Incansável

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

Apresentador fala sobre fenômeno Passa ou Repassa, conselhos de Silvio Santos e aquela que considera sua experiência mais legal da vida


Celso Portiolli em O Conquistador do Fim do Mundo, Domingo Legal e Curtindo uma Viagem
Celso Portiolli apresentou reality no "fim do mundo" em 2003; apresentador relembra carreira e revela planos - Foto: Montagem/NaTelinha
Por Thiago Forato

Publicado em 06/06/2025 às 00:20,
atualizado em 06/06/2025 às 10:38

Celso Portiolli está há um ano com um Domingo Legal "turbinado" no SBT. O apresentador comanda uma maratona de sete horas no ar. Não é tudo ao vivo, mas ele garante que dá pra fazer. E se você pensa que ele está cansado... Que nada.  Ele diz que  talvez não toparia fazer outros programas durante a semana por conta de um possível desgaste de imagem. Fôlego, no entanto, não falta. "Eu aguentaria facilmente fazer um ou mais dois programas na casa", diz.

A afirmação foi feita em uma longa entrevista ao NaTelinha publicada no YouTube (vídeo ao fim da matéria) e que também aparece aqui em formato de texto. Celso Portiolli é o quarto convidado de uma série de 20 entrevistas com personalidades que fizeram ou fazem a história da TV neste mês que marca as duas décadas do site.

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O apresentador capitaneou no SBT O Conquistador do Mundo, que teve gravações na Patagônia no ano de 2003. A experiência, segundo narra, foi a mais legal que viveu na vida. Mas, perrengues não faltaram. "Para você ter uma ideia, o apresentador mexicano foi atropelado por aquelas caminhonetes gigante", relembra. O reality show no "fim do mundo" tinha uma equipe de 500 pessoas e foi lá que ele aprendeu a memorizar.

Os colegas argentinos sabiam até que o Curtindo uma Viagem era campeão de audiência, emplacando consecutivas vitórias contra Xuxa Meneghel nas tardes de domingo. Mas ainda que tenha vivido tantos acontecimentos inusitados, como narra a seguir, não titubeia: "Eu voltaria pra lá amanhã".

Portiolli fala sobre o fenômeno Passa ou Repassa - em 2026, completa 30 anos quando estreou no game - e a volta de alguns quadros importantes. Até aquele da piscina de amido conta ter pedido o orçamento, mas pondera: "É muito cara. Eu acho que enjoa rápido".

Criativo, revela ter um reality show registrado e dá algumas pistas sobre o formato: é de confinamento e diário. "Ele tem duas partes, tem a participação do público dentro. Não é muito pra ver quem que é bonzinho e quem que é malzinho. Não é isso. É bem legal", diverte-se.

Confira:

NaTelinha - Quero começar desejando um feliz aniversário pelos seus 58 anos completados no último domingo (1º). No mês que vem, você também completa 16 à frente do Domingo Legal e ainda esse mês você completa 1 ano com ele no ar com as sete horas. Muitas festividades! Mas pra começar, 1 ano com sete horas de programas é pra poucos. Já está calejado a ficar tanto tempo no ar e acostumado a produzir tanto conteúdo?

Tá passando muito rápido e pra mim não mudou nada. Sempre brinco que estou trabalhando demais, mas pra mim não mudou nada. Eu tenho que fazer uma hora e meia a mais de conteúdo só. Eu falo que eu não trabalho porque eu amo o que eu faço. Eu sinto saudade.

Por exemplo, amanhã tenho gravação. Eu fico doido pra ir lá gravar. Domingo eu saio animado pra fazer o programa. Enquanto eu tiver esse gás e essa energia pra mim está ótimo.

O que me surpreende nesse um ano de Domingo Legal é o público ter abraçado a ideia de ter o Domingo Legal durante sete horas. Muita gente falou: 'Vai desgastar, isso ou aquilo...'. Mas os números estão mostrando que é possível fazer um bom conteúdo, um conteúdo agradável e a audiência é rotativa. O pessoal esquece que a audiência é rotativa. Então, tá dando certo, graças a Deus estou me sentindo muito bem.

Estou me sentindo mais velho porque foi meu aniversário, mas estou me sentindo muito bem! (risos)

NaTelinha - O programa não é todo ao vivo. Ninguém aguenta fazer sete horas ao vivo. Não dá, né?

Dá, dá, dá! Dá pra fazer. Vou falar uma coisa pra você: do mês que eu peguei pra fazer as sete horas, até mês passado, eu estava com um problema sério na voz. Estava me esforçando o dobro para poder fazer o programa. Eu terminava quase rouco todos os programas. Estava com um problema sério. Sério assim... Não era nada de calo, mas eu estava tendo uma rouquidão grande. Resolvi faz 30 dias. Agora pode me dar 18! Eu saio do programa com a voz normal. Já estou acostumado com isso. Não cansa. Não estou fazendo uma maratona. Só estou falando.

Quando você fala da técnica, o meu retorno é bom, o SBT me deu microfone novo, me deu retorno novo pra me dar conforto. Cara, eu vou longe demais! Não é um trabalho exaustivo. O que cansa mais é quando você vai fazer uma externa fora, você tem que viajar. Eu não tenho avião, o SBT não loca porque sai muito caro e vou de avião comercial. Demora mais pra chegar, dorme pouco, essas coisas... Pra minha idade. As pessoas falam 'você tem cara de jovem' mas estou quase fazendo 60. A idade conta. Essas coisas cansam mais, quando me privam do sono, aí cansa um pouco mais. Agora fazer televisão pra mim é bico. Eu adoro!

NaTelinha - E na hora que você termina o ao vivo? O programa não para. Você continua acompanhando ali ou vai embora pra casa?

Não... Depende. Normalmente fico até o final na televisão. Normalmente fico lá vendo, acompanhando os números do Ibope, observando o que pode melhorar no programa. Eu fico acompanhando tudo. Fico vendo como apresentei, porque eu apresentei, porque eu ri, fiz a piada, porque a edição não deu um tempo a mais na resposta, porque não colocou efeito... Eu fico olhando tudo!

NaTelinha - Mesmo já tendo visto antes. Ou você não vê antes?

Eu não vejo antes. Eu não tenho mais tempo de ver antes. Isso eu não tenho tempo. Algumas coisas eu vejo antes, mas não tudo. Programas que já estão na 15ª temporada eu não vejo antes, aí já pegaram o jeito de fazer, né?

Mas quando eu vejo e tem alguma coisa diferente do que eu fazia, da edição que eu gostava, eu dou um toque. 'Ô, Gargalaca [diretor], tem que melhorar aqui, dar um tempo ali, mudar, tirar aquele take aqui...'.

Agora, dos programas que eu faço ao vivo, muitas vezes eu falo ao vivo: 'Não fecha em mim, fecha lá'. O pessoal me conhece muito já. Já sabem do jeito que eu gosto, do jeito que eu não gosto. E algumas mecânicas eu ajudo a transformar.

Só sabe quando o programa está bom, quem está no palco. O papel do apresentador ou do animador no meu caso animador, é vender o que você tem ali. Então, tem roteiro que não te ajuda a vender. E tem roteiro que te ajuda a vender. Conforme o quadro é confeccionado, é muito fácil você vender. A partir do momento que o animador que ele vende aquilo, tem que dar resultado.

Então, é por isso que quem está na frente das câmeras, acaba criando uma maior sensibilidade para isso. Então, pra mim é simples se está bom, 'conversa com o povo, com quem está em casa'. Pra mim é mais tranquilo. Mas continuo vendo o programa todo, quando venho pra casa, às vezes no carro dou uma olhadinha no Ibope, chego aqui e fico acompanhando. Enfim, eu acompanho o tempo todo. Mas por mim, eu ficaria lá fazendo o programa.

NaTelinha - Agora o SBT vai dobrar sua duração. Cuidado, hein?

Não sei não, mas acho que eu só não toparia fazer algo na semana porque já é desgastante pra imagem. Mas eu aguentaria facilmente fazer um ou mais dois programas na casa.

NaTelinha - Caramba, mas você está com fôlego de menino mesmo...

Mas eu gravo o Comprar É Bom Levar É Melhor em nove dias, eu gravo para três meses. Então, qual que é a dificuldade de você fazer uma temporada de um programa em nove dias? Não tem dificuldade, é só amar o que faz, isso não é trabalho.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Sempre foi assim no caso desse quadro? Ou vocês foram pegando o traquejo?

Não, sempre, desde o primeiro são muitas horas. Chega a 12 horas de gravação e é bem puxado. É bem puxado. Mas em nove dias a gente faz tudo.

NaTelinha - Mas chega no final então e você está um caco...

Mas geralmente ali eu tenho um macetinho, né? Eu faço o primeiro, o pessoal sai para almoçar... Tem o descanso, né? Eu almoço e tiro uma soneca de 20 minutos. Aí eu volto. É, para recarregar as baterias. Aí eu vou porque quando eu saio tarde da loja lá, eu saio 21h30, às vezes chego em casa 22h, aí eu vou jantar, eu tenho que dormir e já acordar cedo no outro dia. Então, é aquilo que eu falo, é privação de sono. Então, se eu dormir muito tarde e acordar muito cedo, isso aí vai me baleando um pouquinho. Mas se eu tiver como descansar 20 minutos depois de uma gravação, eu vou embora. Só no caso do Comprar É Bom Levar É Melhor. Nos outros eu não descanso não.

Enfim, mas o Minha Mulher Que Manda é mais demorado ainda. Então, ano passado eu gravei a temporada do Comprar É Bom Levar a Melhor, saí e fui gravar Minha Mulher Que Manda. Então, já recebi a informação que até setembro vai ser muito puxado para mim. Vai ter gravação do Quem Arrisca Ganha Mais, vai ter gravação não sei do quê, vai ter gravação do Minha Mulher Que Manda. Então, vai ser um... E a gente começa a fazer conteúdo para as férias também, né? Então, a gente vai. É uma escala. Mas para mim tudo é tudo é festa! (risos)

NaTelinha - A gente está vendo... E o Passa ou Repassa que você faz ao vivo é um caso muito diferente na história da televisão mundial. Ele tem 38 anos só no Brasil, sendo 29 com você. Como ele conseguiu se manter tão competitivo assim? É um fenômeno, de verdade.

É um fenômeno. Você sabe que ontem eu fiz uma pesquisa no GPT [Chat] para ver qual que é o programa, o game-show mais longevo, mais duradouro na televisão brasileira. Eu acho que é o Passa ou Repassa.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Eu acho.

Ele deve ser o campeão. O GPT não informou muito bem não, mas eu acho que ele deve ser o campeão. Agora, por que ele dá audiência? Eu não sei. É um fenômeno. É um fenômeno. E ele cabe tudo dentro, você põe tudo dentro dele, ele aguenta merchandising, você põe merchandising, você põe quadro, você vai lá para a externa, volta, e ele está ali. Eu não sei, cara. Realmente eu não sei. Mas é a sorte. Isso é questão de sorte.

Eu tenho um programa para conduzir que renova o meu público. O Passa ou Repassa é para assistir em família. Então a avó gosta, a filha gosta, a neta gosta. Então isso vai renovando o meu público. Porque as pessoas que começaram comigo na televisão, que tinham 30 anos, como eu tenho 30 anos de carreira, hoje estão com 60. Já são avós. Se você me acompanha desde 40, hoje tem 70. Então é... E a televisão, essa é a diferença da televisão para o streaming, que geralmente você assiste sozinho. Vai ver sua série, maratona série e tal. Televisão é em família. É reunião, é grupo, é gente... Então esse programa é bom porque ele renova o meu público.

Então a galera que tem memória afetiva de ver esse programa, está lá comigo. E às vezes essa pessoa já é avó, já é mãe, coloca a família para ver junto ali. E assim vai. É um fenômeno. É um fenômeno. Ainda bem que você vê isso. Porque poucas pessoas enxergam isso como um fenômeno. E outra coisa... É um formato de 35 anos que ainda incomoda a concorrência.

NaTelinha - Quase 40, Celso.

38?

NaTelinha - Desde 87 está no Brasil.

É verdade.

NaTelinha - Esse formato não passa mais em nenhum lugar do mundo. Só aqui no Brasil pelo menos até agora que a gente está gravando. É impressionante, cara. Nem na Nick...

Eu cuido com muito carinho dele. (risos)

NaTelinha - Pois é! E por que ele é ao vivo? Por que você escolheu ele para fazer ao vivo? Você poderia fazer gravado se quisesse... Eu acho que você teria liberdade e autonomia para isso. Por que o Passa ou Repassa é ao vivo?

