sou bem recebida lá, no dia que eu quiser pisar no SBT. Não digo nem só para trabalhar, mas para poder abraçar as pessoas, compartilhar com as pessoas.

Pra você ter uma ideia, assim que foi anunciada a minha ida para a Band, eu recebi vários recados de pessoas que trabalham no SBT, no ar e nos bastidores, com muitos elogios, com muito carinho, com muito desejo de boa sorte. Porque é isso: acho que trabalhar com TV - a gente que está no ar, quem trabalha nos bastidores, vocês que cobrem TV - a gente tem que ser uma grande família. A gente tem que se ajudar para essa máquina andar, né? Então foi muito tranquilo, muito bonito, e eu reservo uma gratidão muito grande no meu coração. Desejo o melhor para todos eles.

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Nesse tempo em que se dedicou ao mestrado em História Social, foi muito procurada pelas emissoras? Rolou até boato de você na Globo...

Chris Flores - Olha, na verdade eu me recolhi e decidi não ouvir propostas, não ir atrás de ninguém, porque eu realmente precisava desse momento. Então, como meu problema não era com o SBT, e sim uma questão minha, eu fui realmente honesta comigo nas minhas necessidades e fiquei bem recolhida. Veio de tudo que você possa imaginar de boato, e eu fiquei afastada de tudo isso. Eu não quis nem saber o que estava acontecendo, fiquei realmente recolhida cuidando da minha saúde, do meu estudo e da saúde do meu pai. Era um momento que eu realmente precisava disso.

Então eu me recolhi, deixei os boatos acontecerem, não quis desmentir nada, e falei: 'Bom, deixa o pessoal ficar com a imaginação rolando aí à solta'. Mas na hora que teve que ser, foi - que é agora, né? Então foi uma conversa muito produtiva, muito maravilhosa com a Band.

Chris Flores volta à TV no Melhor da Tarde e explica saída do SBT: \"Me recolhi, precisava desse momento\"

O que a fez considerar a proposta da Band? O Leo Dias teve total influência nisso?

Chris Flores - Eu me senti muito segura. O que me fez considerar foi realmente entender esse momento em que eu já estava pronta para a volta. E entender que o Leo Dias está muito feliz, muito seguro, muito sereno, e que me deu toda a segurança, junto com a direção da Band, de que a gente trabalharia juntos em prol de um conteúdo de qualidade, que a gente fosse oferecer realmente o melhor para o telespectador.

Que eu pudesse fazer coisas diferentes no ar, que eu tivesse muita tranquilidade para continuar a cuidar do meu pai, continuar a me cuidar, mas que eu me dedicasse bastante nesse momento em que já me sinto pronta. O Leo é um companheiro de trabalho, um amigo de muitos anos, em quem eu confio muito, e vendo o Leo do jeito que ele está hoje - feliz, realizado, comprometido - me deu muita segurança para aceitar. Conversando com a direção da Band, conhecendo esses profissionais incríveis que estão lá empenhados em oferecer o melhor para o telespectador, me senti muito segura e não pensei duas vezes.

Quando eu me sinto segura é assim: é pá pum, de uma hora para outra. Vamos nessa, vamos embarcar e vamos fazer o melhor que a gente puder para oferecer conteúdo de qualidade, porque eu acredito que o conteúdo é o protagonista sempre. Nós estamos ali como instrumentos, mas quem tem que brilhar é o conteúdo, para que quem esteja em casa receba essa informação da melhor qualidade.

Então foi sim pelas mãos do Leo, com a ajuda dele, porque ele sabe que nós temos uma grande parceria de trabalho, que eu tenho respeito profundo, ele me respeita também profundamente. E isso só prova que, quando eu saí do Fofocalizando, foi uma coisa muito tranquila, muito conversada, de muito respeito e afeto - senão ele não teria me chamado novamente para trabalhar com ele. E já é a terceira vez que a gente trabalha juntos, né? Já trabalhamos na revista, trabalhamos no Fofocalizando, e agora vamos nessa parceria de novo, que eu tenho certeza que vai ser maravilhosa.

Como será a sua participação no Melhor da Tarde? Quais seus planos para o programa?

Chris Flores - Eu acho que a minha chegada traz um novo olhar, um olhar feminino para o programa, que tinha a Pamela [Lucciola] - o olhar dela, maravilhosa - que recebeu um convite para assumir o Melhor da Noite. Quando ela veio da Bahia para cá, ela teve essa missão, e agora ela vai acampar ali como a protagonista do programa. Então é muito legal ver uma mulher brilhando numa posição dessas, e eu torço muito por ela.

