Cortes da Globo chegarão aos autores de novelas até 2024
Os escritores também serão enquadrados no novo modelo de trabalho da emissora
Publicado em 14/10/2022 às 04:00
Novos e veteranos autores da Globo estão em alerta aguardando o destino dos seus contratos após o vencimento do atual vínculo. O NaTelinha apurou que o canal tem a projeção de que, até 2024, a maior parte de seus escritores já estejam enquadrados na prestação de serviço por obra aprovada, inclusive os medalhões, funcionários da emissora de longa data.
A mudança no modelo de trabalho da Globo segue uma tendência do mercado internacional e de plataformas como Netflix, Prime Video e HBO Max, além de ser uma estratégia para enxugar custos. A nova política de contratação já vem batendo na porta de muitos atores, que tiveram exclusividade com a emissora durante décadas e agora serão remunerados apenas quando fecharem algum trabalho. O último a encerrar seu vínculo empregatício com o canal foi Osmar Prado, que estava no ar até o último dia 7, como o Velho do Rio em Pantanal.
A ideia da Globo é de ter um número cada vez menor de contratos fixos e a exclusividade, que antes era regra, já se tornou exceção na emissora. De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, quando o autor tiver sua sinopse aceita, ele será obrigado a entregar todos os capítulos da novela. Porém, ainda não está claro como serão feitos os ajustes durante a exibição do produto, já que quase todos os folhetins são obras abertas.
Antes, quando um novelista fechava contratos longos, a maioria de quatro anos, ele concordava com a promessa de entregar um certo número de sinopses durante aquele período. Porém, muitas vezes as ideias não eram aprovadas, então acontecia, por exemplo, de um escritor entregar apenas uma trama em todo aquele espaço. E é isso que o canal quer evitar, enquadrando seus talentos no novo sistema conforme os vínculos forem vencendo.
Em março, o NaTelinha já havia apurado que, ainda que apresentem um projeto e este seja aprovado, o novo patamar dos salários dos autores não chega nem perto da quantia milionária com a qual eles estavam acostumados. Se, há três anos, uma trama das nove poderia render até R$ 3 milhões por mês ao escritor, atualmente o salário para esse ofício não passa de R$ 400 mil, segundo fontes ouvidas pela reportagem.
Estima-se que autores que recebiam cerca de R$ 1 milhão por mês com um folhetim no ar, vejam esse valor ser reduzido em até cinco vezes. Em 2020, grandes nomes como Aguinaldo Silva e Silvio de Abreu deixaram a emissora carioca. Por enquanto, veteranos como Glória Perez, João Emanuel Carneiro e Walcyr Carrasco, por exemplo, permanecem como funcionários da Globo e cumprem o antigo modelo de trabalho, mas a projeção é de que a nova política também se torne uma realidade para eles nos próximos anos.
O que diz a Globo
Procurada pelo NaTelinha, a Globo afirmou que ainda trabalha com a possibilidade de ter contratos longos, mas que o vínculo depende do planejamento da obra. O canal admitiu que tem ajustado sua política de trabalho às dinâmicas do mercado e ainda disse que a flexibilidade é algo vantajoso tanto para a empresa quanto para os talentos, pois enriquece a relação entre as partes. Confira:
"Entendemos que isso é bom para a Globo, para o mercado e também para os profissionais, pois é uma dinâmica que permite mais liberdade e flexibilidade a todos. E flexibilidade significa oportunidade de experimentar, de testar, de inovar e de desenvolver, novos formatos, novas linguagens, novas narrativas, novas soluções. Acreditamos que isso enriquece a nossa relação com os talentos e fomenta ainda mais o mercado audiovisual brasileiro."
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