Na época eu nem sei porque eu optei por fazer ao vivo. Mas eu pedi para fazer ao vivo. Eu não lembro porque, mas teve um detalhe do Domingo Legal que era para fazer... Principalmente sincronização musical. Porque ao vivo você paga menos... Eu acho que paga, né? E também para controlar o Ibope. Na época quando controlava mais, ficava monitorando mais. Tinha um monitor do lado. Era para usar a estratégia do Domingo Legal. Era mais para isso. E cara, eu acho que ao vivo ele é muito mais legal do que gravado. Mas acho que foi por alguns detalhes. Eu não sei se foi por causa do lado musical.

Só não sei se foi por causa do lado de controlar o Ibope. Eu sei que na época eu optei por fazer ao vivo. Todo mundo me chamou de louco. 'Você é maluco? Fazer um game-show ao vivo?'. Falei: 'Não, vai dar certo. Vamos lá, vamos fazer'. E deu. Hoje ele está 'jeitado'. Ele vai tranquilo. Ele roda. Todo mundo que vai lá ver ou participa do programa ou vê a gente fazendo, fala, 'meu Deus, como que é fácil?' Porque ele vai... Ele acontece. Talvez seja por isso que no mundo não está ainda. Porque ninguém teve a coragem de fazer ao vivo. (risos)

NaTelinha - Pode ser, pode ser. (risos) E o programa é tão fenômeno que eu não sei se você lembra... Provavelmente sim, né? Mas o Passa ou Repassa chegou a voltar para a programação do SBT em 2004. Só que com reprise do ano 2000. Você lembra disso? E tinha excelente audiência também no fim de tarde. Não se cogitou voltar a produzir o programa naquela época?

Sim, mas essas reprises eu que editava.

NaTelinha - Você editava aquelas reprises de 2004?

Eu ia lá porque tinha pergunta que era factual e tinha que cortar. Então eu ia lá junto com a edição cortar, ajustar o placar. Então a gente cortava de um jeito que... A gente tinha um macete para cortar lá que não mudava muito o placar e a gente dava um jeitinho. E eu ajudei. Mas ele foi muito bem.

O Passa ou Repassa já era fenômeno quando ele concorria com o Cidade Alerta e Malhação. Lembra disso? Ele passava o Cidade Alerta e ficava na cola de Malhação. Era um negócio incrível, incrível. E na minha opinião, eu já falei isso para a Dani [Beyruti]. Falei: 'Está faltando um game-show nas tardes do SBT. Está faltando aquela alegria. Quando tinha game-show, tinha TV Animal, ou tinha Namoro, que eu fiz Namoro... Ou tinha o programa da Adriane Galisteu, que eu também fiz o programa da Adriane Galisteu. (risos)

Está faltando aquele temperinho que tinha na tarde do SBT. Eu acho que falta. Eu acho que falta. E cabe, né? Eu acho que ali ainda cabe alguma coisa. Acho que um bom game-show durante a semana com um bom condutor vai ficar legal. Vai ficar legal...

NaTelinha - Ah, então com algum bom condutor você já está tirando o seu corpo fora... (risos) Mas você tem algum formato em mente?

Aí é muita gula. Eu acho que tem... Tem muitos programas no mundo aí. Eu já fui nessas feiras aí... Olha, se você tiver uma boa vontade de bater perna lá e fugir das grandes produtoras, das grandes indústrias, da indústria chefe ali, né? E você passar lá para o subsolo da feira. Tem muitos formatos. Nossa senhora! Tem formato demais. E criar formato é muito fácil. É muito fácil. A gente já criou alguns ali no Domingo Legal. Aliás, uma curiosidade que pouca gente sabe.

Esse teve só uma edição, mas eu acho que é um programa que pode voltar. O Domingo Legal foi o primeiro a introduzir o QR Code. A gente foi o primeiro a usar o QR Code. Não sei se você lembra disso. Eu fui para a feira da França e andei tudo pela feira lá. Eu não conhecia muito bem, não tinha um representante... Então era difícil eu entrar nos estandes. Mas eu fui lá no subsolo, olhei tudo e tal. E eu não encontrei nenhum programa para mim. Aí do lado da feira tinha um cassino. E na frente um restaurante. De calçada, assim... Eu comendo naquele restaurante de calçada, olhei e falei: 'Pô, tem um cassino ali. Eu vou vou lá'. E eu entrei no cassino e olhei todas aquelas máquinas lá. Saí, fui para o hotel e falei, 'vou criar um programa'. Eu criei lá no hotel o Jogo das Nove Caixas.

NaTelinha - Mentira!

É verdade. Foi assim. Eu criei o jogo lá, voltei e falei, 'vamos usar QR Code'. Aí o pessoal: 'QR Code? QR Code?'. Na época até uma empresa queria me processar porque se dizia dona do QR Code. Falei, 'você está maluco? Dona do QR Code? QR Code é público. E aí foi o primeiro programa a usar QR Code. Tinha as caixas... Aquele final das caixas, do cara colocar as caixas em ordem revelar quanto ele ganhou... Aquelo era maravilhoso. Era um pouco complexo? Era. Mas se pegar aquele programa, melhorar o formato um pouquinho, facilitar o formato e fizer de novo, golaço. Golaço! E foi um programa que eu criei. Criei, claro, junto com a equipe, [mas] a ideia principal era minha. E a produção do Domingo Legal e direção, eles afinaram. Assim como foi o Quem Arrisca Ganha Mais, que a gente criou durante a Covid, embaixo de uma árvore no pátio do SBT.

NaTelinha - Essas histórias são maravilhosas. (risos)

Cada um sentado longe do outro, embaixo da árvore do Estúdio 1. Você sai do Estúdio 1, tem uma árvore. 'Acabou o Domingo Legal, a gente precisa criar um programa'. Todo mundo sentou lá longe do outro e foi, foi, foi, foi... E o Quem Arrisca Ganha Mais é igualzinho quando começa uma outra novela. Quando acaba a novela das nove e o pessoal põe a próxima novela, a crítica vem caindo de pau. 'A novela não é boa, a novela não é boa, a novela não é e acertando, vai acertando, vai acertando' e vira um grande sucesso. Esse foi a mesma coisa. Comprar É Bom Levar É Melhor é um grande sucesso. E quando entrou, todo mundo reclamou. Esse programa, 'não sei o quê, não sei o quê, não sei o quê'. Cara, hoje ele dá uma audiência maravilhosa. Ele dá uma audiência... E assim. Ele seria reprovado em qualquer cúpula artística de qualquer emissora.

NaTelinha - Por quê?

Porque você falar para uma pessoa que você vai repetir a mesma prova 10 vezes, o cara vai te chamar de louco. E a gente repete a mesma prova 10 vezes. Então. O cara fala, 'não é possível'. Eu faço um programa 1h40 com sete perguntas. Tem o jeito e o jeito de fazer, né? Então é isso.

NaTelinha - E plateia, você não pretende colocar no Quem Arrisca Ganha Mais? Ou você acha que não cabe ali?

Não, não. É um programa de muita concentração, né? É muita. Muito foco. E é muito demorado. Esse programa é demorado para gravar.

NaTelinha - Esse não dá fazer ao vivo então...

Não, não dá. Mas tem um que eu quero fazer ao vivo.

NaTelinha - Qual?

O Até Onde Você Chega. Já pedi três, quatro vezes lá. Estão ajustando para eu fazer ao vivo. Quero fazer ao vivo. Aquele ali ao vivo eu vou plantar bananeira. É ao vivo! Eu posso botar pessoal de casa no telefone para dar palpite, falar com a pessoa, escolher número. Fazer o que quiser. Fazer o que quiser. O problema do Quem Arrisca é montagem de prova, né? Tem que parar, montar a prova, acerta a luz, acerta o ponto, acerta o nível prova que não pode ter... Tem que colocar o nível, colocar no pruma. É super complicado. Mas é. O resultado fica muito bom. E foi criado pela gente, né? Foi criado pelo Domingo Legal.

NaTelinha - E isso está sendo comercializado por aí, Vocês estão vendendo? Tem Quem Arrisca Ganha Mais se eu ligar a televisão na Polônia?

O SBT já preparou para vender, sim. Já.

NaTelinha - Algum já foi vendido?

Não sei. Todo mundo assinou o documento e tal... Não sei, não sei, eu não fico nem sabendo. Você sabe que a empresa que vende o Comprar é Bom Levar é Melhor, ela é muito grata ao SBT e ao Domingo Legal, porque nós melhoramos o programa e a gente é o case mundial deles. Porque aquele programa não era daquele jeito. Eu mudei muita coisa ali.

NaTelinha - Ah, então você teve liberdade para poder mudar. Tem isso também.

Mudei tudo. Mudei muita coisa. Mas mudei. Ele não tem nada a ver com o original. Mudou muita coisa.

Agora, falando em ideias, eu sempre tive muitas ideias, então algumas eu registrava e tal. Uma vez eu registrei uma ideia há muitos anos atrás. Há muitos anos... Há muitos anos... Eu fui falar com o Silvio. Eu falei: 'Silvio, eu estou com uma ideia aí'. É de um reality show. Ele falou assim, olha, eu não quero um centavo pela ideia, não quero nada. Você faz a ideia e se você vender no mundo, eu sou sócio do SBT nos direitos. Porque a ideia é boa e até hoje a ideia é boa. Ele falou: 'Não, não, não, não'. Ele não quis fazer. E era um reality show. Ele não quis fazer. Mas até hoje, depois disso surgiram alguns parecidos. Mas até hoje, como a ideia que eu criei não teve ainda. Quem sabe, né?

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Você pode falar ou não vai falar porque vão te copiar?

Vão copiar. Por falar em copiar, você sabia que eu não recebo ideia de ninguém, né?

NaTelinha - Ah, é? Senão depois processam?

Se o cara chegar pra mim e falar: 'Tenho uma ideia...'. Guarda pra você! Não quero, não quero saber. Eu não quero saber porque a minha parte também é criação, né? Eu não posso pegar, não posso receber. Não, pra mim não. Não passa ideia pra mim, não dá ideia pra mim. Não quero saber ideia de ninguém. Porque senão depois acontece... A televisão é muito dinâmica. Tem uma ideia parecida, o cara fala que 'copiou' uma ideia.

NaTelinha - Tá, mas então pra eu saber, esse reality que você teve a ideia, ele é diário?

Diário!

NaTelinha - Opa! É de confinamento?

Confinamento.

NaTelinha - É confinado numa casa?

Também. Pode ser...

Ele tem duas partes, tem a participação do público dentro. Que não é muito pra ver quem que é bonzinho e quem que é malzinho. Não é isso. É bem legal. (risos)

NaTelinha - Pode falar com o Boninho, o Boninho agora é seu colega. Quem sabe ele ajuda a desenvolver esse formato?

E foi acho que o único reality que eu registrei. Eu registrei esse aí. Foi o único, porque eu acreditava na ideia. Eu era muito criativo, hoje minha cabeça já não funciona mais como funcionava antigamente. Mas eu era muito criativo. Hoje eu tô mais maduro pra saber 'ah, vai fazer isso. Assim fica melhor...'.

Mas minha criação hoje diminuiu muito, diminuiu bastante.

NaTelinha - Mas esse reality que você falou é de confinamento, pode ser numa casa. Seria ao vivo também? O público decide alguma coisa?

Parte gravada e parte ao vivo. Na época não existiam redes sociais. Hoje com as redes sociais seria melhor ainda do que eu tô pensando.

NaTelinha - Quando que você criou esse formato? Você lembra?

Ele tinha feito a Casa dos Artistas. Que ano que ele fez Casa dos Artistas?

NaTelinha - 2001. Depois 2002.

Então 2004. Faz uns 20 anos. Big Brother era era mato. Era tudo meio mato.

E aí eu falei o porquê que eu tive a ideia... 'Por isso, isso, isso, isso, isso, isso'. As pessoas que você vai ter contato serão muito legais por isso, por isso, por isso. E ele gostou da ideia mas ele falou: 'Mas não, mas não'. (imitando o Silvio)

Acho que ele tava meio de saco cheio de reality show por causa da briga que deu.

NaTelinha - Mas esbarrou no custo também? Era muito caro produzir esse formato?

Não, não fez nada. Qualquer reality não é barato. Não fez nada. Nem foi pra frente. Ele não quis. Ele não quis. Eu já dei muita ideia pro Silvio. Essa história é boa... Ele tava fazendo um programa que não tava indo bem na audiência.

NaTelinha - Qual programa? Pode falar?