Agora eu vou ocupar esse lugar da mulher no programa: mãe, dona de casa, esposa, cozinheira. Eu não sou chefe, eu sou cozinheira mesmo, aquela mãe que cozinha em casa. Vamos falar sobre pauta de comportamento, saúde, beleza, moda, fofoca… vamos fazer tudo que já está sendo feito e ainda vamos trazer mais pautas. Claro que tudo isso vai vir com o tempo. Nós vamos sentir o programa, a recepção dos telespectadores.

Com a chegada do Leo Dias, o Melhor da Tarde ganhou um novo formato recentemente. Mais algum ajuste será realizado com sua entrada na equipe?

Chris Flores - Então não existe expectativa de que, do dia para a noite, as coisas vão mudar e que vai ser outro programa. Não é isso. Eu estou entrando com todo o respeito do mundo aos meus colegas, à Band, ao programa, e nós vamos aos poucos entendendo quais são os conteúdos que funcionam, que as pessoas que nos assistem querem ver. E a gente vai dentro disso, né? O factual também, o que está acontecendo no momento.

Eu vou entrar com toda a humildade do mundo para entender o que é este programa, o que as pessoas querem deste programa, e contribuir com meu conhecimento, com meu jeitinho de ser, com meu conteúdo. Somos uma equipe. Então eu não estou entrando para fazer uma revolução, estou entrando para somar, para trazer uma visão feminina, para ter um conteúdo mais feminino junto com os meus colegas que já são craques e já estão brilhando lá.

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Por cerca de 20 ou 30 minutos, o Melhor da Tarde e o Fofocalizando batem de frente... Como avalia e o que espera dessa disputa?

Chris Flores - Eu nunca tive problema em concorrer com pessoas que eu amo. Por exemplo, com a Sônia Abrão. Porque eu sempre disse isso para a Sônia, dizia para a Cátia [Fonseca] também, que é uma querida amiga. São profissionais que eu respeito demais, que eu admiro demais, que são minhas amigas. A gente concorre, a gente não é inimigo. A gente não pode ser inimigo na televisão, a gente tem que ser concorrente.

Faz parte concorrer, faz parte a gente querer o melhor. E quando a gente tem concorrentes que são bons, que você sabe que produzem, que trabalham, que querem o melhor também para o telespectador, é ainda mais desafiador e ainda melhor para a gente, porque a gente quer fazer ainda mais e ainda melhor. Eu conheço a equipe do Fofocalizando, admiro todos eles, respeito todos eles.

Então vai ser uma disputa muito produtiva, certamente, porque nós sabemos que a gente está disputando com gente muito boa, né? Então a gente vai ter que fazer ainda melhor. Eu tenho muito carinho, muito respeito por todos lá, pela equipe de bastidor, pelos colegas que estão no ar, né? Principalmente a Gaby [Cabrini] e o [Gabriel] Gabriel. Trabalhamos juntos, foram duas pessoas que eu me esforcei muito, enquanto estive no SBT, para que ficassem ali comigo, no palco, no vídeo, porque sabia do talento, do empenho deles. E torço demais por eles e pelos novos integrantes que estão lá, que merecem estar onde estão e que têm que brilhar muito mesmo.

Eu torço para que cada vez a gente tenha mais programas na televisão e que venha uma tarde gloriosa para quem está em casa.

Além do Melhor da Tarde, você vai colaborar com outros projetos do canal, o Band Folia, por exemplo?

Chris Flores - Eu entrei para fazer o Melhor da Tarde, mas a gente já conversou que provavelmente surgirão outros trabalhos dentro da Band. Estarei pronta para receber outros convites. Amo fazer rádio, já disse para eles que adoraria fazer rádio, e as rádios do Grupo Band são maravilhosas, são absolutamente incríveis. E eu sou ouvinte.

Então está sendo incrível poder estar perto de tudo isso, desse conteúdo, desses profissionais de tanta qualidade. A Band é uma escola para grandes apresentadores que a gente tem hoje em todas as emissoras, que vêm da rádio, que vêm da TV também, porque a Band é uma casa de conteúdo. Isso também me seduziu muito, sabe? Eu quero estar num lugar que tem o conteúdo como protagonista, que entende que o conteúdo tem que ser bem feito, bem trabalhado. E o grande pilar da Band é o conteúdo, é o jornalismo de qualidade.

