Para economizar? Record recorre a mais uma produtora para tocar suas novelas e séries
Prejuízo financeiro de mais de 500 milhões de reais em 2022 tem motivado ações do canal

Publicado em 12/12/2023 às 18:30,
atualizado em 13/12/2023 às 10:02
Inaugurado em março de 2005, quando a Record ainda alimentava o sonho de tirar a liderança de audiência da Globo e alardeava dispor de estúdios à altura do Projac (hoje Estúdios Globo), o antigo RecNov está passando por mais uma mudança.
Arrendado desde novembro de 2015 e rebatizado de Casablanca Estúdios, o complexo de estúdios tem servido para as produções de dramaturgia da própria Record, e além de séries e novelas abriga o jornalismo da Record Rio.
Agora, uma nova mudança entrou em vigor. A Record entregou à produtora Místika a pós-produção de sua dramaturgia, retirando-a da responsabilidade da Casablanca, que responderá pela parte de operações, efeitos especiais, computação gráfica e produção virtual. Místika e Casablanca atuam em conjunto com a Seriella, produtora que tem a Igreja Universal do Reino de Deus como sócia e familiares do bispo Edir Macedo como seus administradores.
O NaTelinha apurou que a medida visa economizar nos custos de produção das novelas e séries da Record, mas a emissora nega que seja esse o motivo. Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do canal enviou a seguinte nota: "A decisão de termos mais uma produtora especializada em pós-produção e efeitos visuais, se dá devido ao nosso aumento de produção para 2024, temos 6 produtos em planejamento de produção, e a necessidade de termos empresas com know-how dentro dos padrões que estabelecemos. A Místika e a Casablanca são as melhores do Brasil no segmento, por isso, decidimos trazê-la para nossos projetos".
Entregar a dramaturgia para produtoras tocarem a fim de economizar não é um fato isolado na Record. Realities como A Fazenda e Canta Comigo são de responsabilidade de produtoras independentes, como a TeleImage e a Endemol Shine.
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Record economiza em todas as áreas para equilibrar as contas
O Grupo Record fechou 2022 com um prejuízo de mais de meio bilhão de reais (R$ 547,9 milhões), conforme noticiou o NaTelinha com exclusividade em maio deste ano. Foi a primeira vez que a operação da emissora atingiu prejuízo nos últimos três anos.
Em 2021, o canal teve lucro de R$ 130,503 milhões; em 2020, de R$ 143,678 milhões; e em 2019, de R$ 50,4 milhões. O prejuízo de 2022 ocorreu mesmo com um aporte não especificado de R$ 3,1 bilhões que foi descrito no balanço como "operações de intermediações financeiras".
Em meio à política de redução de custos, a Record também tem seguido o caminho de outras emissoras, como Globo, Band e CNN Brasil, e demitido profissionais do jornalismo mais antigos, em razão dos altos salários.
Do atual casting, nomes como César Filho, Ana Hickmann, Rodrigo Faro, Luiz Bacci e Reinaldo Gottino estão em negociação para a redução dos seus salários, assunto que tem provocado rumores nos bastidores. César, inclusive, é um dos que não devem aceitar as novas condições e deixar o canal.