Era um programa do Baú da Felicidade, que as pessoas faziam alguma coisa no palco tipo aquela ambulância, polícia, mas era com as pessoas. E o auditório só ficava parado, uma câmara de cima falava 'sim e não'. Então ninguém se mexia, parecia que tava todo mundo frisado. Eu assisti aquilo. E falei, vou criar um programa pro Silvio.

Criei um programa, fiz arte em 3D, botei tudo, fiz o palco, cenário, fiz tudo, fiz curso de modelagem em 3D. Aí fiz pra ele, tudo mostrei, levei lá, falei: 'Silvio, seu auditório tá muito parado, olha esse take aqui, parece que o seu auditório sempre teve movimento, com aplausos, com pompons e tal. E aí eu peguei e falei, 'o auditório pode usar duas plaquinhas e tal'. Ele falou: 'Ah, duas plaquinhas?'. Falei é... ele falou: 'Como que elas vão aplaudir?' (risos)

Eu falei: 'Não tinha pensado nisso, né?'.

Mas não usou a minha ideia, ele não usou a minha ideia. Mas ele pegou o programa dele, jogou no lixo umas 12 edições que ele tinha gravado, e fez um novo programa e gravou tudo de novo. Ele jogou fora! Eu falei que o programa não estava bom, ele jogou fora. O pessoal do SBT queria me matar! (risos)

Era muito bom ter ele aqui, meu Deus do céu, era muito bom, muito legal.

NaTelinha - Mas tem um programa que você fez que só quem acompanha o Domingo Legal há muito tempo vai saber de qual que eu tô falando. Ele durou muito pouco e eu fui até pesquisar nos arquivos de audiência pra ver se ele tinha ido mal, porque eu não lembrava porque já fazia muito tempo. Não lembrava dos resultados, mas chegou a bater a Globo. Era o Meu Pai É Melhor Que o Seu. Por que ele durou tão pouco e como foi fazê-lo?

Tem um erro de estratégia nesse programa aí, sabe qual foi? Esse programa era quinzenal. Programa quinzenal não pega. Não devia dar essa dica, mas não pega. Tem programa que tem que ser semanal, no mínimo semanal ou diário. Não pega, o erro foi aí. E eu não tinha ideia do investimento e eu apresentava muito acelerado, hoje eu faria melhor, mas era uma produção legal, Meu Pai É Melhor Que O Seu Pai... E o brasileiro tinha uma rejeição, não tinha muita forte internet, eu acho que nem tinha internet ainda.

O problema é que o brasileiro não gosta de ver, ninguém gosta... Nem eu gosto de ver criança chorando. Então, tem como resolver? Tem como resolver. Ganhou, mostra só o ganhador. Não mostra o perdedor. Mas quando pegava geral, criança chorando, o brasileiro... Eu também não gosto de ver a criança chorando porque o pai perdeu, valorizando um pai e o outro saindo como pai perdedor, derrotado. Então, isso também me cortava o coração. Falava 'meu Deus do céu'. Mas era um programa legal, era um programa gostoso de fazer também.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Mês dos pais está chegando, hein? Agosto está chegando.

(risos) Foi uma temporada só, né?

NaTelinha - Foi. Muito pouco, durou pouco.

Mas quinzenal, quinzenal não funciona. Se fosse todo domingo e tivesse... O Comprar É Bom Levar É Melhor começou de manhã, dava 3 pontos.

NaTelinha - Ah, é? Nossa, não lembrava...

Dava 3 e foi crescendo, foi pegando, foi pegando... Tem que deixar maturar. Tudo é assim. Se você abre um shopping, ele não vai bombar no primeiro ano nem no segundo. Demora três, quatro anos para ele pegar. Às vezes não pega porque o shopping está meio fora de moda hoje. Se você abre uma loja, demora, demora, demora... Até com igreja eu ouvi dizer, não sei se é verdade, é assim. Para as pessoas, os fiéis conhecerem que tem igreja, para ela ganhar novos fiéis. Demora um tempo. Tudo na vida demora um tempo para maturar. Inclusive programa de televisão. Programa de televisão demora. Não é mais como antigamente. Antigamente você colocava... Você colocava um quadro no e aquele quadro saia de 6 e ia pra 18.

Você lembra disso? Explodia. Depois dos 18 você administrava e fazia uma baita de uma média. Hoje quando você põe um quadro no ar que ele é bom, ele vai subir um ponto e meio. Não tem mais como você. Se você tá com 6, vai para 7,5.... Como você vai mudar a média com um ponto e meio a mais? É diferente hoje. Então é muito justo. E isso não é só do SBT. Se você pegar audiência de domingo das televisões, é muito diferente de antes.

NaTelinha - Às vezes você lidera com 7 pontos, Celso. Você sabe disso.

O Curtindo a Viagem entregava com 28 pontos para o Gugu.

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NaTelinha - Isso acabou...

E entregava com 28. Você lembra disso? Esse programa saiu do ar em primeiro lugar. Você lembra que ele saiu do ar em primeiro lugar?

NaTelinha - Sim. Foi um corte pesado de custos na época do SBT, né?

Falaram, né? Não sei se é verdade.

NaTelinha - Não?

Não sei. Eu não sei. Até hoje eu não sei.

NaTelinha - Mas ele se vendia?

Não, não vendia. O pessoal nem sabia que tinha domingo esse programa aí. O pessoal que estava lá acho que nem sabia. Era um programa bom de venda, mas não foi vendido. Mas não era custo, porque depois ele voltou. E não voltou com uma prova só. Ele voltou com duas externas. Porque diziam que o caro era externa. Na minha opinião, não foi custo.

NaTelinha - Mas também não foi audiência.

Também não foi audiência. Foi um ajuste de grade. Precisava mudar ali, encaixaria a grade e aí tiraram.

NaTelinha - Mas não faz sentido. Se o programa fatura bem,  dá audiência, não há por que tirá-lo. Ele poderia até descansar o formato e voltar.

O programa não precisa ser caro para dar prejuízo, né? Eu apresentei muitos programas no vermelho no SBT.

NaTelinha - O Curtindo não foi um deles?

Não, não sei. Mas os programas que estavam em vermelho, o Silvio me chamava e falava. Falava: 'Esse programa que está dando prejuízo, estou mantendo no ar por isso, isso, isso...'.

Então, durante muito tempo, ele manteve programas no ar como investimento em mim. Eu lembro que no começo do Tempo de Alegria, como a minha imagem era muito nova, o que ele fez? Ele colocava ações de merchandising gratuitas no programa. Então, ele contratou quatro apresentadores. Lembra disso, não? Todos aqueles merchandising que entravam, eram 15 porque o Tempo de Alegria chegou a ser muito grande. Se não me falha a memória, quase bateu seis horas.. Não lembro o tempo dele, mas era muito grande. Ele colocava aquilo ali para valorizar o programa e era de graça. Então, ele fez muito assim para valorizar.

E a ideia que ele teve há muitos anos atrás, olha só a ideia do Silvio... O que que ele queria fazer? Lá nos Estados Unidos, o Dom Francisco fazia um programa para os Estados Unidos e, em algumas regiões, quando entrava o merchandising para a Flórida, lá no Colorado, naquele tempo, entravam merchandising local. Isso ele me contou. Ele falou que queria fazer isso aqui. E, na época, ele tentou. Ele tentou porque, ele falou, às vezes o anúncio, não precisa ser nacional, às vezes o cara do sul tem um anunciante bom lá e a gente vende para cá para um anunciante e, lá, ele vende para outro. Ele tentou fazer isso, mas não deu certo. Não dava certo.

NaTelinha - Por uma questão operacional?

É, não dava certo. Não tinha tecnologia para isso. Hoje é capaz de ter tecnologia, mas hoje não faz muito sentido, né?

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Você apresentava com o Otávio Mesquita esse programa, né? O Tempo de Alegria.

No começo, não. No começo, não apresentei com o Otávio. Primeiro, eu fiz ao vivo. Era o horário da tarde, já. Lembra? Era depois do Gugu. Era Domingo Legal, Tentação. E, depois, entrava o Tempo de Alegria. Era no teatro, no Cine Sol, e enquanto o Gugu saia do ar, colocava o Tentação gravado. Em uma hora, eles desmontavam o cenário do Gugu e montavam o meu cenário. Eu entrava com marteladas, assim, ouvindo às vezes vezes 'tá tá tá'. Às vezes não estava montado um lado. Eu entrava sem experiência nenhuma para fazer o programa ao vivo.

E foi ali, nesse programa a primeira vez que nós pegamos a Globo. Lembra disso? Pegou o Faustão, pegou o Faustão. Pegou e não foi só um domingo, não. Aí, onde eles conseguiram reverter, foi com o concurso da Loira do Tchan. Ah! A gente pegou nos dois, três domingos. Eu era muito novinho, eu tinha seis meses de televisão.

NaTelinha - Você já disse que gravou muitos pilotos de programa que nunca foram nem para o ar, né? Não sei se você já viu no YouTube, mas tem um piloto que você gravou do Qual É a Música...

Eu vi! Essa história é engraçada, porque ele mandou fazer o piloto. Os americanos vieram para cá. Então, fazia com os americanos e tal. Sem muita experiência também, fazendo ali, fazia do jeito que eu conseguia fazer, né? E ele me chamou, depois que eu gravei alguns pilotos, ele me chamou. Ele falou, e aí, como foi? Eu falei: 'Silvio, é o cenário mais bonito da televisão brasileira. Esse programa, Silvio, vai arrebentar'. Aí ele me tirou e apresentou. (risos)

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - E não estava errado, né? Realmente arrebentou. (risos) Qual É a Música também é um formato que sempre dá muita audiência.

Cara, hoje eu dou risada dessas coisas do Silvio, porque hoje eu tenho noção de como era. Ele é o número um, o dono, com um elenco maravilhoso, com grandes animadores ali. Ele não precisava de mim.

Então, ele me mantinha no ar para ir pegando experiência, para ir me ensinando e tal. E quando eu ficava fora do ar falava, caramba, eu ficava preocupado. Mas se eu tivesse curtido, eu não teria sofrido. Eu sofria, meu Deus, o que vai ser da minha carreira? Mas não, estava tudo bem para ele. Uma vez eu perguntei para ele: 'Você precisa de mim?'. Ele: 'Não, por enquanto, não'. Por isso que ele me autorizou a estudar nos Estados Unidos e continuar me pagando.

Ele fez muita coisa para mim, e eu demorei para perceber que era no tempo dele, entendeu? Mas eu sofria, 'estou sem programa, vai acabar minha carreira, meu contrato está acabando, meu Deus...'.

NaTelinha - Tem um programa dele que me disseram que você chegou a gravar o piloto dele também. Eu não sei se é verdade, eu tenho que te perguntar agora. O Family Feud era para ter você como apresentador em 2005?

Não sei se eu gravei esse programa... Eu acho que eu gravei um piloto desse programa! Eu acho que eu gravei, mas eu não gravei com esse nome. Era Jogo da Família. Eu acho que eu gravei Jogo da Família.

Eu fiz alguns pilotos que não foram para o eu fiz aquele piloto de paródias, eu fiz. O que mais eu fiz? O único piloto que ele pediu para eu fazer e eu não fiz... Eu falei: 'Esse eu não faço, pode me mandar embora'. Ele mandou eu gravar um piloto de um jornal sentado na bancada. Esse eu não faço. Muito obrigado, pode me mandar embora. Não fiz.

NaTelinha - Quem fez?

Não sei, mas eu não fiz. Eu não fiz, eu fui embora. Eu estava no estava no camarim. Fui embora, não gravei. Não é pra mim.

Como que eu vou fazer uma piada no meio da notícia? (risos)

NaTelinha - Mas teve o Ver para Crer, que não era um jornal, mas...

Ali era bom, porque eu trabalhei com o César Filho, foi o retorno do César Filho para a televisão, ali foi muito legal, foi muito legal. E ele adorava, ele adorava esse programa. Cara, porque é muito bom, muito bom você ver uma ideia fora, criar algo em cima, executar e ver na sua emissora a ideia que você adaptou, que você criou, que você colocou ali, isso é legal demais. Então ele adorava isso. E cuidava de tudo, cuidava da roupa, cuidava do cabelo, cuidava do cenário, cuidava de tudo, tudo, tudo, tudo, tudo. Era fora da curva.

NaTelinha - Tem um programa que eu olhando a sua ficha corrida, talvez se eu fosse o Celso Portiolli, seria aquele programa que eu olho e falo assim: 'Caramba, esse deve ter sido muito louco que é o Conquistador do Fim do Mundo. Aquele game que tinha cinco países, gravação na Patagônia, aquilo lá era muito cinema. Queria que você começasse, antes de falar da parte boa, se é que você pode falar os perrengues que você viveu. Imagino que deve ter tido alguns para gravar o Conquistador do Fim do Mundo. Teve ou não?