Então, provavelmente outros projetos acontecerão. No momento, é entrar de cabeça no Melhor da Tarde, e surgindo outros projetos, a gente vai estudar caso a caso e entender se temos condição de fazer. Porque eu vou estar num programa ao vivo e diário, que vai demandar todo um esforço, todo o empenho, principalmente nesse primeiro momento. Mas eu estou aberta a todos os projetos, e tem muita coisa rolando na Band, muita coisa legal que em breve vocês vão saber. E eu adoraria fazer um monte, tá? Por mim, eu faria várias delas.

Chris, você é muito respeitada entre os anunciantes... Acha que pode agregar no programa nessa parte também? Aliás, você se considera uma boa "vendedora"?

Chris Flores - Graças a Deus, te agradeço pela pergunta. Eu acho que é uma construção. Foi, sim, um dos assuntos tratados durante a minha contratação - essa questão do respeito que o mercado tem comigo e com meu nome. E certamente isso pesou no momento em que eles me chamaram. Acho que isso foi uma construção de muitos e muitos anos, das marcas entenderem quem eu era e que, de fato, quando eu faço um produto, eu uso aquele produto, eu respeito aquele produto, e eu só levo a informação para o consumidor daquilo que eu realmente uso e acredito.

Porque um nome para você construir é muito difícil, mas para destruir você precisa de um segundo. Então, para construir esse respeito com o telespectador - principalmente com a consumidora que me acompanha sempre - ela sabe. As pessoas que usam de fato os produtos sabem quem entende daquilo, quem sabe o que está falando. Então eu tenho que ter um respeito muito grande por ela. Também uma devolutiva: eu não posso oferecer para ela algo que não seja de extrema qualidade. Eu sei que as pessoas têm um dinheirinho muito suado, conquistado ali na batalha, no seu salário, com a sua aposentadoria, e que esse dinheiro tem que ser investido naquilo que realmente a pessoa vai depois me agradecer e dizer 'muito obrigada pela dica'.

Então é uma construção com as marcas, com as agências, de quem eu sou, né? Eu tenho uma relação muito próxima. Eu gosto de conhecer os donos das marcas, sabe? Eles gostam de me conhecer, de conhecer a minha família, saber que eu sou de verdade. Saber que, quando eu digo 'eu sou mãe', eu sou mãe mesmo, né? De criação, assim, do dia a dia. Quando eu digo que eu limpo uma casa, eu limpo de verdade. Quando eu digo que eu cozinho, eu cozinho de verdade, né?

Os textos que eu digo nos merchans, nas propagandas, são textos que eu aprovo, porque eu preciso passar essa verdade. Então eu tenho um carinho muito especial com o departamento comercial, de muito respeito. Porque eu sei que hoje não adianta você ter só a audiência. Você precisa ter uma base comercial muito firme, muito forte, porque isso te deixa no ar também. Isso deixa um programa no ar, e isso sustenta uma emissora. Isso significa que você está sustentando muitas famílias que dependem daquele trabalho, né?

Então a gente tem que ter muito comprometimento, muita responsabilidade com quem está do outro lado da câmera e com quem está com a gente nos bastidores também. Porque eles dependem que a gente faça esse trabalho bem feito para que a emissora continue e os programas continuem no ar, né?

Chris Flores volta à TV no Melhor da Tarde e explica saída do SBT: \"Me recolhi, precisava desse momento\"

Você cobriu a área de entretenimento por anos... Qual a avaliação que faz da TV brasileira no momento?

Chris Flores - A avaliação que eu faço da TV é que a gente vive um momento em que precisa se reinventar, precisa reaprender a fazer televisão, né? Eu acho que quem vai ficar são as pessoas, as emissoras, as empresas que sabem fazer conteúdo de qualidade.

O telespectador sempre foi muito inteligente, muito criterioso nas suas escolhas, apesar de muitas pessoas às vezes subestimarem o telespectador. Não interessa se a pessoa gosta de A ou de B, ela gosta por algum motivo, né? Talvez porque aquela pessoa converse com ela no fundo do coração, talvez porque aquele conteúdo seja o que leva ela para um lugar de alegria, de informação, de emoção.

A gente nunca sabe o que faz a pessoa gostar da gente, daquele programa, daquela emissora, né? Mas existe ali uma verdade dentro dela que faz ela ligar a TV e buscar a gente. Hoje existem muito mais opções, existe um leque muito grande, né? De opções que vão além da televisão. Então a briga ficou muito mais acirrada, a divisão do bolo também.