Teve muitos perrengues ali, muito perigoso, aliás. Ali foi difícil, a gente gravava na Patagônia, a gente começou na cidade de Esquel. Para você ter uma ideia, o apresentador mexicano foi atropelado por aquelas caminhonetes gigantes. E ele era competidor daquela coisa de corrida, sabe? De gelo que você empurra e pula dentro. O carro passou em cima das pernas dele. O carro capotou. Lá era assim, deixa eu explicar para o pessoal entender...

A gente estava num lugar que tinha neve, que tinha deserto e que tinha montanhas e rios. Então a gente gravava cada dia numa locação. A gente viajava muito de carro. Saía do hotel, viajava, viajava, viajava. Equipe de 500 pessoas. Viajava, chegava no ponto de gravação, não tinha TP. Foi lá que eu aprendi a memorizar, porque eu tinha que memorizar muita coisa. Então cada apresentador ficava naquele ponto. Eles me chamavam de fenômeno, os argentinos.

Porque eu tinha acabado de apresentar o Curtindo Uma viagem e eu dava pau na Globo.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Eles sabiam?

Sabiam, opa. Eles me chamavam de fenômeno. Eu chegava lá e fazia minhas cabeças. Vinha o cara do Peru, vinha o cara do Equador, vinha o cara dos Estados Unidos. Todos os meus amigos. E aí a gente gravava cada dia num lugar. Cara, os motoristas eram insanos. Você voltava de noite naquelas estradas cheio de lebre passando e o cara 'pá', atropelava ali, desviava e o carro ia assim de lado. E um dia desse, voltando, então tinha uma montanha... A gente desceu a aquela estradinha que fica em volta da montanha. Na hora de voltar, numa curva, o carro de iluminação, ele é cheio de iluminação dentro, era uma caminhonete grande, grande...

A caminhonete caiu a roda traseira na curva da montanha, caiu, e ela foi escorregando, escorregando, escorregando e virou, e virou no precipício. 'Pau, pau, pau'. Os caras virando com iluminação dentro e tal. Não morreu ninguém, mas os caras se arrebentaram inteiro. Foram internados. Então teve, teve muito perrengue. A comida, eu nunca fui, assim, enjoado pra comer. Cara, mas eram os caras sem camisa, tudo suando, cozinhando em cima da comida... (risos)

Mas se você perguntar pra mim: você faria de novo? Cara, eu voltaria amanhã pra lá. Foi a experiência mais legal da minha vida. Foi um negócio incrível. Incrível, incrível. E foi ali que o switcher, então, em um caminhão do exército. Sabe aquele caminhão do daquelas rodas grandes? Era um daquele lá, que eles usavam, que era montado o switcher ali dentro. E tinha o diretor argentino dirigindo as câmeras... Tinha 500 pessoas trabalhando. Era muita gente.

Aqui no Brasil ainda era aquela gritaria, lembra? O diretor gritava. Teve uma época dessa, né? E hoje não existe mais, graças a Deus. E aí, eu vi o diretor, eu tenho gravado... Se você pedir a fita, eu vou falar que não tem, porque eu tenho uma caixa desse tamanho... Tá perdida. Tá perdida aqui no meu escritório. Eu levei um PTC-150, eu tenho horas e horas de gravações dos bastidores do Conquistador do Fim do Mundo. Horas. E aí, eu gravei ele.

Eu fiquei gravando ele sentado dentro do caminhãozinho, gravando ele com a câmera aqui. E ele dirigia elogiando, falando baixinho, sabe? Cara, eu falei, meu Deus, que diretor é esse? E quando eu voltei, eu falei para o eu falei: 'Silvio, lá os diretores, eles dirigem com carinho, é muito legal'. Ele ficou impressionado. E foi no Conquistador do Fim do Mundo que eu esquiei pela primeira vez. Porque nessa parte que eu estava tinha neve, tinha derretido. Lá é uma estação pequena de esqui, já tinha derretido. E no final, nós fomos em junho ou julho para Ushuaia. Foi a primeira vez que eu vi neve mesmo, nevando e tal.

Eu primeiro fui fazer uma cabeça da final num lugar que tinha bastante neve. Fiz a cabeça e quando eu olhei para o tinha uma estação de esqui. Era uma rampa, uma descida com neve e tinha um mini lift. Você segurava e subia. Então era um local de treinamento de esqui. Era para você brincar. Aí meus amigos estavam lá. Vamos brincar, vamos. Joga neve no outro e brinca e dá risada. Eu tenho essas imagens gravadas também. Muito legal. Falei: 'Vamos tentar esquiar, vamos tentar esquiar'. Eu coloquei o esqui. Eu caí. Tem gravado também. Eu caí, eu caí, eu caí. Me arrebentei todo. E aí achei muito divertido. Achei que não tinha perigo. No outro dia o Juliano [apresentador da Argentina] falou: 'Olha, eu consegui para a gente, para todo mundo, um ingresso para esquiar no Cerro Castor. É uma estação boa. Lá é interessante porque lá a estação de esqui está no nível do então você não sente falta de ar. E a neve é muito boa. Porque lá é um dos únicos locais do de estação de esqui que é no nível do mar'.

Cheguei lá sem capacete. Peguei lá, coloquei o esqui no pé, comecei a subir, eu descia reto. Eu me jogava naquelas redes laranjas. Aí vai, comecei a melhorar. Comecei a descer devagarinho e fui descendo. Fui fazer uma brincadeira no meio das árvores. Imagina, no primeiro dia esquiando. Quebrei meu joelho. Me arrebentei numa árvore. E aí eu voltei, montei uma fita para o Silvio, mostrei para ele. Ele falou para mim: 'Você tem que ir para Aspen. Você tem que conhecer Snowmass. Falei: 'Ah, Silvio, eu tenho vergonha'. Não sei, ir lá e tal. Eu não falo muito bem o idioma. Ele falou: 'Não, você com dólar no bolso, eles falam o seu idioma'. Depois que ele me falou, eu fui para lá. Comecei a fazer aula. Melhorei muito. Já faz 23 anos que eu esquio. Então, 22 anos que eu esquio. E eu aprendi muito bem, graças à dica dele. De ir para aquele lugar. E até hoje, é o lugar que todo ano eu vou com a minha família, que tem memória efetiva. É o lugar que ele foi a vida inteira.

Foi lá então que eu fiz o reality que eu faria de novo. E foi também onde eu aprendi a esquiar.

NaTelinha - Foi ele que te escolheu para fazer o Conquistador do Fim do Mundo? Ou teve alguma espécie de seleção? Teve alguns outros apresentadores postulantes?

Na época, quem me chamou para fazer foi o Alfonso Aurim. É um engenheiro que hoje é responsável por toda a parte técnica do SBT. Ele voltou agora para o SBT. Alfonso Aurim, ele montou o SBT. Então, é um cara que eu adoro, Alfonso é meu amigo do coração, assim... E na época, ele me chamou e 'você está afim de apresentar?' Achei até estranho, porque foi ele que me chamou. Não foi o Orlando Macrini. Não foi nenhum diretor da época.

Foi o próprio Alfonso Aurim que me chamou. E foi a melhor experiência da minha vida. Eu chorei para sair daqui, porque ia ficar longe do meu filho que ele tinha acabado de nascer. Mas quando eu saí de lá para voltar, eu chorei muito também. Porque eu já tinha me acostumado lá. Foi muito legal.

Imagine 500 pessoas trabalhando. Era uma loucura. 500 pessoas trabalhando. Era uma loucura. Era um negócio que eu acho que poucos terão a chance de participar. E esse programa, se voltasse, o problema é a barreira do idioma, eu acho que seria um golaço.

NaTelinha - Mas você não pode abdicar do Domingo Legal. Ficaria enfurnado lá? Não tem como, né?

Não tem como. Aí eu não vou. Aí não tem. Já não tenho mais idade também. Já tenho os meus costumes. Tenho que dormir bem. Lá eu não dormia bem. Eu aguentava o tranco. Hoje em dia, deixar o velho sem dormir não dá, não. (risos)

NaTelinha - A privação de sono é complicado. Alguns anos depois do Conquistador do Fim do Mundo... Muita gente acha que você está trabalhando muito agora, com sete horas no ar. Mas para quem não lembra, o Celso, lá em 2007, você tinha um Namoro na TV que chegou a ser diário. Ele também teve várias e várias horas no sábado. Você também apresentava o Curtindo...

Você sabe que isso aconteceu pelo seguinte... Tem uma história atrás disso. A Daniela [Beyruti], quando voltou dos Estados Unidos, ela veio falar comigo. E aí, no meio da conversa, não foi agora não, muitos anos isso. No meio da conversa eu falei pra ela: 'Daniela, eu já fiz as contas aqui, eu estou há tantos anos no SBT, e eu computei, 60% do tempo eu fiquei fora do ar'.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Era verdade esse cálculo?

Era verdade. Fiquei muito na geladeira, 50%, 60%! Fiquei muito na geladeira. Falei, 'quando eu trabalhar mais, eu vou aprender mais'. E eu acho que ela falou para o pai dela. Depois disso, eu trabalhei seis meses, sem um dia de folga. De domingo a domingo. E você lembra como era a Sessão Premiada? Começava 8h e ia até 16h. Começava domingo, 7h, sei lá, passando séries, ia até entregar às 16h... E daí chegava na semana, eu fazia o Namoro na TV, ou era o programa do Charme da Galisteu. Cara, seis meses sem folgar um dia. Eu dormia no estúdio do SBT. Não de um dia para o outro, mas eu dormia no estúdio do SBT. Eu dormia lá. Eu chegava quebrado, dormia lá para poder trabalhar.

Mas nunca reclamei. O que eu fiz foi? Comecei a treinar na academia para ganhar resistência, ganhar fôlego e tal para poder aguentar o tranco. Mas não reclamei. Ele me botou de castigo, mas eu fiquei quietinho. Eu falei, 'eu vou trabalhar quieto, vamos lá'. E fiz seis meses sem folgar um dia.

NaTelinha - E era um programa que funcionava, o Namoro na TV... Era um programa que ia bem. Era um game diário de fim de tarde também.

Lembra que a Record lançou na mesma época, com a Maria Cândida, no mesmo formato?

NaTelinha - Verdade! Lembro. Lançou mesmo...

Esse é um programa que poderia voltar na semana. Pega uma Cariúcha maravilhosa, põe a Cariúcha para conduzir um programa desse, de namoro, com aquelas tapadeirinhas no meio durante a semana, com perguntas engraçadas... Cara, golaço!

NaTelinha - É mesmo. Excelente sugestão. Aí, a Daniela provavelmente está assistindo ou está lendo a matéria, talvez...

Quem sou eu? O Mauro Lissoni está lá, muito competente. A Daniela também. Tem um comitê maravilhoso lá. E tem pesquisas também, né? Eu sou muito do achômetro.

NaTelinha - Mas tem feeling também, né? De alguém que vive televisão há muitos anos.

É. Eu fiz o Namoro de sábado também. Eu não lembro como era o nome, que a Silvinha Abravanel era a minha diretora.

NaTelinha - Namoro na TV & Etc!

Esse aí foi o único programa que eu não consegui decolar, esse não decolou.

NaTelinha - Ia bem, Celso.

É, mas o Silvio me chamou... Ele queria que eu ganhasse o tempo todo. Eu acho que eu concorria também com o Márcio Garcia.

NaTelinha - Era muito longo.

É, mas ele me chamava e e perguntou por que não está indo? Eu falei, é que o SBT não tem tradição no sábado. Tem que insistir. Inclusive, nesse programa, eu tinha criado um... Eu tinha feito um piloto. Eu gravei por conta. Naquela época, eu gastei uma grana. Teve até helicóptero. Eu criei um programa chamado Azaração. Você lembra disso, não?

NaTelinha - Eu lembro!

Aquele programa, eu gravei. Eu criei, eu gravei. Um único programa. Aquele programa, eu montei cenário. Eu montei aquele relógio da minha casa. Aluguei um hotel... E aí, eu fiz aquele programa e gastei, na época, era 50 mil reais. Era muita grana. Gastei 50 mil. Eu falei, Silvio, eu gravei um programa... Um piloto chamado Azaração. Por que você não põe no ar para testar? Cara, ele colocou no ar. Deu um pico de 11 na época. Aí quando foi para o SBT fazer o orçamento.. Como eu usava links. E eu gravava tudo com celular... eu editava. Então, o cara falava na edição lá. Eu não tinha link em tempo real. Eu tinha áudio tempo real. O áudio era o celular, a câmera eu gravava depois. E depois, eu sincronizava na edição. O SBT quis fazer tudo com link e ficou caríssimo para fazer. Mas só não continuou sendo realizado no SBT por causa do orçamento. Ficou caro.

Mas foi um programa que eu fiz. E o piloto que eu fiz, ele meteu no ar.

NaTelinha - Nossa, desbloqueou uma memória. Realmente, eu lembro disso. Azaração...

Azaração. Esse é um formato meu. Eu que criei.

NaTelinha - Esse não está sendo comercializado?

Não. Esse é bom fazer, é uma ideia boa. É que a Patrícia agora está fazendo namoro. Tem namoro no programa dela. Então, eu não quero fazer namoro agora. Mas quando ela parar de fazer namoro, eu posso voltar com Azaração. Porque era muito bom. Inclusive, o nome é meu. O nome Azaração é meu.

NaTelinha - Esse nome pode afastar a patrocinador? De repente, Azaração... Às vezes, tem um sentido de mau agouro. Alguma coisa assim.

Antigamente, na época desse programa, azaração era... Não usa mais, né? Bota outro nome como Namoro no Carro. E pronto. Mas a ideia é muito boa.

NaTelinha - Esse programa de namoro que você criou, tem um outro formato, um quadro que você tinha feito no Domingo Legal, que ele foi ao ar uma vez e depois ele foi para o Sabadão, que é o Se Virar Tem que Beijar. Eu lembro de estar assistindo no Domingo Legal e eu falei: 'Não é possível que isso está indo ao ar na televisão...'. O cara vai sair preso... (risos)

Essa ideia também é minha.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Esse formato é muito bom. Hoje ele funcionaria muito bem, tenho certeza.

Então, pode ser que volte, mas eu pedi para mudar o nome.

NaTelinha - Ah, é? Mas o nome é ótimo!

O nome eu criei também, mas eu pedi para mudar. Se a gente parar para pensar, na época o pessoal achou demais, mas qual o problema do anão beijar a menina? (risos)

NaTelinha - Não, nenhum. É que era muito caliente, né? Era o negócio mais..

Então, problema nenhum, mas é que a gente está acostumado... Ohhh!! Mas enfim... Não, a gente não esperava também, tanto que a gente fez um só, a gente fez bastante no Sabadão. Dava resultado, por isso que quando fiz um Domingo Legal ao vivo, aí a gente não fez mais. Mas é um quadro que eu adoro fazer e está na manga do Domingo Legal.

A gente não vai fazer porque tem namoro no PSS. O Xaveco também voltou, ninguém achava que ia dar certo. Eu voltei com o Xaveco lá. O Silvio Santos, ele me ajudou a voltar com esse programa e deu super certo. Chegou a picar em primeiro lugar esse programa também.

NaTelinha - Mas o Se Virar Tem Que Beijar durou uma edição por causa da censura, da patrulha, alguma coisa assim?

Não, não foi não, não foi não. Foi porque a gente teria que gravar daí. Como teve o primeiro beijo muito caliente no primeiro, vamos gravar. Aí não dava para gravar. Então a gente precisava de um quadro para fazer ao vivo. Mas hoje eu voltaria com ele ao vivo.

Eu adaptei uma versão nova para esse quadro. Eu mudei ele. Inclusive o nome, eu mudei. Ele é muito parecido, mas eu mudei o nome. O SBT não me deu ok por um motivo que eu não vou falar aqui. Porque eu estou tentando achar uma solução. O SBT não me deu ok. Mas o dia que eu provar que dá para fazer e que não vai ter problema, eu vou fazer esse quadro. Porque eu tive uma ideia muito boa para colocar nesse quadro aí. Por que eu não quero usar o nome mais? Porque se virar tem que beijar, já é uma obrigação. Eu não quero mais isso. Não quero, não quero. Se virar pode rolar. Entendeu? Se virar pode namorar.

NaTelinha - Mas aí perde o impacto também... Não?

Não, não, não. Porque a ideia... Aí que está o detalhe. A sacadinha que eu tive era outra. Tem outra sacada aí. Não era só agora de virar tem que beijar. Não era isso. Ia usar o virar, mas não era para beijar. Era... Tinha uma outra surpresa aí. E você lembra da cadeira? O menino falava, vai ficar com ele ou não? Bate o botão, o cara... UAU!

NaTelinha - Interessante. Vamos pedir para a Patrícia, então, descansar o namoro para que você possa voltar com esse programa.

Tem tempo, tem tempo...

NaTelinha - Você tinha falado, Celso, que o Curtindo com Viagem mudou para Curtindo com Reais por causa do Silvio?

Tem uma história do nome do programa também Curtindo Uma Viagem. Esse programa tem uma história longa. Você sabe a história dele toda ou não?

NaTelinha - A gente está aqui para isso. Se você topar, eu topo ouvir...

O Curtindo Uma Viagem, eu criei. Eu não criei a primeira versão. A primeira versão ele [Silvio] fez. E mandou eu gravar. Acho que era Walter Leite que era o diretor. E eu gravei 13 pilotos. O programa era meio ruinzinho. Ruinzinho, era meio ruinzinho. Eu estava sem programa na SBT, eu estava fora do ar. E eu estava preocupado, meu contrato ia acabar, meu programa não ia para o ar... vai para o ar... 13 pilotos. Aí o Lacet tinha acabado de vir da Globo para o SBT.

Eu fui no restaurante, encontrei o Lacet: 'Quero falar com você'. Posso sentar aqui? Pode. Falei, Lacet, eu já gravei 13 pilotos do Curtindo Uma Viagem, não foi para o ar... Cara, esse programa vai para o ar? Não vai para o ar? 'Nós vamos mandar você fazer mais uns roteiros aí, vamos te enrolando'. Falou desse jeito para mim.

NaTelinha - Vamos te enrolando?

É, vamos te enrolando, vai fazendo roteiro... Enrolando não é a palavra certa. E assim a gente vai levando. Essa porcaria não vai para o ar... Daí estou almoçando, me chamam. Era a Zilda, queria falar comigo. 'Desce que o Silvio Santos quer falar com você!'. Eu desci, nem terminei de almoçar, fui lá. 'Oi, Silvio, tudo bem? Tudo bem'.

Ele estava com uma fita na mão. Entregou a fita, 'olha, essa prova é muito boa, faça essa prova e faça mais alguns roteiros do Curtindo Uma Viagem para mim'. Peraí, Silvio, peraí. Você precisa de mim no SBT? Ele falou, 'não, por enquanto não'. Eu falei, 'então deixa eu ir embora.' Eu quero ir embora. Ele falou, não, não, se você quiser ir embora, paga a multa. Eu falei, peraí, 'você liberou Fulano, liberou Beltrano?' Ele falou, 'não, mas você é bom'.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Ô, loco! Então o resto era ruim?

Falou pra mim. Bom para quem ele precisava, para os outros ele não precisava. E aí, ele falou, se você quiser, vá embora. Aí eu tive uma briga feia com ele. Eu tive uma briga feia com ele e tal.

Eu sei que ele acabou pegando a fita da minha mão: 'Ah, então não faz essa prova, não põe no programa, não precisa mais gravar e tal'. E eu acabei brigando muito feio com ele. Para apaziguar, ele me chamou e falou, 'aqui está a prova de novo. Essa prova é assim'. Aí eu assisti a ele falou: 'O que você quer por mais no programa?'. Daí eu coloquei a geladeira. Lembra da geladeira? Ele falou: 'Por que você quer pôr a geladeira?'. Falei: 'Porque eu fiquei muito tempo aqui na geladeira. Então eu quero botar a geladeira para colocar as pessoas na geladeira. Assim como eu fiquei aqui no SBT'. Ele deu risada pra caramba, bicho.

Aí eu criei com ele o esquema do programa. E ele virou pra mim e falou assim: 'Bom, você quer que põe esse programa no ar?'. 'Falei, eu quero por esse programa no ar!'. Ele falou pra mim: 'O Gugu dirige o programa dele. Eu quero ver se você é bom. Eu quero que você dirija esse programa. Eu quero que você apresente esse programa. Eu quero que você produza esse programa. Se esse programa for sucesso, você vai provar pra mim que você é bom'.

Eu morei dentro do SBT. Aquelas matérias todas, aquelas externas gigantes que tinha, eu fazia câmera, inclusive, com a PD150. Eu usava câmera de... Não tinha câmera como GoPro, essas coisas. Eu usava câmera de segurança. Camerazinha, pra gravar a bicicleta caindo em cima e tinha lá mais 10 câmeras. Eu dirigia as externas. Junto com o Cezar [Scarpato] e com o Galvão. Quando chegava no SBT, eu pegava as 15 fitas. Todas as fitas que tinha. Eu enfiava no porta-malas do meu carro. Eu ia pro meu escritório. Eu tinha um Maczinho que está guardado aqui. Eu tinha um Maczinho, pequenininho. Eu alugava uma Betacam, uma máquina Betacam. Eu jogava pra dentro as imagens. Eu passava madrugadas editando e eu entregava pro SBT. Com arte 3D, sonorizado, editado e com aqueles baita clipes usando temas de filme. Eu fazia esse tipo de edição. Demorava horas. Eu saía do meu estúdio sem dormir e apresentava o programa.

Eu era muito perfeccionista nessa época. Porque eu dirigia realmente o programa. Eu fazia game gravado. Não tem nada a ver com o game ao vivo que eu faço. Game gravado, eu boto a câmera no lugar certo. Eu falo: 'Eu quero a câmera aqui. Vai mostrar aqui. O participante vem daqui. Eu quero esse plano aqui. Eu quero isso aqui. A prova fica aqui. Eu dirigia tudo'. Tudo. Trilha... Eu fazia as trilhas em casa. E o que o pessoal faz hoje em televisão pra economizar trilha, eu fazia isso há 20 anos no Curtindo Uma Viagem. Eu fazia as trilhas com os meus software de edição, levava as trilhas pra TV pra economizar, pra sobrar dinheiro pra fazer prova.

Aquelas provas de flash que tinha de memória que tinha aviãozinho, eu programava em flash e levava pra televisão pra não gastar dinheiro pra fazer aquelas provas lá. E aí, o programa foi bombando, bombando, até que um dia eu cheguei em primeiro lugar. Explodiu aquele programa. Explodiu.

NaTelinha - Batia a Xuxa, né? Você concorreu com a Xuxa.

Tirou a Xuxa do domingo. Pois é. E entregava muito bem pro Gugu. Continuava. Ajudava. Se eu pegar hoje em primeiro lugar... Eu duvido a Globo me pegar. Eu duvido. Não pega, porque você vai na inércia, você vai embora, vai levando audiência, uma hora você vai cair. Mas demora, demora. Aí você faz a média. Hoje é o contrário.

Eu pego lá embaixo, vou subindo, subindo, subindo, até chegar na pontuação que eu chego hoje. Enfim... Aí, eu não aguentava mais editar, porque eu ficava horas e horas. Eu editava, imagina, com Final Cut. Nossa! Se eu pegar ali, vou mostrar pra você, se eu pegar, se eu abrir ali, o armário ali, eu tenho caixas e caixas de Final Cut original. Saía novo e comprava, saía novo e comprava pra poder editar.

Aí eu cheguei pro SBT e falei o seguinte pra Paula Cavalcanti, que era da coordenação de produção, falei: 'Paula... Eu não tô mais aguentando editar lá no meu escritório e as matérias agora do Curtindo Uma Viagem eu quero que alguém edite aqui no SBT. 'O quê? Você tá tirando fita do SBT pra editar no seu escritório? Isso é proibido. Isso é patrimônio do SBT, você não pode, não pode e tal, não sei o quê, não sei o quê'. Aí, adivinha, quem me chamou? Silvio Santos.

A gente acha que o Silvio Santos do palco era o do camarim, né? Ele bem sério: 'Quer dizer que você tá tirando as fitas aqui do SBT e levando pra editar? Você não pode fazer isso'. Eu falei que não sabia. Ele falou: 'Mas como que você faz?'. Eu falei: 'Eu levo as fitas no meu escritório, alugo uma máquina de Betacam, passo o computador, edito, faço isso, faço isso, faço a sonorização, faço arte 3D, tal'.

E ele mandava pra mim, assim, as matérias que eu fazia, ele mandava assim: 'Parabéns, coisa de cinema, as externas'. E aí, ele falou: 'Você não pode fazer mais isso'. Eu falei: 'Tá bom, não sabia, desculpa e tal... Não vou mais fazer'.