Acho que nós todos não podemos mais enxergar a medição de TV como enxergávamos antes, né? Hoje um ponto vale muito mais do que valia lá atrás. Então a gente tem que dar muito valor a cada ponto que a televisão proporciona. Já é uma grande conquista, né? Muito maior do que era lá atrás. As pessoas talvez desprezavam alguns pontos... 'Deu isso, só isso'. Não! Hoje, dar um ponto já é muita coisa, né? Captar esse telespectador, segurar esse telespectador, né? Não é fácil.

Então eu acho que a batalha agora é muito maior. É a corrida pelo bom conteúdo. Eu acho que esse é o grande diferencial. Não acho que a TV vai morrer, muito pelo contrário. Acho, como já disse, que ainda é o principal veículo de informação de muitas pessoas Brasil afora. É democrática, porque é de graça, né? Num país em que ainda temos muitas pessoas vivendo na linha da pobreza, que ainda precisam de ajuda para conseguir colocar o arroz com feijão na mesa, o alimento para a família.

A televisão precisa ser cada vez mais prestadora de serviço. Então eu acho que a televisão que vai ficar é essa geradora de conteúdo que traga esse pilar do entretenimento com informação. Informação de qualidade, com checagem. Porque também nas redes sociais a gente tem muita porcaria, né? Tem muita fake news. Então a TV tem que ter essa responsabilidade de ser o oposto, de ser aquela que vai limpar a fake news, que vai trazer a informação de qualidade, checada, bem embalada, né?

E o entretenimento, né? Para que as pessoas possam também relaxar, se divertir. Televisão também é isso, a gente não pode esquecer. Nosso gênio Silvio Santos já ensinou isso pra gente. A gente tem que seguir o mestre, né? As pessoas querem sentar na frente da TV e relaxar. Às vezes depois de um dia de trabalho, ou dentro da sua própria casa ou fora de casa, querem poder sentar com a família e assistir juntos.

Televisão também é entender os limites. Porque às vezes as pessoas passam do ponto na TV, com baixarias desnecessárias. Então eu acho que é se reinventar com orçamentos hoje que são mais baixos, porque teve essa divisão do bolo. Então hoje eu acho que é a qualidade com a criatividade que vai fazer com que a gente permaneça.

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Quais seus planos para o futuro? Existe algum tipo de formato que sonha em apresentar um dia?

Chris Flores - Os meus planos hoje para o presente e para o futuro são de poder fazer um programa de qualidade. É de voltar para o ar com muita dignidade, que eu acho que é como andar de bicicleta. Fiquei dois anos fora do ar, mas acho que ainda assim é como andar de bicicleta: um pouquinho de desequilíbrio no começo, mas seguindo ali em frente. Eu quero, com todo o respeito, com toda a gratidão, porque não teve um dia que eu saí de casa que as pessoas não vieram dizer para mim: 'Volta para o ar' ou 'A gente precisa de você de volta no ar, eu gostava do que você falava, gostava do seu sorriso, você faz muita falta'.

Foi tanto carinho, tanto carinho mesmo nas ruas, nas redes sociais, que eu me senti muito feliz nesse período, mesmo passando por tantas adversidades. É com tanto carinho que isso me deu força pra voltar agora, me deu segurança pra voltar.

Então, meu plano agora é fazer um trabalho de qualidade. Levar o meu melhor, muito, muito em gratidão a essas pessoas que me acompanham já há mais de 20 anos. E hoje é isso, né? Claro que eu tenho muitos sonhos e gostaria de fazer novos formatos, mas eu gosto de deixar a vida me levar e que os desafios cheguem para mim, como sempre foi. Tudo o que eu fiz na televisão foram propostas que foram colocadas para mim. Me apaixonei, me encantei, me joguei, me entreguei, fiz com todo o meu amor e dedicação. E agora é mais uma vez um presente que está sendo me dado e, puxa, estou pegando com todo amor e carinho.

Gostaria de fazer muitas outras coisas. Gostaria de fazer, certamente, algo ligado à história das mulheres, porque é a minha especialização. E eu quero falar com mulheres sobre mulheres, dar voz às mulheres. Então gostaria muito de fazer fazer algo com essa temática. Eu gosto muito de documentário também, algo que gostaria muito de fazer na minha vida, entre outros planos. Eu estou com muitas ideias e agora é colocar a bola no chão e começar aos pouquinhos, passar essa bola para frente e ver onde a gente chega.

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