Ele perguntou como eu fazia. Ele começou a ver o programa dele sendo editado. Ele se tocou. Ele foi lá ver a edição dele. Ele começou a sentar na ilha e ver a edição do programa dele. Então, ele gostou da minha atitude, mas eu não podia tirar as fitas do SBT. Que naquela época, se fosse pensar na administração, eu já poderia ter terceirizado a edição e ficaria muito mais barato. Já era uma ideia que não fizeram.

E aí, me chamaram lá de novo na coordenação de produção, me chamaram um cara lá, não lembro o nome dele, perguntaram: 'Quantas horas você demora pra editar?'. Falei: 'Olha, se somar tudo, eu fico lá, 18 horas, 20 horas na frente do computador, não de uma vez, mas, sei lá, 10 horas um dia, 4 no outro. Eu demoro 18 horas pra editar essa matéria, porque são muitas fitas pra ingestar, são 10 câmeras, mais a minha PD 150, mais as câmeras de segurança que é muito complicado edita'. 'Aqui no SBT a gente faz isso em 8 horas. Fica tranquilo. Paula, pode escolher o editor aí, 8 horas, não precisa mais editar lá'. Falei, tá bom, muito obrigado, tchau, saí...

Primeira editora pegou lá, 8 horas ela não conseguiu ingestar tudo. A primeira abriu o bico, pediu pra sair, não entregou e o programa chegando. Veio o segundo não fez, ficou uma porcaria. Saiu também. Quem que sentou na máquina do SBT pra editar?

NaTelinha - Um cara chamado Celso Portioli?

Fui editar num negócio chamado BPS. Sentei lá e comecei a editar. Quem foi o cara que eu trouxe? 'Tá vendo aqui, corta aqui, faz assim, pega isso aqui, pega isso aqui'. Imagem ruim de câmera eu não descarto, eu gosto do mexido eu gosto da imagem ruim... Conhece o Lucas Gentil? Ele foi o cara que conseguiu editar pra gente. Mas tive que editar alguns e mostrar o caminho pra ele.

Então, depois do Curtindo Uma Viagem saiu do ar em primeiro lugar, mas aquilo ali foi o maior desafio da minha vida. Eu morava dentro do SBT, eu morava, sem brincadeira, eu morava dentro do SBT. Eu conhecia qualquer cantinho, qualquer corredor, porque eu passava o dia inteiro lá e uma coisa que eu fazia, eu fazia reunião de pauta, de provas, tal, criação de provas, a pessoa tava fazendo a empresa da sala lá, eu chamava a moça, 'vem aqui por favor'. Se você estiver numa prova de televisão, o que você acha?

Eu pedia opinião de todo mundo. Então, ali, cara, era eu, Galvão, o Cezar Scarpato, que é um cara que eu adoro... o Galvão, amo o Cezar, baita diretor.

NaTelinha - Tá no Ratinho, né?

Tá no Ratinho. Tiraram ele do Domingo Legal, eu só pedi um favor, se não der certo com o Ratinho, não manda embora. Pode deixar ele ir, mas eu quero o bem do Cezar. Então, é um acordo que a gente tem. Claro que hoje em dia mudou muita coisa lá, né? Não sei, mas o Cezar é um cara muito bom, um cara que eu gosto muito. Mas, de diretor, eu tô muito bem servido, que é o meu irmão, Gargalaca, que é um cara fora do comum. Tem muitos bons profissionais na SBT que eu tenho amizade.

E aí, quando saiu do ar, cara, eu fiquei muito grato comigo. Pelo meu empenho, minha dedicação. E eu sou assim. É que hoje eu tô mais acomodado. Porque se precisar de mim, eu viro um bicho pra fazer e eu vou pra cima. Então, o Curtindo Uma Viagem foi um programa que o Silvio me provocou no camarim. 'Eu quero ver. Eu quero ver se você é bom. Quero ver se você sabe. Quero ver. Você vai produzir, você vai dirigir, você vai fazer tudo. Você vai apresentar. Eu quero ver'. Então, ali foi um desafio ali que ele me jogou na cara e eu peguei e fiz com muita garra.

Por isso que eu digo... Amo o Passa ou Repassa, sou muito grato ao Domingo Legal, mas se tem um programa que eu considero um filho é o Curtindo a Viagem.

NaTelinha - E o nome?

É porque a ideia é original do SBT, né? O nome... Eu cheguei pra ele e falei: Silvio, Curtindo Uma Viagem é um nome muito ruim. Porque era estranho falar assim 'curtindo uma viagem'. Por que que é ruim? Por que que é ruim? Ouvi dizer que quando fuma aquele cigarrinho lá... E ele: 'Aí que é bom! Agora vai pegar!'.

NaTelinha - E pegou! Nunca tinha tido essa visão do nome 'curtindo'... Esse é um formato que dá certo você colocar em feira de televisão, Celso.

Esse dá certo voltar na televisão.

NaTelinha - Também. Ele esteve pra voltar, não teve?

Esse aí teve pra voltar, mas a qualquer hora ele volta. A qualquer hora ele volta.

NaTelinha - Ele esbarrou nos custos?

Não. Não esbarrou em custo. Eu já dei solução pra custo. Solução pra custo tem. Hoje em dia tem solução pra custo. O problema é... Ele é um game curto, né?

NaTelinha - Ele tinha 1h15 mais ou menos, né?

Eu não posso ter game muito curto. Game tem que ter no mínimo 1h45. E o melhor pra mim é 2h30.

NaTelinha - Mas com comercial você não consegue chegar nesse tempo que você está estimando?

Não... 2h30 de arte mesmo, eu gosto de game longo. Eu preciso de um game-show longo. Então imagine o Curtindo uma Viagem, nova versão do Se Virar Tem Que Beijar, o Jogo das Nove Caixas, que dá pra modernizar ele, reinventar ele, enfim. É muito bom. Então, conteúdo pra gente, não falta. Mas a gente fica assim, tá funcionando? Vamos. Tá funcionando? Vamos. Porque não adianta você inventar, reinventar.

Mexer no time que tá ganhando. Não precisa. A gente é bem cauteloso.

NaTelinha - E o Xaveco? Não vai voltar? Vai ou não vai?

Ia voltar, hein? O Xaveco ia voltar agora. Tem até o estudo do Xaveco. Tem outro quadro que tão fazendo, acho que vai ter novidade agora, vai ter um quadro novo aí que eu... (risos) O Silvio não deixou, mas agora vou fazer.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Qual que é? Pode falar?

Não, mas vai ser um gamezinho divertido. É um game engraçado. É engraçado. Do jeito que eu gosto. Cara, eu tenho muita vontade de voltar com algumas coisas. A gente fez aquelas brincadeiras dos anos 90...

NaTelinha - Foi bem legal...

Foi muito legal, não foi?

NaTelinha - Foi.

Aquelas provas do Silvio, que o Ratinho usa algumas lá. Aquilo lá foi tão legal. Tão bacana. Tem muita coisa que dá pra voltar. Eu já falei no ar esses dias brincando. Falei, 'bota água nessa piscina'. Vamos fazer a piscina do Gavião! É que a gente tá indo devagarinho.

NaTelinha - A Piscina do Celsão vai voltar? A piscina de amido?

Essa aí eu já pedi o orçamento. Está em estudo. Tá tudo em estudo. Essa é uma prova difícil. Essa aí é difícil voltar. É muito cara. É. Eu acho que enjoa rápido.

É uma prova difícil de fazer. Essa aí é uma das provas que eu pensei em que eu pedi estudo lá. Essa aí é a mais difícil de voltar. Acho que enjoa rápido...

NaTelinha - Os quadros mais emotivos, você não quer voltar? Tipo o Construindo um Sonho que você fazia no começo do Domingo Legal. Descarta?

Construindo um Sonho ele é muito bom pra mim. Ele não é um quadro forte de audiência. No horário que eu fazia, não. À tarde, não. Se a Rebeca for fazer, das 18h às 20h, vai arrebentar. Mas aquele horário é bom pra ele. Mas ele é um quadro caro, difícil de fazer, trabalhoso, e você sabe que qualquer construção você tem que dar cinco anos de garantia, né?

Então, a empresa que você contrata pra fazer, ela tem que dar cinco anos de garantia, mas quando a empresa pula fora, ou some, ou quebra, quem dá garantia é você, então é bem complicado. Eu consegui fazer durante 10 anos o Construindo um Sonho. E o Construindo um Sonho, pra mim, na minha opinião, pra mim foi muito bom. Pras marcas que anunciaram também, as marcas cresceram muito anunciando. Porque na verdade é um showroom na televisão. O cara da cortina vende cortina com a cortina na casa, o cara da telha vende a telha com a telha na casa, o cara do filtro vende o filtro com o filtro na casa. É o melhor programa pra vender! O melhor! Não tem melhor...

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Então é caro, mas tem retorno...

Tem retorno, mas ele é bem cansativo... Mas o Construindo um Sonho, pra mim, pra mim ele foi a melhor terapia, eu não faço terapia, mas foi a melhor terapia que eu fiz na vida. Eu aprendi muito com o povo. Aquilo ali me colocou, me deixou meus pés no chão. Muitas vezes! Eu queria levar meus filhos pra ver. A gente sai da bolha, a gente vê como vive o povo, a gente vê como vive a massa, a gente vê o sofrimento das pessoas, você se coloca no lugar delas, então aquilo ali me me ensinou muito. Eu chorei muitas vezes, chorei muitas vezes durante e depois também, porque por incrível que pareça, pode ter sido coincidência, mas eu vi o 'padrão' piorar bastante assim...

Então quando eu comecei era uma parede ruim, um sofá furado, falta um fogão, falta uma porta. E aí, foi passando o tempo, eu fui vendo... A parede tá no tijolo, depois o chão não tem piso, não tem forro. A telha é um pedaço de lata que o cara pegou. O último Construindo um Sonho que eu fiz foi muito emocionante. Porque eu entrei na casa da pessoa, e aí conversando com ela, mulher muito simples, eu falei: 'E a geladeira? O que tem na geladeira?'. Ela falou: 'Não tem nada porque não funciona'. Eu falei: 'Ah, estragou faz tempo?' Ela 'falou, não. Ontem eu tirei o motor, vendi pra comprar pão pros meus filhos'. Cara, isso aí é um negócio... Aí eu olhei pro pezinho dela... Eu falei: 'Posso te fazer uma pergunta'. Falou 'pode'. 'Por que você tá com os pés no chão?'. Ela começou a chorar muito. Ela não tinha um chinelo. Então aí você vê uma família ali, cara, que a gente chegava num momento que aquela família tava no fundo do poço.

Eu nem ligava pro quadro no ar, eu ligava pras histórias e o que eu aprendia no dia a dia ali. Incrível. Agora, eu já vi gente também mal agradecida no Construindo um Sonho.

NaTelinha - É?

Já, opa! Tem histórias... Um ano a gente decidiu voltar nas casas que a gente tinha construído pra ver como a família estava vivendo. E a gente voltou numa casa, não lembro qual cidade, era uma casa de esquina, que era muito ruim, a gente fez uma casa boa, de esquina, maravilhosa... Inclusive tinha feito lá um cantinho pra pessoa fabricar joias e tal, até pra melhorar de vida. E quando a gente chegou lá, a pessoa tinha dívida, ela tinha uma dívida gigantesca, nós pagamos a dívida, fizemos uma casa linda. Se ele vendesse aquela casa, ele tava feito. Porque a casa ficou linda, uma casa de esquina, ficou linda. Nós voltamos lá alguns meses depois, nós ligamos a câmera e eu falei pra mulher, colocou no posicionamento... Vamos gravar. Falei: 'E aí, tudo bem? Como que tá? E a vida depois do Construindo um Sonho?'. E ela falou assim: 'Piorou muito. Nossa vida piorou. Porque é isso, porque é isso, porque a conta de luz...'.

Porque o Construindo um Sonho, entregava a casa, instruía a pessoa. Tem muita luz? Não vai usar. Usa esse interruptor que liga só aquela luz que clareia o ambiente. Aqui é luz de LED, tava começando o led. Usa só essa aqui, não deixa isso aqui, não usa o chuveiro tanto tempo, não usa. Tinha ar-condicionado tem que usar pouco. A gente instruía, você tem que manter o padrão que você tinha antes. A gente dava uma aula pra pessoa, inclusive de educação financeira.

Quando a mulher começou a falar mal, eu falei: 'Ah não, não vou ouvir isso. Pode desligar a câmera, vamos embora'. Nem falei tchau, fui embora.

NaTelinha - Sério? Que loucura.

A pior coisa que tem no ser humano é ingratidão, pô. Ingratidão. Nós pagamos a dívida deles. Nós pagamos a dívida. Agora, eu vi gente que fez o contrário. A gente voltava na casa, estava exatamente igual. Linda, organizada, sabe? Brilhando, com cuidado, com carinho. Era bonito de ver. Agora, entre tantas, sempre é o ruim que marca, né? Teve essa ingratidão aí que eu achei... Que me marcou, porque ingratidão é uma coisa que... Dizem, né? Que quem não tem gratidão não tem caráter, né?

NaTelinha - Queria falar de um programa que a gente já falou ao longo de conversa aqui e uma pergunta queria muito te fazer. Muito polêmica! É uma pergunta idiota, você me desculpe...

Vou dar uma resposta idiota mesmo! (risos)

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Vamos ver! (risos) Na época da Sessão Premiada, você assistia os filmes que passavam ou você ficava fazendo outra coisa?

Algumas eu assistia, eu gostava muito do Vidente. Gostava muito de O Vidente, assistia. E em outras, sabe o que eu fazia? Eu estudava italiano! (risos)

Eu queria aprender um idioma, então eu ficava lá estudando sozinho italiano. Ficava com o livro italiano, ficava estudando italiano, ficava lá. E muitas vezes, as pessoas não sabem, na Sessão Premiada, o merchandising tinha que ter o tempo exato. Então a gente ficava, às vezes, gravando o para dar o tempo certinho, certinho. Tinha merchandising ao vivo? Tinha merchandising ao vivo! Mas a gente ensaiava.

Tem uma história... Vou contar duas histórias da Sessão Premiada pra você. Eu ficava ensaiando o merchandising, mas séries eu via também, adorava O Vidente, tinha mais... Era o Superman, tinha.

NaTelinha - Smallville era muito boa, eu achava legal.

Tinha aquela Xena... E aí teve uma que o Silvio tirou do domingo, dava audiência.

NaTelinha - Não era Smallville?

Acho que era O Vidente, não lembro agora. Era uma série. Aí eu falei para ele, fui conversar com falei: 'Silvio, por que que tirou do ar? Tava tão bom'. Ele falou: 'Você não sabe, mas eu tô pagando tantos mil reais de multa toda vez que exibe'.

Aí comecei a entender... A gente não tem ideia do que acontece. Então ele pagava para a série estar no ar. Além de comprar a série, ele pagava a multa.

NaTelinha - Mas multa de quê?

Da classificação! Não era para aquela classificação.

NaTelinha - Provavelmente, talvez, tinha que ser exibida pelo menos após as 20 horas, né?

É, ele pagava a multa, pagava a multa. É, tem duas histórias. Primeiro que, você sabe quem que arrumava os números da Sessão Premiada?

NaTelinha - Você!

Ninguém sabia! No começo, virava, as câmeras abertas, virava, todo mundo via. Aí fui levar uma ideia pra ele. A ideia das palavra-chave. Eu que dei a ideia pra ele. Anota a palavra e tem um prêmio de 10 mil reais. Inclusive, eu queria fazer no Domingo Legal. Aparecer no meu balcão, aparece no break comercial no meu balcão, no final, a pessoa forma a frase e ganha uma grana. Como é ao vivo, dá pra fazer. Aí, ele gostou da ideia da palavra-chave, mandou fazer, e eu falei: 'Silvio, quero fazer mais uma coisa, se você me permitir'. Ele falou: 'Qual?'. Eu quero arrumar os números da Sessão Premiada, só eu vou saber. Ele falou 'tá bom'. Então, só eu arrumava. Então, entrava um pano preto, um painel preto, e eu trocava os números, eu sabia onde estava.

E um belo dia, eu não ajudava ninguém quase, mas um belo dia, fazia tempo que acho que não saía 10 mil, a moça escolheu o número 3. Eu falei, é o número 3, tem certeza? Pensa bem, pensa bem... E ela: 'Não! Vou mudar!'. É o número 6, falei: 'Você tem certeza? Pensa bem. Vamos dar o número 9. Vai no 9. Vai no 9'. Ganhou! Ele [Silvio] me ligou. Pensa num homem bravo! Meu Deus. 'Ô, Portiolli... Você não pode fazer isso'. 'Ele falou: 'Não, você não pode ajudar as pessoas... No game-show você não pode ver bonzinho nem mauzinho, tem que ser justo'.

'Porque se você der 10 mil reais aí, e você ajudar a pessoa, no meu programa que eu dou 1 milhão de reais, eu vou ficar na obrigação de ajudar a pessoa no meu programa e eu não ajudo. Então, aprenda isso. Você não está na igreja para você fazer bondade. Nunca mais ajude'. Então, eu já era muito sério no game-show, mas a partir daquele momento, eu sou... Não queira participar do Passa ou Repassa e querer roubar. Não queira! Porque se eu perceber que está roubando, eu tiro todos os pontos. Eu não admito. Eu fiquei pior que ele. Eu não admito coisa errada em game-show, em programa. Não admito, não admito. Não quero, não faço. Brigo. Eu aprendi. Eu já era assim, mas depois da puxada de orelha ainda. (risos)

NaTelinha - Foi só uma vez! Aprendeu bem, né?

Aprendi bem...

NaTelinha - Agora tenho que falar desse programa aqui porque todo mundo pede a volta dele há muito tempo [nas redes sociais]. Inclusive, eu já te entrevistei uma vez para falar sobre ele, que é Os Paranormais. Já teve para voltar?

Esse quadro tem um problema sério, né? Que é patrocínio, né? O SBT falou que era muito caro. Eu fui lá no Jassa [cabeleireiro] falar com ele. Falei: 'Silvio, tem um programa aí que eu quero fazer, Os Paranormais, eu vi, é muito bom mas acharam muito caro'. Ele falou: 'Eu vou ver, eu vou ver'. Daí ele mandou fazer. Eu sinto uma falta dele, porque ele me ajudava demais. Ele me ajudava muito. Tudo que eu falava com ele demorava às vezes, mas tinha solução. Tudo, tudo, tudo, tudo! Era incrível. E ele deixou fazer esse programa. Eu acho que a pena desse programa foi fazer a final ao vivo num Domingo Legal que mudava pouco o cenário. Pelo menos deveria ter envelopado o cenário pra deixar com a mais cara dos Paranormais. Mas a gravação dele era um negócio fantástico. E era um Celso diferente, né? Era uma entonação diferente que ele me ensinou.

Então era um negócio gostoso de fazer. Eu chegava em casa acabado. Aquilo me consumia, porque eu tava ali com gente recebendo espírito, gente usando magia, jogando búzios. Eu ficava focado em tudo. Então, toda aquela energia deles ali, eu tava com eles ali. Tava do lado deles ali. Era meia hora pra cada um. Eu achava o máximo, mas eu nunca perguntei pra nenhum deles nada. Nunca perguntei nada.

Mas acho que deveria voltar. Mas não de tarde. Tem que ser à noite. Deveria ser de sexta-feira às 11 da noite. O César Filho conduziria muito bem... Até um Carlos Nascimento... Já pensou?

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - A versão brasileira me prendeu mais que a versão americana...

Você sabe que eu queria trazer um cara, fazer um novo quadro do Domingo Legal? Ainda acho que dá pra fazer. Tem um cara, um paranormal que ele faz algo... Não vou falar o que é, senão as pessoas pegam ideia. Mas ele faz algo diferenciado, mas é um cara só. Mas o problema dele é o idioma. Ele não fala português, nem espanhol. Nem inglês acho que ele fala. É um paranormal diferenciado. Gravado, poderia até dublá-lo. Mas, ia ser demais.

NaTelinha - Mas o que ele faz?

Não posso falar porque entrega...

NaTelinha - Deve ser uma coisa bem...

Ele conversa com... Será que eu falo? Acho que eu posso falar...

NaTelinha - Meu Deus! Cuidado!

É... Ele... Ele conversa com... Ah, será que eu falo?

NaTelinha - Não sei... Será?

Não sei... Ele consegue tirar das pessoas algumas informações que as pessoas não querem falar.

NaTelinha - Mentalismo?

E aí você vê a comprovação disso através de um método lá. É bem legal. É uma coisa que é interessante. Pra televisão seria muito bom. Mas agora teria custo trazer de contratar o cara...

NaTelinha - Ele está em rede social? Ele é famosinho em rede social? Como é que você descobriu o cara?

Não, não é nada. Porque ele foi apresentado numa feira. Foi o próprio SBT que me mandou.

NaTelinha - Então traga o homem. Faz tempo já?

Faz tempo. Mas é muito legal. Eu gosto dessas coisas. 

Teve uma que eu fiz uma prova. Porque eu falei: 'Será que eles estão recebendo informação? Aí eu peguei e acertei com a produtora. Fui lá e ainda briguei com a moça. Falei: 'Eu vou fazer uma prova e vocês não vão ter acesso'. Só eu e uma produtora sabíamos da prova. Eu gravei o programa de trás pra frente. Eu gravei de trás pra frente pra poder ninguém saber daquela prova. Porque geralmente eles entravam, a gente montava a prova e quando eles chegaram no SBT, a prova estava montada.

Vocês vão ter que sentir e dizer quais fatos estão relacionados com essa pessoa...

NaTelinha - Ah, até sei quem é... Nadja Haddad!

Aí essa prova eu fiz só com a produtora. Aí os caras foram lá... Não é que os caras acertaram, rapaz? Até arrepia! Não é possível. Eles foram muito bem. Esse programa mudou a vida dos paranormais.

NaTelinha - E o PodC? Não volta?

Eu estou um pouco ausente das redes sociais. Eu parei um pouco de gravar rede social, parei de fazer podcast, não aceitei fazer alguns comerciais de televisão pra não aparecer muito, pra preservar a minha imagem. Porque eu sei que sete horas no ar não vai me desgastar, mas eu também não posso abusar. Então... Mas agora eu tô com saudade. Eu tô trazendo o pessoal de novo, já pesquisei o que fazer nas minhas redes sociais, porque eu saí na frente de todo mundo e acabei perdendo o 'time' por ser um só. Por querer fazer tudo sozinho. Por ser centralizador. Então o YouTube eu saí na frente, TikTok eu saí na frente, o Twitter fui o primeiro a ser verificado, Instagram saí na frente...

Mas chegou uma hora que falei de não ter mais condições de fazer essas coisas aí. E tem hora que cansa, sabia? Tem hora que cansa. Por exemplo, uma coisa que me cansa do Instagram, que me cansou, porque era muito humor que eu fazia. Muita coisa engraçada, beirando o ridículo, mas eu achava bom. Mas eu cansei de fazer. Eu tô descansando.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - O podcast, a mesma coisa?

O podcast foi falta de tempo mesmo. Mas eu não quero parar com o meu podcast. Eu tenho um sobrinho que é muito bom, que é o Leonardo Portiolli, não sei se você conhece ele, conhece ou não? Já foi apresentador da TV Globo do Paraná.

NaTelinha - Conheço, sim.

Fazia programa ao vivo lá, o cara é bom pra caramba. Formado em marketing, faz stand-up comedy, é muito engraçado, divertido, tem a voz bonita, é bonito. É um cara que, na televisão nacional, daria pé pra caramba. Ele é muito bom. Não quer fazer por enquanto. Mas o podcast, eu falei com ele, ele disse que ele topa fazer comigo. Ele faz um pouco comigo, daí quando eu não puder gravar, ele faz, então. Mas pra você ter uma ideia, sabe aquele meu cenário? Aquilo era um cenário, porque o primeiro a fazer talk-show no YouTube, com cenário, fui eu, você lembra disso?

NaTelinha - É verdade. Eu lembro disso, sim.

Aí veio a pandemia, eu não fui pra frente porque senão estaria na frente também.

Aí depois, aquele cenário que eu mandei fazer, que eu paguei caro naquele cenário, semana passada eu mandei quebrar tudo. Eu mandei quebrar, porque não tinha como tirar, ele foi montado lá, tem que desmontar. Não 'quebrar, quebrar'. É desmontar, aí muita coisa descarta, o que dá pra aproveitar fica, guarda, mas ele foi desmontado. Muita parte, algumas partes foram jogadas fora, foi doado pra alguém fazer alguma coisa. Mas o meu estúdio agora tá sem cenário. Se você falar assim, tem que gravar o podcast, eu vou gravar no estúdio da minha filha. Porque eu montei um podcast pra ela.

NaTelinha - Poderia virar um quadro no Domingo Legal? Entrevista dá certo na televisão. Claro que teria que editar, ficar um pouco mais dinâmico...

Entrevista eu já tenho com o meu povo ali no sofá do Comprar É Bom Levar É Melhor.

NaTelinha - O Troféu Imprensa, tenho que te perguntar também... Foi uma edição histórica. Esse programa eu duvido que você um dia pensou que ia apresentar ele...

Eu falei inclusive no Troféu Imprensa, eu falei que dois programas que eu nunca imaginei apresentar na vida: Show do Milhão e Troféu Imprensa. Nunca imaginei. Até agora não caiu a ficha. E quer saber? Foi legal. Foi legal. Eu fiz com a Patrícia, a Patrícia é uma graça, é um amor comigo. Eu e a Patrícia, a gente tem uma ligação muito forte.

A Patrícia gosta de estar comigo no palco, eu gosto de estar no palco com a Patrícia. Ela se sente mais tranquila comigo no palco, eu dou alguns toques pra ela, não de animação, de apresentação, mas de áudio. Eu falo alguma coisinha de áudio pra ela, de retorno, porque é uma coisa que eu sou muito ligado, enfim... E foi. Nunca imaginei, cara, nunca imaginei. Foi muito bom, foi muito bom.

NaTelinha - Em 2026 você volta?

Não sei se eles vão me chamar de novo. De verdade. É como se fosse um freela que eu fiz. 'Vem aqui fazer? Vou!'. Fiquei surpreso no começo um pouquinho. Só por um detalhe que eu fiquei nervoso: ter que ler TP. Ele engessa. Eu não gosto. Meu negócio é animador. A vida inteira eu fiz sem TP. Eu fazia sem TP, sem ponto e só com dália. A vida inteira eu fiz assim, pra treinar. Hoje eu tô mais tranquilão, né? Mas eu prefiro fazer sem. E pra Patrícia também, por quê? Fica muito duro. Se brifar, Patrícia, e me brifar, a gente faz sem TP. A gente faz. Sem dúvida. Qual que foi a primeira coisa que eu falei pros dois diretores? O Fabiano e o Jefferson, que são muito competentes. Falei: 'Olha, a gente vai fazer o ensaio primeiro. Existe uma mecânica? É assim, assim, assim, assim? Tem. Qual que é a mecânica? Anuncia a categoria, entra a vinheta. Chama o VT dos indicados e depois vai pra votação dos jurados. Após a votação dos jurados, chama, revela a votação do Troféu Internet. Ah, então a mecânica é essa'. Já tô com a mecânica na cabeça. O resto é só me falar que, isso, isso, isso, eu vou fazer e ela vai fazer, entendeu? Só que fica muito texto, porque, às vezes, o texto do redator dela não é o texto que encaixa no meu. Então, por exemplo, os meus redatores, eles fazem texto pra mim. Eles sabem muito bem que eu não gosto de falar nada corretamente.

Nós o colocamos para! Não... A gente colocou. O meu negócio é a gente colocou. A gente colocou é linguajar popular. Eu não gosto de nada rebuscado. Então, o linguajar do texto estava tudo dos redatores dela. Então, já é mais difícil pra mim, mais difícil pra ela também, etc. Mas, caramba, foi muito legal. Eu achei muito legal. Eu achei que, no meio, eu comecei... No meio, eu comecei a me soltar, comecei a brincar. Eu falei, isso aqui é muito bom.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Que venha o Troféu Imprensa 2026...

Que venha, tomara. Se eles me convidarem, vai ser uma honra fazer. Porque eu achei divertido. E outra coisa. Teve muita inovação nesse Troféu Imprensa. Eu acho que ano que vem, gravando esse, eles vão ajustar mais ainda. Vão ajustar. Agora, não se compara. Esquece. Não se compara ao Troféu Imprensa com o Silvio Santos.

NaTelinha - Mas não dá para comparar, né? Não tem como.

Quando entrava os VTs do Silvio... Fazendo... Meu Deus do céu, é um negócio muito fora da curva. E eu fiquei ligado nos VTs... Porque cada VT, quanto mais antigo, mais animado ele estava. Até de preto e branco lá estava numa energia... Aí no final estava mais tranquilo. O timing dele nesse programa era um negócio fora do comum. Muito bom.

NaTelinha - Qual que você acha que foi o auge do Silvio, Celso? Como animador de auditório. Você que é um cara que estuda muito e tem ele como fã? Teve algum período específico? Se bem que o auge dele durou muito tempo, né? (risos)

Eu acho que o auge dele foi quando ele começou até quando ele terminou. (risos)

NaTelinha - Foi só esse recortezinho pequenininho aí...

O Silvio nunca foi ruim. O Silvio nunca foi ruim. Nunca foi ruim. Ele parece que nasceu pronto. Mas era muito dedicado, né? O Silvio, ele se assistia. Eu faço isso também. O Silvio, ele se assistia pra ver se ele estava chato. Se ele estava falando alto. Se ele estava gritando. Você sabe como que eu assisto meus programas? Molecada que está começando aí... Eu boto só o áudio. E escuto. Aí eu volto o vídeo e tiro o áudio, ficando só a imagem. Fico olhando a postura, gestos, tudo.

Não é sorte. É treino. Nunca deixei de falar no microfone um dia. O Silvio Santos, o tanto que ele trabalhou... Treinou a vida toda. Tudo. Tudo. Técnica, olhar, colocação de voz, animação, timing. Tudo. Tudo. É treino, Qualquer um pode melhorar. Qualquer um pode melhorar. É só amar aquilo que você faz e treinar. Treinar. Treinar.

O que é um domingo atrás do outro? É repetição, treino.

NaTelinha - Agora me conta como você está de saúde. Está zerado? Quais cuidados você tá tomando? Como está o fôlego?

Meu fôlego está bom. Eu tive... As pessoas não sabem, mas no final do ano passado eu sofri bastante. Minha saúde está ótima. Relacionado ao CA da bexiga que eu tive, está ótimo. Eu faço exame a cada três meses. Agora o médico já passou para seis meses. Então... São exames chatos, mas eu faço. Eu sou muito 'caxias' para isso. Então está tudo ótimo. Está perfeito. Eu quero esperar passar os cinco anos... Porque são cinco anos para dar remissão, né? Três anos e meio. Estou muito feliz com isso. Mas no final do ano passado... Cara, eu tive um final do ano bem complicado. Eu tive uma hérnia de... Você lembra quando eu caí no Teleton?

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Lembro.

Olha a imagem depois. Eu bati o braço e caí de lado. E tentei me segurar. Quando eu caí na água, eu falei assim para o pessoal: 'A água está fria. Eu estou com frio, estou com frio'. Devo ter falado no ar que a 'água está gelada', mas a água não estava gelada. Tudo bem. Saí dali. Fui viajar. Fui alugar uma casa. Meus amigos e eu... Aí eu comecei a acordar com dor nas costas. Aí foi pra perna. Fiquei três dias lá. Voltei. Uma dor no aeroporto, uma dor na perna.

Fui gravar e a dor foi piorando. Cara, me deu uma hérnia. Eu tive uma hérnia de disco. Eu fiquei 14 dias gravando, gemendo.

NaTelinha - Que jeito que grava assim?

Eu fiquei inválido. Eu gemia de dor. Parava. Aí tomava. Aí eu fiz Domingo Legal ao vivo com dor.

NaTelinha - A gente não percebeu...

É, então. Eu ia para o break. A produção viu. Eu gemendo de não aguentar mais até que eu tive que fazer uma infiltração. Fiz ressonância. Fiz infiltração. Demorei 14 dias para poder fazer. Fiz muita massagem. Fiz muita acupuntura. Fiz tudo e o negócio só foi piorando. O negócio foi piorando. E eu não aguentava mais. Eu chorava de dor. Nesses exames que eu fiz, junto a hérnia com o exame que eu tinha que fazer do meu check-up. Eu também fiz o exame muito chato. (risos)

E aí eu fiquei mais uns dias sofrendo ainda. O final do ano para mim foi extremamente estressante. Eu sofri 14 dias com muita dor de hérnia. Depois eu sofri alguns dias com uma dor também bem ruim. Por causa de um exame que eu fiz. Mas eu não deixei de fazer e não deixei de animar, cara. Eu segui até o final e falei 'não vou parar'. Sou tinhoso. E ninguém percebeu nada, né?

NaTelinha - Ninguém percebeu nada.

Tava tudo lindo, tudo bonito. E foi isso. Então, o final do ano para mim foi bem complicado. Mas minha saúde está ótima. A saúde está ótima. Me cuido muito. Os médicos estão felizes com tudo que está acontecendo. E muito grato a Deus.

E tem uma coisa que eu quero aproveitar e agradecer. Eu quero agradecer as orações do Brasil, porque todo lugar que eu vou... As pessoas oraram por mim e continuam orando por mim. Então, acho que parte... 99,9999% ou 100%, por que não fizer isso? Por que não dizer isso? Porque Deus se manifesta através dos médicos, né? E dá sabedoria aos médicos. Mas as orações, cara. Têm me blindado. E me ajudado muito. Então, você que orou por mim em qualquer lugar do Brasil. Ou fora do Brasil, né? Muito obrigado. E toda vez que eu encontro uma pessoa que põe a mão no meu rosto e fala: 'Meu filho, eu oro por você...'. É um negócio que eu sou muito grato.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

NaTelinha - Você mexe com a emoção das pessoas. E isso se vê refletido em correntes de oração quando você teve aquele problema...

É um carinho muito forte.

NaTelinha - E você tem noção do que representa?

Não tenho. Quando pergunto porque o programa faz sucesso? Porque as pessoas gostam. Eu me assisto e vejo um monte de defeito, tem dia que não consigo me ouvir. Minha voz tá ruim, entonei tudo errado, tô gritando, não tem melodia, e as pessoas assistindo. Vai que vai... Eu não entendo porque.

NaTelinha - Você não entende? Ele não entende, gente. Vamos explicar pra ele...

De verdade, eu não entendo não. Porque eu sempre fiz televisão e rádio e não foi pensando em ser famoso, não foi pensando em ganhar grana. Eu fiz porque eu amo isso. Amo comunicação microfone, eu me transformo quando pego microfone na mão. O Silvio perguntava pra mim. 'Você quando entra no palco, esquece da dor e problemas?'. 'Esqueço'. Ele falou que era tímido. E eu também. Mas quando a gente tá no palco parece que desce alguma coisa. É exatamente isso. Eu esqueço do mundo e é o melhor momento falando profissionalmente, porque pessoalmente é estar com a minha família aqui. É algo mágico. Eu faço por amor. Eu não aguentaria ficar muito tempo sem, não.

NaTelinha - Muito bom falar com você sobre televisão, mercado, formato. Acho que o pessoal vai gostar de ver você falando sobre algumas coisas que eu não vi você falando... É um conteúdo rico pra quem gosta de televisão e admira seu trabalho.

Obrigado. É paciência para quem gosta e fica cobrando 'tem que fazer aquilo'. Eu sempre digo que um domingo apaga o outro. Você pode ter um domingo ruim, o próximo domingo se for bem já apagou aquele e você tem domingo bom, outro vai ser ruim, aquele já apagou aquele... Então eu não gosto muito de engenheiro de obra pronta.

Um dia que eu fui mal, perdeu ali um pedaço... 'Perdeu, acabou! Não presta! Não presta, acabou, já era'. Foi bem: 'Meu Deus, é muito bom!'. Calma, calma... faz 30 anos que eu tô nessa. 40 anos de comunicação, faz 30 e poucos anos que eu tô trabalhando nisso aí. Então tem que ter calma. Não tem que se desesperar.

NaTelinha - Quando as pessoas começaram a torcer por audiência na internet? 'Perdeu, ganhou!'. Parece futebol, essa euforia...

(risos) Eu falo! Deixa a gente sofrer! O que vocês ficam sofrendo? Pra quê sofrer com isso? Briga sbtista, recordista, global... E o pau torando no X. Pra quê? Aí domingo que vem muda tudo...

Porque televisão, a estratégia, quando muda o assunto, por melhor que seja, cai a audiência. Não tem acordo. Mudou o assunto, a audiência cai. Se você quiser dar audiência na televisão faça aí um programa de três horas sem intervalos comerciais e com o mesmo assunto. Resolvido. Não pode ser imediatista. Se eu fosse imediatista, tinha parado. Faz 30 anos que eu tô na luta e tantos percalços, tantos obstáculos, tantas dificuldades que eu tive, eu sempre fui otimista, então tem que ser otimista e tem que ter paciência. Dar tempo ao tempo. E não é tempo da gente. É o tempo de Deus.

Se tem uma pessoa que joga xadrez melhor que a gente, é Ele. E o xeque-mate sempre vem dele. Então, é simples. É no tempo de Deus.

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